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domingo, 28 de julho de 2019

Sobre o livro "Breves respostas para grandes questões", de Stephen Hawking. Curitiba-PR, 28 de Julho de 2019









Breve resenha do livro

"Breves respostas para grandes questões"

De Stephen Hawking
(Editora Intrínseca, 2018)


* Convite à reflexão *


É interessante como vivemos quase todo o nosso tempo sob a demanda dos afazeres do cotidiano e das preocupações com nossos interesses imediatos, nosso trabalho, aquele projeto que sonhamos implementar um dia, as contas a pagar, etc. E raramente nos permitimos parar um pouco pra pensar no que está além de tudo isso.

Descobri o livro “Breves respostas para grandes questões” ao acaso, em uma dessas visitas casuais a uma livraria. Os temas propostos eram realmente bem instigantes, bem como o seu autor, o renomado físico britânico Stephen Hawking, de quem já havia lido alguma coisa muito tempo atrás. Mais tarde verifiquei que a obra estava inclusive nessas listas dos mais vendidos.

Stephen Hawking (1942-2018) é considerado um dos mais respeitados físicos teóricos de todos os tempos. Dedicou sua vida ao estudo da cosmologia e dos princípios científicos que explicam a vida. Foi acometido por uma doença degenerativa quando ainda era adolescente e ao longo das décadas foi sofrendo com a paralisia gradual de suas funções motoras, até ficar completamente imobilizado em uma cadeira de rodas. Condição essa que não o impediu, no entanto, de continuar seus estudos, desenvolver diversas teorias e conquistar inúmeros prêmios na área da ciência.

Mais recentemente ganhou notoriedade popular ao ser representado como protagonista do filme “A teoria de tudo”, que é ao mesmo tempo uma biografia de sua vida pessoal e de parte de seu trabalho científico.

Talvez um dos motivos pelos quais não nos dediquemos mais a esses assuntos aqui tratados como “grandes questões” seja porque desconfiemos que, no final das contas, são temas que estão definitivamente além do nosso entendimento, e que, por mais que nos esforcemos, não será possível chegar a respostas conclusivas. 

Sim, isso pode ser verdade. Mas talvez mais importante do que as respostas, sejam as perguntas em si, e as reflexões daí advindas. É bem provável que não cheguemos nunca a uma resposta final, mas o caminho a ser percorrido na busca certamente vale a pena por si mesmo.

Acho curioso observar como existem pontos de vista diversos e aparentemente conflitantes sobre alguns dos temas tratados nesta obra. Em particular, a forte influência do aspecto religioso em algumas questões.

Sempre me chamou a atenção como certas pessoas defendem pontos de vista pessoais sobre temas metafísicos com convicção irredutível. Só posso entender isso como uma grande confusão (ainda que ingênua) entre opinião pessoal, fé, conhecimento científico (ou a falta dele) e, talvez, uma miríade de fantasias ancestrais misturadas ao imaginário de possíveis cenários para um mundo que vai muito, mas muito além da nossa melhor aposta.

Neste breve resumo, vou elencar, a seguir, as “grandes questões” destacadas no livro, transcrevendo alguns trechos de cada capítulo, apenas a título de ilustração de cada pergunta abordada.

Vale lembrar, embora evidente, que não compartilho integralmente dos conceitos, conhecimentos e pontos de vista do autor, cuja visão de mundo é estritamente científica. Pessoalmente, acho que temos ligações e razões que vão muito além disso.

Fica aqui o convite aos amigos (eventuais leitores desta postagem) para uma conversa a esse respeito ao redor de uma fogueira, num lugar distante e isolado, ou mesmo tomando um chá, sentado à mesa da cozinha de casa.

Vamos?




***   ***   ***




1. Deus existe?

“Meu trabalho é encontrar uma estrutura racional para compreender o universo que nos cerca.” (pág 50)

“(...) há certas leis que sempre são obedecidas. Se preferir, pode dizer que as leis são obra divina, mas isso é antes uma definição de deus do que uma prova de sua existência.” (pág 50)

“O universo é uma máquina governada por princípios ou leis – leis essa que podem ser compreendidas pela mente humana.” (pág 51)

“Poderíamos definir deus como a encarnação das leis da natureza. Porém não é assim que a maioria pensa. As pessoas se referem a uma criatura semelhante ao ser humano, com a qual podem se relacionar. Quando observamos a vastidão do universo, e como a vida humana é insignificante e acidental, parece muito implausível.”

