A minha história com motos começou em 1994, quando, morando em Joinville, decidi vender o direito de adquirir um apartamento que havia começado a pagar e, com o recurso recebido, comprei uma linda motocicleta Honda Sahara NX 350 cor azul, zero km - antes mesmo de saber pilotar ou de ter carteira de habilitação. Aproveitei as três ou quatro semanas que a loja precisou pra ter a moto pronta pra entrega pra providenciar esses detalhes.
Alguns meses depois eu teria férias e aproveitei pra pensar numa viagem que me permitisse conhecer meu novo equipamento. Imaginei ir visitar meus pais, que moravam em Brasília, percorrendo apenas estradas secundárias. Comentando sobre a ideia com o amigo Álvaro, companheiro de caserna à época, ele prontamente aderiu à proposta. O único problema era que ele não tinha nem nunca tinha tido moto. Isso também não foi problema... Em questão de semanas pesquisamos e achamos uma moto pra ele, uma Honda XLX 350, irmã mais velha da Sahara.
Saímos de Joinville em meados de janeiro de 95, em direção a São Francisco do Sul. De lá pegamos um ferry boat pra Pontal, de onde seguimos pra Itapoá e fomos parar em Morretes, no Paraná, seguindo por estradas de terra à beira mar. De Morretes passamos por Curitiba, Registro, Peruíbe e fomos dormir no Guarujá/SP. Seguimos depois pra Ilha Bela, onde passamos dois dias conhecendo os encantos do belo lugar, com direito a um ousado passeio à praia de Castelhanos, do outro lado da ilha. Retornamos à cênica Rio-Santos sentido norte até Paraty, onde pegamos uma estradinha de terra que mais parceia uma trilha, subindo a Serra do Mar em direção a Cunha, Guaratinguetá e Resende.
Passamos uma noite acampados nas imediações do Parque Nacional do Itatiaia e enveredamos pelo interior de Minas Gerais até São Tomé das Letras, onde comemos muita poeira nas intermináveis estradas de terra e pedra da região. De São Tomé fomos seguindo pelo interiorzão de Minas até bater na Rodovia Anhanguera na altura de Orlândia, onde achamos que a brincadeira de andar por estradas secundárias estava de bom tamanho, e seguimos no rumo de Brasília pela conhecida BR 050.
Como a moto do Álvaro não era exatamente nova, tivemos vários contra tempos, dentre os quais uma série desafiadora de furos de pneus, inclusive no meio do nada, nas áridas estradas de terra do interior de Minas, até resolvermos comprar um pneu novo em Três Corações e nos poupar de mais perrengues.
A subida de Paraty pra Cunha também foi memorável. A estradinha era pedreira, muito íngreme, cheia de buracos e pedras, e no meio do nada. Lembro que se parássemos de acelerar certamente cairíamos, e não haveria como retomar a subida. Em outros trechos chegamos a desequilibrar as motos algumas vezes, e levamos alguns sustos com alguns pequenos tombos.
De Brasília o Álvaro retornou a Joinville de ônibus, e depois mandei a moto dele de caminhão. Eu voltei rodando uma semana depois, por caminhos convencionais.
Em Peruíbe, no segundo dia de viagem |
Em Guarujá, no terceiro dia |
Na Praia de Castelhanos, na Ilha Bela, onde só jipes (e motociclistas desavisados) chegavam |
Na estrada que sobe para o Pico Agulhas Negras, na parte alta do Parque Nacional do Itatiaia |
Nas estradas de terra no interiorzão de Minas Gerais |
São Tomé das Letras, em Minas - terra de muitas histórias e jeito de fim de mundo |
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