Tiger 900 Rally Pro

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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Viagem de bicicleta de Bom Jardim da Serra a Gramado (296 km/ 4 dias) – SC e RS - 04 a 07 Jul 2015






De Bom Jardim da Serra a Gramado de bicicleta

Uma viagem de quatro amigos por trezentos quilômetros, em quatro dias,
 pela região mais fria do Brasil, na época mais fria do ano.

                Há alguns meses, sentados à mesa de um barzinho ali mesmo nas imediações de Bom Jardim da Serra, ocasião em que subimos a Serra do Rio do Rastro pedalando, comentei despretensiosamente sobre um tal caminho de terra que ligava as cidades de Bom Jardim e Gramado, através do belo interior das famosas Serras Catarinense e Gaúcha. Por algum motivo misterioso que nunca seremos capazes de entender completamente, a ideia vingou (bem, a rigor, a maior parte da “culpa” por isso talvez seja do Max), e agora estávamos ali (no dia 4 de Julho de 2015), no alpendre da pousada em Bom Jardim, fazendo os últimos ajustes nas bicicletas pra partir para a tal viagem.
           Afortunadamente, dessa vez sob um céu maravilhosamente azul. Estávamos animados feito crianças. Nem o frio de três graus (marcado no termômetro de mercúrio pendurado na pilastra do alpendre) foi capaz de nos meter medo.

     






          Depois de muitos convites lançados ao círculo de amigos, muitas dúvidas a respeito do planejamento e alguns contratempos, ali estávamos os quatro remanescentes: Alex, quarenta e três anos, alegremente montado numa mountain bike Niner de quadro de carbono, baiano de Salvador, vindo da terra de Dorival Caymmi especialmente para a ocasião; Guilherme Gardelin, quarenta e sete, estreando sua Specialized Diverge, representando o nobre estado de São Paulo; Max, curitibano convicto, quarenta e seis, pilotando a bela Santa Cruz Stigmata cor laranja, bike híbrida que seria testada em toda sua capacidade na brincadeira que estava por vir; e eu, quase quarenta e sete, com a minha fiel Stumpjumper pronta pra festa.
                Dessa vez montamos um esquema que nos permitiria aproveitar nossas bikes livres de bagageiro e tralha e ainda desfrutar da tranquilidade de dispor de uma boa diversidade de itens de vestuário (essencial numa região de clima instável e intenso como essa) – seríamos acompanhados por um carro de apoio, a Van do Max, que seria dirigida pelo quinto membro da equipe, o Seu Vitorli, que também era o dono da pousada em que montamos nosso QG em Bom Jardim. Além de tudo, a postura tranquila e serena do Seu Vitorli se encaixou quase como uma figura paterna levando quatro moleques pra passear de bicicleta.








              Saímos já meio tarde, às onze e meia da manhã, por conta de algumas turbulências de última hora (os artífices do esquecimento elegeram o Max pra esquecer nada menos que sua mala inteira em Curitiba, o que demandou uma manobra logística que consumiu alguns quilômetros de estrada na madrugada e algumas horas de atraso no nosso planejamento inicial). O objetivo do dia era um tanto ousado: pretendíamos pedalar cerca de 100 km até São José dos Ausentes, local do nosso primeiro pernoite.
                Da pousada até a cidadezinha de Bom Jardim propriamente dita foi um trecho rápido e fácil, seguindo pelo asfalto da SC 390. Logo em seguida, seguindo a direção indicada nas placas como “Rota dos Cânions”, fomos presenteados com uma serrinha, ainda asfaltada, que serviu pra espantar de vez o frio e nos chamar de volta à realidade – a brincadeira seria divertida, mas não fácil. 































          Pouco depois o asfalto acabou e entramos na estrada de terra (na verdade, terra e pedra). O cenário não poderia ser mais bucólico e encantador. Céu azul, vento frio, o barulhinho dos pneus na terra e a cabeça nas nuvens.








                Chegamos então a um ponto em que havia uma bifurcação, na qual o caminho da esquerda levava a uma região mais isolada e, segundo informações, mais bonita. Mas a estrada por ali seria muito mais acidentada e com trechos de difícil passagem para veículos normais, o que recomendava que não metêssemos a Van naquela enrascada. Decidimos então que seguiríamos pelo caminho mais cênico sozinhos, e a Van nos encontraria cerca de 30 km depois, quando os dois caminhos voltariam a se encontrar.

























