Tiger 900 Rally Pro

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terça-feira, 21 de maio de 2019

Contemplando a curva do rio, Morretes-PR, 20 de Maio de 2019










Segunda feira, maio de 2019.
Mas o que isso quer dizer?
Parece um dia qualquer, de um tempo qualquer.
Pego meu cavalo e saio pra dar uma volta.
Céu cinza e aquela luz opaca, tão comum, tão verdadeira.
Entre curvas e desvãos, potência e angústias.
Passo por uma cidade.
Pessoas caminham pelas ruas, como personagens de um filme de ficção.
Aprecio o movimento, a velocidade, o não pertencer.
Estou aqui, mas podia não estar.
Quem sabe?
Talvez... Talvez em outro lugar, outra história, outro mundo.
Paro numa curva da estrada e do rio ao lado.
As águas correm.
O som me conforta.
Deixo-me hipnotizar.
Esqueço do tempo, do mundo, dos pesares, dos sonhos.
Tudo reduzido a isso.
Queria ficar ali pra sempre.
Mas sempre é muito tempo.
Queria sair flutuando e ver aquela cena de cima.
Mas não sei flutuar.
Queria tanto.
Mas querer tanto cansa.
Melhor desquerer então.
Águas correndo.
Parece que falam.
A vida é isso.
Fluir, fluir, fluir...
Por aqui, por ali, por onde for.
Preciso voltar.
Preciso voltar?
Pra onde?
Ah, sim! Pro mundo.
Mas que mundo?
Monto em meu cavalo.
Sigo.
Entre curvas e florestas, potência e tristezas.
Todos correm.
Mas pra onde?
Preciso voltar.
Não importa.
Esse meu cavalo é um espetáculo.
Reduzidas, acelerações, inclinações, alucinações.
Chego de volta em casa.
Onde fui mesmo?





































































Obs: 

  • Percurso realizado: Curitiba - Morretes - Serra da Graciosa - Curitiba, 150 km.
  • Somos todos personagens num filme de ficção (rsrsrs)...








***   ***   ***








Outro dia assisti na Netflix a um filme/documentário muito bom: "Escalando Dawn Wall" - biografia do escalador americano Tommy Caldwell, com enfoque na emblemática escalada da rota que dá nome ao filme, na famosa parede El Capitan, no Parque Yosemite, nos Estados Unidos - uma parede de 914 metros de altura, que consumiu 17 dias de escalada e se tornou uma dessas histórias incríveis de obstinação e superação. Inspirador.

Vale a pena assistir.















***   ***   ***








"Busquemos sempre o impossível,
porque tal é o nosso fado;
busquemo-lo através do inútil,
porque não passa caminho por outro ponto."

(Fernando Pessoa)








Gratidão




Força Sempre





segunda-feira, 13 de maio de 2019

Passeio no Parque Ouro Fino, Campo Largo-PR, 11 de Maio de 2019









Dia cinzento, com cara de chuva, desses que não animam a sair de casa. Mas saímos (Mari, Thaís e eu), com a intenção de sentir um pouco a natureza. Fomos ao Parque Ouro Fino, na cidade de Campo Largo, arredores de Curitiba. Passamos por lá algumas horas, caminhando, conversando, observando.

Lindo lugar, propício à contemplação e à introspecção. Ouvir o silêncio é um desses luxos raros hoje em dia, que admiro enormemente. Some-se a isso a oportunidade igualmente rara de estar num espaço praticamente vazio de pessoas. Então há o clima nublado, o silêncio, a natureza preservada, a sensação de não ter ninguém em volta e o que parece é que estamos em outro planeta.

É certo que não há soluções mágicas e definitivas para todas as questões. Mas há caminhos, e parece que alguns são mais inspiradores do que outros. Que tenhamos sabedoria para enxergá-los, e coragem para percorrê-los.

Viva a vida!








































































































"Como um pássaro que voa para longe quando tentamos tocar suas asas,
a beleza se esconde se queremos entendê-la,
ou se desejamos conservá-la ao nosso lado.
Com gestos delicados, atenção tranquila e amor pelo desconhecido,
ela se chega a nós antes que possamos dar o primeiro passo na sua direção.
O imprevisto é usa marca, o vazio é seu chamado, o silêncio é seu prenúncio."