“Não pretendo dizer a ninguém no que acreditar, mas para mim perguntar se deus existe é uma questão válida para a ciência. Afinal, é difícil pensar em um mistério mais importante ou fundamental: o que (ou quem) criou e controla o universo? Sou da opinião de que o universo foi criado espontaneamente , do nada, segundo as leis da ciência.” (pág 52)

“Apesar da complexidade e variedade do universo, percebe-se que, para criar um, precisamos de apenas três ingredientes: (...) matéria, energia e espaço.” (pág 53)

“No momento do Big Bang um universo inteiro passou a existir e, com ele, o espaço. Tudo inchou, como uma bexiga sendo soprada. Então de onde vem toda essa energia e espaço? Como pode um universo inteiro repleto de energia, da espantosa vastidão do espaço e de tudo que há nele simplesmente surgir do nada?” (pág 54)

“O universo é uma enorme bateria armazenando energia negativa. O lado positivo das coisas – a massa e a energia que vemos hoje em dia – é como a colina. O buraco correspondente, ou a porção negativa das coisas, esparra-se por todo o espaço.” (pág 56)

“O que isso significa em nossa busca por descobrir se existe um deus? Se o universo resulta em nada, não é preciso alguém para criá-lo. O universo é o supremo almoço grátis.” (pág 56)

“Mas é claro que a questão crítica volta a surgir: deus criou as leis quânticas que permitiram a ocorrência do Big Bang? “ (pág 57)

“As leis da natureza nos dizem que não só o universo pode ter surgido sem ajuda, como um próton, e não ter exigido nada em termos de energia, como também é possível que nada tenha causado o Big Bang. Nada.” (pág 58)

“Algo incrivelmente maravilhoso aconteceu com o tempo no instante do Big Bang. O próprio tempo começou.” (pág 58)

“Um buraco negro típico é uma estrela tão massiva que entrou em colapso. (...) Dentro do buraco negro o próprio tempo não existe. E foi exatamente isso que aconteceu no nascimento do universo.” (pág 59)

“Acredito que o papel desempenhado pelo tempo no começo do universo é a chave final para eliminar a necessidade de um grande projetista e revelar como o universo criou a si mesmo.” (pág 59)

“Não podemos voltar a um tempo anterior ao Big Bang porque não havia tempo antes do Big Bang. (...) Para mim, isso significa que não existe a possibilidade de um criador, porque ainda não existia o tempo para que nele houvesse um criador.” (pág 61)

“Quando me perguntam se um deus criou o universo, digo que a pergunta em si não faz sentido. O tempo não existia antes do Big Bang, assim não existe tempo no qual deus produziu o universo.” (pág 61)

“Se eu tenho fé? Cada um é livre para acreditar no que quiser. Na minha opinião, a explicação mais simples é que deus não existe.  Ninguém criou o universo e ninguém governa nosso destino. Isso me levou a perceber uma implicação profunda: provavelmente não há céu nem um além-túmulo. Acho que acreditar na vida após a morte não passa de ilusão. (...) Acho que, quando morremos, voltamos ao pó.” (pág 61)




2. Como tudo começou?

“O universo é de fato infinito ou apenas muito grande? Ele teve um início? Vai durar para sempre ou apenas por muito tempo? Como nossas mentes finitas podem compreender um universo infinito?” (pág 65)

“Até onde podemos afirmar, o universo continua pelo espaço indefinidamente e é basicamente igual, por mais que se estenda.” (pág 68)

“O universo está se expandindo. As galáxias estão se afastando umas das outras.” (pág 70)

“(...) o universo começou em um Big Bang, um momento em que foi comprimido a um único ponto de densidade infinita, uma singularidade do espaço-tempo. A essa altura, a teoria da relatividade geral de Einstein teria deixado de vigorar. Assim não podemos usá-la para deduzir de que maneira o universo começou. A origem do universo aparentemente fica fora do escopo da ciência.” (pág 74)

“Einstein repudiou veementemente a ideia de que o universo é governado pelo acaso. Seu ponto de vista ficou sintetizado na máxima: “Deus não joga dados “. Mas toda evidência aponta o contrário: deus é um tremendo apostador. O universo é como um cassino gigante com os dados rolando ou a roleta girando a todo momento.” (pág 75)