                A etapa que se seguiu realmente valeu o dia. Passamos por regiões belíssimas e completamente isoladas de qualquer movimento. Não encontramos rigorosamente ninguém pelo caminho. Morros, araucárias, rios cristalinos, pássaros voando em sincronia e um traçado cinematográfico da estradinha nos transportaram para um mundo de sonhos. Esquecemo-nos do tempo, da distância, da vida... Mas junto com esse cenário idílico havia incontáveis subidas íngremes e nem sempre curtas, que foram exigindo esforço físico crescente e nos impondo uma velocidade média decrescente. Quando voltamos a encontrar a Van com o Seu Vitorli já preocupado com os seus meninos que não apareciam, demos uma olhada no relógio e levamos um susto, pois já era quatro e meia da tarde e havíamos percorrido, no total, pouco mais de cinquenta quilômetros.

























































                O Alex e o Gardelin acharam melhor encerrar os trabalhos do dia por ali mesmo. 












O Max e eu decidimos ir tocando até o final da luz do dia, que não tardaria a chegar. De volta então à estrada principal, a pedalada rendeu bem, embalada pelo vento a favor e pelo frio contra. Às seis horas em ponto chegávamos a um povoado chamado Silveira, já quase completamente escuro e sem sentir as pontas dos dedos devido ao frio intenso, resolvemos tirar nosso time de campo. Embarcamos na Van e nos dirigimos ao nosso destino do dia, uma pousada nas imediações da cidade de São José dos Ausentes, cerca de trinta quilômetros à frente.
           Banho quente, comida caseira bem feita e um ambiente acolhedor repuseram nosso ânimo rapidamente. Dormimos como crianças, embalados pelas belas lembranças visuais do dia e pela expectativa do que estaria por vir pela frente.
                Refeitos do impacto do primeiro dia, acordamos sob um céu cinzento e um tempo muito frio. Resolvemos voltar ao ponto em que havíamos encerrado a pedalada no dia anterior, apesar de que o caminho nos traria de volta ao local onde nos encontrávamos. Mas a proposta era fazer o percurso todo entre Bom Jardim e Gramado pedalando, então honramos nosso compromisso e retornamos, de Van, ao povoado de Silveira, onde reiniciamos a viagem.









                Mais adaptados ao contexto, voltamos aos pedais com força total, apesar do frio um tanto assustador naquela deserta manhã de domingo num povoadozinho no meio da Serra Gaúcha. O trecho rendeu bem. A estrada seguia com muitas pedras e constantes subidas e descidas, mas o visual ao redor compensava o esforço exigido. E o tempo foi abrindo aos poucos, alimentando nosso ânimo, sempre um pouco atrelado às condições ambientais disponíveis.







                Por volta do meio dia passamos de volta na pousada em que havíamos pernoitado, e lembramo-nos que nos faltou a perspicácia pra combinar o almoço (que estava incluído na diária) para esse momento... Seguimos então sem almoço mesmo, alimentados pelo estímulo de vencer cada subida, de descobrir a paisagem depois de cada curva, de saber o que viria depois de cada trecho.
                O Alex estava enfrentando problemas com o pneu dianteiro da sua bike, que insistia em esvaziar repetidamente, apesar de estar equipado com um líquido anti-furo que era pra sanar esses problemas automaticamente. Paramos num posto em São José dos Ausentes pra resolver de vez o problema, e concluiu-se, após muito pensar, que o tal líquido havia perdido sua eficácia devido ao frio intenso, já que quando o pneu foi desmontado já quase não havia o tal selante no seu interior. Reverteu-se para a velha e boa câmara de ar e seguimos o baile.

















                Após uma longa subida alcançamos novamente o asfalto, alguns quilômetros antes de chegar a Cambará do Sul, nosso destino naquele dia. Então combinaram-se alguns fatores que fizeram desse trecho uma delícia de pedalar: a sensação de estar chegando, uma calma tarde ensolarada (e fria) de domingo, vento a favor, estrada boa e sem movimento. Quase inacreditável.










               Chegamos a Cambará do Sul embriagados de satisfação, mas varados de fome. Paramos na primeira padaria que vimos e nos vingamos com uma rodada de pães de queijo, folheados, bolos e outros itens afins que estavam lá só nos esperando para aquele momento sublime. Recolhemo-nos então ao nosso hotel e fomos curtir nossa dor nas pernas com calma.
             O dia seguinte amanheceu de forma verdadeiramente espetacular. À frente do hotel havia um lago, ao longo do qual uma fileira de montanhas emoldurava o horizonte. O sol nasceu por trás desse cenário digno de capa de revista, brindado por um céu absolutamente limpo e colorido pelas belas cores da aurora. Tudo isso envolvido por um silêncio emocionante, sem resquícios de barulho de carros ou civilização por perto.
               Após um belo café da manhã, alinhamo-nos à frente da Igreja Matriz para a partida. O dia estava tão bonito que quase não nos lembrávamos de que, apesar de tudo, tínhamos que fazer força (física) pra seguir com nossa brincadeira. O trecho seguinte novamente nos exigiu dispensar a Van, em função das condições difíceis da estrada (na verdade, descobriríamos que as condições eram mesmo impossíveis para qualquer veículo). Combinamos de nos encontrar num ponto à frente e seguimos independentes.