(Luiz Carlos Lisboa)









Gratidão




Força Sempre








domingo, 5 de maio de 2019

Trekking Trilha Rui Braga, Parque Nacional do Itatiaia-RJ, 27 e 28 de Abril de 2019









* Em parceria com William Siqueira Salles




A Trilha Rui Braga liga a parte baixa à alta do Parque Nacional do Itatiaia, no estado do Rio de Janeiro. É um percurso de cerca de 20 km de extensão e pode ser feito tanto subindo quanto descendo a montanha.

Há algum tempo a ideia de percorre-la surgiu nas conversas entre eu e o amigo William, e mais recentemente resolvemos assumir o compromisso de implementar a proposta. Em seguida marcamos a data e pusemos os eventos em marcha.

Decidimos pelo sentido ascendente, de certa forma, pra curtir a sensação inspiradora de estar indo em direção à montanha, apesar do esforço acentuadamente maior do que faze-la descendo.














Até é possível percorrer todo o trajeto em apenas um dia, desde que se adote um ritmo mais dinâmico e leve, apenas com uma mochilinha de ataque para a jornada. Mas, desejosos de aproveitar a oportunidade pra fazer um acampamento selvagem em meio à montanha, optamos pelo estilo tradicional de levar uma mochila cargueira com todo o material de camping, alimentos, água e roupas extras de frio. Dessa forma, no final das contas, estávamos com as mochilas bem carregadas e pesadas.

Contratamos um motorista que nos levou do centro de Itatiaia até o início da trilha (e nos buscou no dia seguinte, no ponto em que terminamos), e pouco antes das dez horas da manhã estávamos dando os primeiros passos caminho afora.






















O dia estava claro e agradável, com uma luminosidade bonita esgueirando-se por entre os galhos das árvores. Nas primeiras cinco horas e pouco estivemos caminhando no meio da mata fechada, com vegetação exuberante em volta. O caminho encontrava-se bem fechado, com a trilha ficando pouco nítida em vários pontos, exigindo certa atenção, mas nada que tenha chegado a gerar dúvida, já que praticamente não há bifurcações ou rotas cruzadas no percurso.





















Por volta das 15 horas tivemos o primeiro vislumbre do longínquo horizonte que se estendia na direção do vale do Paraíba, sob um simpático céu azul banhado pela luz da meia tarde. A vegetação foi se modificando rapidamente e logo estávamos em outro ambiente, sem árvores altas, com grandes pedras começando a aparecer e a inclinação da trilha se acentuando.














































Cerca de duas horas mais tarde, já sentindo o cansaço físico nos exigir um pouco de determinação em prosseguir com o nosso propósito, avistamos os contornos do Abrigo Massena, onde pretendíamos passar a noite. As instalações desse importante ponto de referência nesse caminho estão em lamentável estado de ruína. Apenas as paredes, feitas de pedra, permanecem intactas. Dos vários cômodos do que outrora deve ter sido um belo refúgio de montanha, apenas a sala principal está livre do mato, por força certamente da ocupação eventual dos caminhantes que por lá passam.












Havia um grupo de nove pessoas acampado no local. Eles estavam fazendo o sentido inverso do nosso, ou seja, estavam descendo para a sede do Parque em Itatiaia. Optamos por montar nossas barracas no capim em frente à casa, pra não interferir no espaço do grupo, que já estava instalado no interior da casa, bem como pra aproveitar a maciez do terreno pra acolchoar nosso assoalho de tecido.
































Por volta das 20 horas fizemos nosso jantar, à base de uma refeição pronta liofilizada, e logo depois subimos um morrinho que havia ali do lado, pra apreciar a paisagem noturna que se estendia a perder de vista. Era realmente uma cena impressionante e belíssima: as luzes das cidades próximas reluzindo ao longe, bem agrupadas em cada núcleo urbano, algumas luzes perdidas na escuridão em diferentes alturas da Serra do Mar, cujo vulto se podia distinguir após o vale do emblemático Rio Paraíba do Sul, e, fora isso, a instigante escuridão. Por cima de tudo, um maravilhoso céu repleto de estrelas brilhantes e enigmáticas. Um desses momentos que, por si só, valem a viagem. Ficamos por ali quase uma hora, conversando sobre a vida do dia-a-dia e, de vez em quando, arriscando palpites sobre os mistérios da eternidade.

De volta ao aconchego das nossas barracas (após alguns minutos de certa dificuldade pra achar o caminho de retorno), tivemos a justa recompensa de uma excelente noite de sono.