“Assim, o mero fato de existirmos como seres capazes de perguntar “por que o universo é do jeito que é?” é uma restrição à história na qual vivemos. Implica ser uma dentre a minoria de histórias que contém galáxias e estrelas. Esse é um exemplo do que chamamos de princípio antrópico. O princípio antrópico diz que o universo tem que ser mais ou menos como o vemos porque, se fosse diferente, não haveria ninguém para observa-lo.” (pág 79)

“O que veio antes do Big Bang? Segundo a proposição sem-contorno, peguntar o que veio antes do Big Bang não faz sentido – é como perguntar o que há ao sul do Pólo sul -, pois não existe um conceito de tempo disponível para ser empregado. A ideia de tempo só existe dentro do nosso universo.” (pág 82)

“Somos o produto de flutuações quânticas em um eniverso muito primitivo. Deus joga dados, afinal.” (pág 84)

“Assim, pode muito bem haver outros universos, mas infelizmente nunca seremos capazes de explora-los.” (pág 86)

“Se a densidade do universo fica abaixo do valor crítico, a gravidade é fraca demais para impedir as galáxias de se afastarem pela eternidade. Todas as estrelas queimarão seu combustível e o universo vai ficar cada vez mais vazio e frio. Então as coisas chegarão ao fim aqui também, mas de maneira menos dramática.” (pág 87)





3. Existe outra vida inteligente no universo?

“Sabemos por experiência que as coisas ficam mais desordenadas e caóticas com o tempo. (...) a quantidade total de desordem – ou entropia – no universo sempre aumenta com o tempo.” (pág 91)

“Estamos entrando em uma nova fase que pode ser chamada de evolução autoprojetada, em que seremos capazes de mudar e melhorar nosso DNA.” (pag 104)

“Quando o super-humano surgir haverá problemas políticos graves com os humanos não aprimorados, que serão incapazes de competir. Presumivelmente acabarão morrendo ou se tornando irrelevantes. No lugar deles estará uma raça de seres autoprojetados se aperfeiçoando a uma taxa cada vez mais acelerada.” (pág 105)

“Se a raça humana conseguir se redesenhar para diminuir ou eliminar o risco da autodestruição, ela provavelmente se espalhará e colonizará outros planetas e estrelas.” (pág 105)

“É mais provável que a evolução seja um processo aleatório, com a inteligência sendo apenas um dentre uma quantidade imensa de resultados possíveis. Sequer está claro o valor da inteligência para a sobrevivência a longo prazo.” (pág 107)

“(...) poderíamos esperar encontrar muitas outras formas de vida na galáxia, mas seria improvável encontrar vida inteligente.”





4. Podemos prever o futuro?

“Isso levou à ideia do determinismo científico, que parece ter sido elaborada pelo cientista francês Pierre-Simon Laplace. (...) Ele afirmou que , se em dado momento conhecêssemos as posições e velocidades de todas as partículas do universo, seríamos capazes de calcular seu comportamento a qualquer outro momento no passado ou no futuro.” (pág 114)

“Disso se infere que podemos prever o futuro, ao menos em princípio. Na prática, porém, nossa capacidade de previsão fica limitada pela complexidade das equações e de uma propriedade chamada caos.” (pág 114)

“(...) a visão de Laplace – de uma completa previsão do futuro – não pode se concretizar.” (pág 115)






5. O que há dentro de um buraco negro?

“Às vezes dizemos que os fatos são mais estranhos do que a ficção, e em nenhum outro lugar isso é mais verdadeiro do que em um buraco negro. Eles são mais estranhos do que qualquer coisa imaginada por escritores de ficção científica, mas estão firmemente estabelecidos como um fato científico.” (pág 125)

“O buraco negro é uma região onde a gravidade é tão forte que a luz não consegue escapar.” (pág 129)

“Segundo algumas teorias, o universo em que vivemos é apenas uma superfície quadridimensional em um espaço de dez ou onze dimensões.” (pág 140)





6. A viagem no tempo é possível?

“ (...) a questão da viagem no tempo passa pela possibilidade de um dia sermos capazes de distorcer o espaço-tempo de modo que consigamos realizar esse feito.” (pág 157)