                O caminho foi enveredando por regiões cada vez mais isoladas e bucólicas. Em determinado momento vimo-nos passando por dentro do curral de uma fazenda abandonada, e só não tivemos dúvidas quanto ao caminho porque as distâncias e indicações do nosso guia conferiam exatamente com o terreno.



















































Mais à frente chegamos a um rio que o guia indicava como uma travessia de oitenta metros por dentro do curso d’água. Era um belo cenário. Verificamos que, apesar da extensão, era bem raso, e que talvez fosse possível passar pedalando. Ou não... O Max tomou a frente e resolveu não arriscar. Catou a Stigmata no colo, tirou as sapatilhas, arregaçou as calças e lançou-se à travessia em calmos e cautelosos passos. Eu resolvi arriscar uma travessia embarcado, que quase deu certo, mas já perto do final um buraco escondido me fez perder o equilíbrio e ter que usar meus superpoderes malabarísticos pra cair de pé, apenas molhando os pés. O próximo foi o Alex, que também decidiu tentar atravessar pedalando. Estava indo muito bem, já comemorando a façanha, quando a três metros do final leva um belo tombo, pra alegria da galera em volta, que não sabia se se preocupava com ele ou se morria de rir da divertida situação. O Gardelin também tentou seguir montado na montaria, mas foi ejetado logo no começo e prosseguiu ao passo, conformado como todos os demais.




























A brincadeira rendeu boas fotos e muitas risadas. Prosseguimos pelo caminho que, a essa altura, era quase um single track, até encontrar, pouco mais à frente, outra travessia de rio, dessa vez com o dobro da distância e com uma correnteza que não estimulava risadas prévias. Dessa vez não havia como arriscar, pegamos todos nossas bikes ao braço e atravessamos sem estripulias.




























Chegamos à outra margem dentro de um camping com algumas barracas montadas, cadeiras em volta, coisas sobre as mesas, mas absolutamente ninguém. Chegou a dar uma sensação de suspense. O nosso guia explicava que o espaço só funcionava no verão, mas mesmo assim era um tanto esquisito o cenário.
Prosseguimos por caminhos desertos de gente até encontrar, alguns quilômetros e subidas à frente, uma estrada asfaltada que nos levou, em alguns quilômetros mais, ao nosso ponto de encontro com a Van e o seu Vitorli. Aproveitamos uma lanchonete próxima pra fazer um rápido lanche e espantar a fome que já começava a fustigar, e retornamos aos pedais.
A estrada de terra que se seguiu começou bem, lisinha e sem muitas pedras, mas depois foi se deteriorando e exigindo cada vez mais das bikes e dos “mosqueteiros”. Para as mountain bikes minha e do Alex não havia problemas. Pra essas máquinas não existe terreno ruim. Mas o Max e o Gardelin, por estarem usando bicicletas híbridas (na verdade, bem mais on do que off road), sentiam mais as imperfeições da estrada e tinham que tomar mais cuidado com pedras, buracos e outros obstáculos.








Chegamos a São Francisco de Paula no meio da tarde, satisfeitos com o progresso do dia, mas já um tanto preocupados com a cara do tempo, que mudou visivelmente desde o começo da manhã, trazendo um céu encoberto e vento típico de chuva. Achamos nossa pousada e fomos descansar nossas canelas, porque ainda tinha chão pela frente.











O quarto e último dia da viagem amanheceu de acordo com as previsões climáticas: cinzento, chuvoso e muito frio. Dia típico pra ficar dentro de casa, debaixo do cobertor, lendo um bom livro de aventura e bebericando um chocolate quente. “Só que não”, como se diz na gíria popular. Não seria uma chuvinha e um friozinho que iriam nos parar agora... Equipamo-nos para o dilúvio e nos lançamos à estrada.



















Já de cara, seguindo a planilha do nosso guia, metemo-nos numa trilhazinha muito suspeita, ainda dentro da cidade, através de uma região de casas não muito acolhedoras, digamos assim... Fizemos meia volta e retornamos à estrada principal. Um pouco mais à frente outra dúvida: a planilha mandava seguir por outra trilha que, nos primeiros metros, nos fez parar pra pensar “onde estamos nos metendo?”. Retornamos novamente e pedimos informações numa pousada próxima. “É por ali mesmo!” – disse o camarada que nos atendeu. Porém suspeitamos (sábia intuição) que seria melhor a Van não nos acompanhar. Assim, novamente combinamos com o Seu Vitorli de nos esperar direto em Gramado (via asfalto), aonde pretendíamos chegar em breve.