No segundo dia acordamos sem pressa por volta das sete horas da manhã, tomamos nosso desjejum, arrumamos nossas coisas e pusemo-nos no nosso caminho montanha acima, apreciando intensamente o frescor dessas primeira horas do dia.














O caminho, nesse trecho, vai se tornando cada vez mais peculiar e típico de montanha. Aos poucos vão aparecendo as grandes formações rochosas que tão bem representam aquela região, como as Prateleiras e o maciço do Pico Agulhas Negras. Junto com elas vão surgindo nas nossas mentes lembranças de histórias vividas ali há quase três décadas, quando circulávamos pela região nos diversos exercício da AMAN ou nas nossas andanças exploratórias de final de semana, na nossa época de cadetes. Muito bacana essa ligação com o passado que certos lugares nos proporcionam.






























Às onze e meia estávamos no Abrigo Rebouças, que, felizmente, ao contrário dos demais refúgios, encontra-se bem cuidado e estruturado. Esse é outro local emblemático naquela região, que traz à tona muitas lembranças de momentos diversos vividos ali.














Pouco depois prosseguimos nossa caminhada por mais 3 km até a cancela de entrada do Parque, ponto conhecido como Posto do Marcão, onde havíamos combinado de nos encontrar com o rapaz que nos resgataria com o carro. Como ainda era cedo em relação ao horário marcado para o encontro (que seria às 16 horas), resolvemos prosseguir caminhando pela estrada, agora descendo, até nos encontrar com o nosso contato.













Essa estrada é também um belo cenário para uma caminhada despreocupada num domingo à tarde. Acontece que, a essa altura do campeonato, alguns pontos de desconforto e dor fustigavam essa sonhada tranquilidade.













Em determinado momento encontramos, à beira da estrada, um senhor com uma banquinha vendendo alguns itens de sua produção, como queijos, manteiga e geleia caseira. Cena inusitada para um lugar tão isolado e com tão pouca circulação de pessoas. Puxamos conversa e o simpático senhor, com típico sotaque mineiro, contou-nos alguns detalhes dos seus produtos e do seu sítio, com tanta espontaneidade e delicadeza, que fez do rápido encontro um momento agradável de ser vivenciado.

Fomos caminhando e conversando até que, quando vimos, já estávamos praticamente no final da estrada de terra, quase chegando ao asfalto, quando de repente nos encontramos com o nosso resgate, subindo de carro. Encerrávamos ali o nosso passeio.

Ao entrar no carro, comentei com o motorista, casualmente: “de volta à civilização”, ao que ele respondeu, com ar brincalhão: “de volta aos problemas”. De certa forma, é verdade. Fazer uma caminhada como essa, mesmo que seja por apenas algumas horas, nos dá essa incrível sensação de estar à parte do mundo e dos seus inevitáveis “problemas” por esse espaço de tempo. Mas, a rigor, devemos reconhecer que cada contexto tem suas mazelas e suas recompensas, seus perrengues e seus trunfos. Cabe-nos buscar administrar essa equação e tentar extrair de cada momento e de cada escolha aquilo que de melhor há para ser aproveitado.

Mais do que pela trilha em si ou pela paisagem, essa caminhada valeu demais pela oportunidade de convivência que tive com o meu grande amigo William, amizade essa que já soma mais de trinta anos de fraterno respeito e afinidade – desde os tempos da EsPCEx, em Campinas, em meados da década de 1980. Oportunidades como essa definitivamente não tem preço. Deixo aqui meu muito obrigado ao William pelo convite e pela companhia nessa linda travessia, e faço votos que possamos nos encontrar em breve para novos projetos juntos.


Bom demais!




























1º dia: do início da trilha em Itatiaia até o Abrigo Massena
(tempo total, incluindo paradas)









Altimetria do 1º dia: 1.073m de ganho de altitude em subida constante










2º dia: do Abrigo Massena ao Abrigo Rebouças







2º dia (2ª parte): do Abrigo Rebouças a próximo da Garganta do Registro















***   ***   ***






Aproveitando a oportunidade, fiz a viagem de  Curitiba a Taubaté, onde me encontrei com o William, com a BMW R1200GS. Ida e volta, 1250 km. Sempre muito bom poder curtir essa bela máquina nas estradas (ainda que com chuvas ocasionais, tráfego sempre intenso e os riscos inerentes).
















Gratidão




Força Sempre