“A única maneira de ir de um lado a outro da galáxia em um tempo razoável, aparentemente seria se pudéssemos dobrar o espço-tempo de tal forma que criássemos um pequeno tubo ou um buraco de minhoca.” (pág 158)

“Assim parece que, à medida que avançamos na ciência e na tecnologia, talvez sejamos capazes de construir um buraco de minhoca ou dobrar o espaço e o tempo de alguma outra maneira que nos permita viajar ao passado.” (pág 161)

“Concluindo, a viagem espacial rápida e a viagem no tempo não podem ser descartadas segundo nosso atual entendimento.” (pág 166)





7. Sobreviveremos na Terra?

“A Terra sofre ameaças em tantas frentes que é difícil permanecer otimista. Os perigos são grandes e numerosos demais.” (pág 173)

“O universo é um lugar violento. (...) Uma colisão de asteroides seria algo contra o qual não temos defesa. A última grande colisão desse tipo ocorreu há cerca de 66 milhões de anos (...) e vai acontecer de novo. Não é ficção científica; é uma certeza proporcionada pelas leis da física e da probabilidade.” (pág 175)

“Seja como for, vejo como quase inevitável que um confronto nuclear ou uma catástrofe ambiental dilacere a Terra em algum momento nos próximos mil anos, o que em termos de tempo geológico é um piscar de olhos. Quando acontecer tenho esperança e fé de que nossa engenhosa raça terá encontrado uma maneira de escapar dos sombrios grilhões do planeta e, desse modo, sobreviver ao desastre.” (pág 176)

“A tecnologia está quase ao nosso alcance. É hora de explorar outros sistemas solares. Espalharmo-nos pode ser a única coisa que nos salvará de nós mesmos. Estou convencido de que os humanos precisam deixar a Terra.” (pág 177)

“Houve relativamente pouca mudança no DNA humano nos últimos 10 mil anos, mas é provável que sejamos capazes de reformulá-lo completamente ao longo de um milênio. (...) alguém vai projetar humanos aperfeiçoados em algum lugar.” (pág 184)

“(...) a raça humana precisa melhorar suas qualidades mentais e físicas se pretende lidar com o mundo cada vez mais complexo em que vivemos (...)” (pág 186)

“Creio que nossa atual ordem mundial tenha futuro, mas ele será bem diferente.” (pág 187)




8. Deveríamos colonizar o espaço?

“Por que ir ao espaço? (...) a resposta óbvia é: porque o espaço está aí, à nossa volta. Confinar-se ao planeta equivaleria a ser como náufragos que não tentam escapar de sua ilha deserta.” (pág 191)

“Nossa conquista do espaço terá consequências ainda maiores. Ela mudará completamente o futuro da raça humana e, quem sabe, determinará se temos de fato um futuro.” (pág 191)

“A Lua e Marte são, portanto, os locais mais adequados para colônias espaciais no sistema solar.” (pág 197)

“A raça humana existe como espécie há cerca de 2 milhões de anos. A civilização começou há cerca de 10 mil anos e o ritmo do desenvolvimento tem crescido constantemente. Se a humanidade quer continuar a existir daqui a 1 milhão de anos, nosso futuro consiste em ir aonde ninguém jamais esteve.” (pág 205)





9. A inteligência artificial vai nos superar?

“Disso se depreende que computadores podem, em princípio, emular a inteligência humana, ou até melhorá-la.” (pág 210)

“Quando uma inteligência artificial (IA) se tornar melhor do que os humanos em projetar IA, conseguindo se autoaperfeiçoar de forma recorrente sem ajuda humana, talvez enfrentemos um boom que resulte em máquinas cuja inteligência excederá a nossa em proporção maior do que a nossa excede a das lesmas.” (pág 210)

“É tentador menosprezar a ideia de máquinas superinteligentes como mera ficção científica, mas seria um erro e, possivelmente, nosso pior erro de todos.” (pág 210)

“O sucesso na criação de IA seria o maior acontecimento da história humana. Infelizmente, também pode ser o último, a menos que aprendamos a prevenir os riscos.” (pág 211)

“(...) não vejo com bons olhos a criação de algo capaz de se igualar a nós ou nos superar. Minha preocupação é que a IA assuma o controle e reformule seu próprio design a um ritmo cada vez mais acelerado. Os humanos, limitados pela lenta evolução biológica, não conseguiriam competir e seriam substituídos.” (pág 212)