Nesse momento também o Gardelin, certamente avisado por seus anjos da guarda, resolveu fazer companhia ao Seu Vitorli pelo asfalto, ressabiado que estava de colocar a Diverge com os seus pneus finos nas estradinhas de terra enlameadas que certamente haveria pelo caminho. Dessa forma, o Max, o Alex e eu embrenhamo-nos trilha abaixo, a os outros dois foram pela estrada de asfalto.
Nos primeiros metros da tal trilha vimos que o mar não estava pra peixe. O que estava ruim, piorou. Passamos a navegar sobre um chão de pedras soltas, grandes e escorregadias morro abaixo, numa inclinação que não nos permitia grandes controles da situação. O Alex e eu até que íamos nos defendendo mais ou menos bem, mas o Max vinha com uma cara nada contente trazendo sua Stigmata na ponta dos dedos no meio daquele pedregal.




















Passamos um sufoco. Levamos quase vinte minutos pra descer cerca de 2400 metros, ora quicando sobre as pedras, ora parando pra tentar entender como ainda não havíamos levado um tombaço. E existem quedas e quedas. Cair sobre aquelas pedras poderia ter consequências imprevisíveis e certamente indesejáveis. Melhor nem pensar!




































Passado o perrengue, seguimos por estradinhas de terra, que, àquela altura, já eram de lama, por uma região bem bonita, mas completamente envolta em espessa neblina. Ademais não havia vivalma ao redor, o que só aumentava o clima de suspense e de ligeira tensão no ambiente.
Num certo trecho descemos tanto e de forma tão íngreme, sobre um piso tão escorregadio, que ficamos pensando que estaríamos definitivamente ferrados se aquela estradinha resolvesse subir o mesmo tanto e da mesma forma do outro lado do vale em que estávamos.




























Passado o rio principal do tal vale, começou a subida, mas felizmente não foi tão assustador como temíamos. Apenas o frio e a neblina estavam cada vez mais agressivos, fazendo com que não pensássemos em parar de pedalar, sob a pena de começar a tremer e se sentir no meio de uma Transilvânia... Se um Drácula surgisse do meio do nada na nossa frente não estranharíamos tanto, porque o ambiente todo conspirava pra isso.












Fomos tocando bem devagar, em função das condições realmente difíceis do solo, até que percebemos, pela planilha, que estávamos quase chegando à área urbana de Gramado, muito embora continuássemos no meio do nada, sem ver ninguém em volta. Faltavam uns quatro quilômetros para chegar ao centro da cidade quando de repente, ao fazer uma curva, damos de cara com uma subida absolutamente impressionante: inclinadíssima, envolta na neblina, e, portanto, “infinita”.















Quase tive um acesso de riso, tão extrema era a situação. Além de tudo, já estávamos mais do que desgastados – cansados, com fome, com frio e emocionalmente já meio abalados. O bom da situação é que não havia dúvida do que fazer. Restava apenas reunir o resto das forças e pedalar morro acima. E foi uma subidinha memorável! Não acabava mais aquele negócio. A inclinação era tanta que, em determinado momento me vi obrigado a recorrer ao último dos recursos, fazer zig-zag pra tentar driblar a parede. Chuva caindo, frio pra caramba, o coração batendo a mil, as pernas queimando, o pulmão não sabendo mais o que fazer pra mandar oxigênio pra dentro... Pensando bem, foi um dos trechos mais divertidos da viagem! O extremo prazer de se sentir no limite, de se sentir mais vivo do que em qualquer outra situação, puro êxtase!
Ao final da subida, de eternos 1400 metros e (medimos depois) até incríveis 30% de inclinação, estávamos dentro da cidade. Aí foi só achar o seu Vitorli e o Gardelin no local combinado, alivia-los da tensão da espera, rir muito do absurdo da situação e procurar um hotel pra nos tirar de vez da condição de quase emergência com relação ao frio em que nos encontrávamos.




O banho quente que veio em seguida foi como um uma mão amiga a puxar-nos do abismo no qual estávamos caindo... Divino!
Comemoramos mais tarde com um rodízio de sopas e massas num restaurante local, no qual os garçons devem ter se arrependido de nos permitir entrar.
Ao final das contas, vemos que passamos por situações genuínas de expectativa, realização, ansiedade, cansaço, superação, frio, amizade, dúvida, diversão e até medo, e não podemos deixar de reconhecer que esses são alguns dos ingredientes que tornam as brincadeiras realmente “divertidas”... Oxalá possamos ficar (mais) velhinhos e continuar nos divertindo como fizemos nesses dias.






Um brinde ao impulso de sair da rotina de vez em quando!





P.S: 

     Em janeiro de 2016 a revista especializada em ciclismo "VO2 bike" publicou, em sua "edição Nr 113 - Janeiro/ Fevereiro 2016" uma reportagem sobre nossa viagem, escrita pelo nosso amigo Maximilian Leisner, mostrada nas imagens abaixo:








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