Tiger 900 Rally Pro

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sábado, 25 de julho de 2020

Sobre o livro "Uma viagem para loucos", de Peter Nichols - Curitiba, Julho de 2020







"Uma viagem para loucos", de Peter Nichols (Editora Objetiva, 2002/ tradução de Ana Deiró) conta a história da primeira regata solo ao redor do mundo, realizada por iniciativa de um jornal inglês nos anos de 1968 e 1969.

Tem todos os ingredientes de uma grande história, a começar pelo texto primoroso e inteligente, que vai muito além de um simples relato dos fatos.

Numa época em que o título de primeiro homem a dar a volta ao mundo em um veleiro, solitário e sem escalas, estava sendo cobiçado pelos aventureiros de plantão, o jornal Sunday Times aproveitou o frenesi latente e criou uma competição, oferecendo um prêmio para o primeiro a realizar a façanha, e outro para quem a realizasse no menor tempo. 

Dentre muitos interessados, nove velejadores conseguiram efetivamente reunir as condições necessárias para a empreitada. 

O autor descreve detalhes da preparação e da experiência náutica prévia de cada um deles, destacando a grande diferença que havia entre todos, não só no que diz respeito à capacidade técnica, mas também em aspectos organizativos, de recursos financeiros e até mesmo de motivação. 

Dentre os nove homens, apenas um lograria concluir o trajeto previsto dentro das regras estabelecidas. Os outros oito tiveram histórias diversas, todas dramáticas, como é comum nas coisas do mar. Desde naufrágio, passando por abandono da competição por motivos de panes na embarcação, até a morte, cada um desses marinheiros teve o destino que lhes estava reservado. 

Destaco, como temas interessantes de reflexão, as questões da motivação que levou cada competidor a entrar na prova e das habilidades de cada um que, no final, fizeram mais diferença no resultado alcançado.

Sobre o primeiro tópico, motivação, fica clara a importância de ser levado à ação pelos motivos certos, digamos assim. E quais são esses? Ao fim e ao cabo, uma questão de realização pessoal, de desafio pessoal, de atender a um chamado interno, genuíno e irresistível. Ao passo que outras possíveis motivações, como busca de reconhecimento ou fama, ou de aventura pura e simples, ou mesmo movido por uma construção mental individual, não se sustentam. Essa lição vale para todos nós, em qualquer projeto que pensemos em investir tempo e energia. 

E a respeito do segundo, as habilidades que realmente fizeram diferença, parece que não foram as de ordem técnica, nem mesmo de experiência prévia, nem tampouco de aspectos ligados à qualidade dos barcos e equipamentos de cada velejador, bem como também não foi a importante estrutura logística de cada um, ou qualquer aspecto objetivo como esses. No final das contas, o que mais contou parece que foi a capacidade de cada um se sentir bem fazendo o que havia se proposto a fazer, ligada a toda uma sequência de ações organizadas e metódicas que, somadas, possibilitaram o alcance do sucesso. E aqui também fica uma importante lição para os nossos próprios planos e ideias. 

Então fica aí a dica de leitura.







Tudo pode ser encontrado no mar,
dependendo do espírito que guiar nossa busca."
(Joseph Conrad)








Obs: Meu agradecimento ao amigo Alexandre Manzan, de quem recebi a indicação da leitura.