“A médio prazo, a IA pode automatizar o emprego, trazendo grande prosperidade e igualdade. Se olharmos um pouco mais adiante, não há limites para o que pode ser alcançado.” (pág 213)

“Em resumo, o advento da IA superinteligente seria a melhor ou a pior coisa para a humanidade. O verdadeiro risco da IA não sua maldade, mas sua competência.” (pág 213)

“Se uma civilização alienígena superior nos enviasse uma mensagem dizendo “vamos chegar daqui a algumas décadas”, será que responderíamos “ok, avisem quando chegar, deixaremos a luz acesa”? Provavelmente não, mas isso está acontecendo com a IA.” (pág 214)

“Quando eu era mais jovem, a evolução da tecnologia apontava para um futuro em que todo mundo desfrutaria de maior tempo de lazer. Só que, quanto maior nossa capacidade de produção, mais ocupados nos tornamos.” (pág 217)

“Acredito que o futuro da comunicação são as interfaces cérebro/computador.” (pág 219)

“Os computadores quânticos mudarão tudo, até a biologia humana.” (pág 219)

“Estamos às portas de um mundo novo.” (pág 221)

“Nosso futuro é uma corrida entre o potencial de crescimento da tecnologia e nossa sabedoria ao usá-la.” (pág 221)



10. Como moldaremos o futuro?

“Einstein tinha a capacidade de enxergar além da superfície para revelar a estrutura subjacente. Ele não se deixava esmorecer pelo senso comum, a ideia de que as coisas devem ser como parecem.” (pág 225)

“Um elemento crucial para Einstein era a imaginação.” (pág 225)

“(...) toda mente necessita de uma fagulha para atingir seu pleno potencial. A centelha da curiosidade e da dúvida.” (pág 227)

“A base para o futuro da educação deve residir em escolas e professores inspiradores.” (pág 228)

“(...) o que está reservado aos jovens de hoje? Posso dizer com confiança que serão mais dependentes da ciência e da tecnologia do que qualquer geração anterior.” (pág 229)

“Existe um escopo imenso para inovação em todos os domínios da vida. Isso é empolgante.” (pág 229)

“As maiores questões da existência continuam sem resposta: como a vida começou na Terra? O que é consciência? Há alguém lá fora ou estamos sozinhos no universo?” (pág 230)

“Do modo como vejo, há duas opções para o futuro da humanidade. Primeiro: a exploração do espaço para encontrar planetas alternativos onde viver. Segundo: o uso positivo da inteligência artificial para melhorar nosso mundo.” (pág 230)

“Mais uma razão para considerar a colonização de outro planeta é a possibilidade de uma guerra nuclear. Uma teoria diz que o motivo de ainda não termos sido contatados por extraterrestres é que, ao atingir um estágio de desenvolvimento como o nosso, a civilização se torna instável e se autodestrói.” (pág 230)

“Não temos como saber se seremos auxiliados infinitamente ou ignorados pela IA – ou talvez destruídos por ela.” (pág 231)

“(...) nosso futuro será igualmente transformador de maneiras que mal começamos a conceber. A informação por si só não nos levará até lá, mas seu emprego inteligente e criativo, sim.” (pág 233)

“Defendo que todos os jovens deveriam estar familiarizados e à vontade com os temas da ciência, independentemente da carreira que seguirem.” (pág 234)
“Sou otimista de que acabaremos criando habitats viáveis para nós em outros planetas. Vamos transcender a Terra e aprender a existir lá fora.” (pág 236)

“Assim, lembre-se de olhar para as estrelas, não para os próprios pés. Tente compreender o que vê e questione o que faz o universo existir. Seja curioso. E por mais que a vida pareça difícil, sempre há algo que você pode e consegue fazer. Nunca desista. Deixe a imaginação correr solta. Molde o futuro.” (pág 236)






***   ***   ***





E então, o que você pensar sobre esses temas?







quinta-feira, 11 de julho de 2019

Trekking Pico Agulhas Negras e Prateleiras, Parque Nacional de Itatiaia, RJ, 28 a 30 de Junho de 2019






Agulhas Negras e Prateleiras

Em parceria com:

Felipe Amante,
Guilherme Gardelin, 
William Siqueira Salles e o 
guia Alberto Guimarães



O Pico das Agulhas Negras, situado na parte alta do Parque Nacional de Itatiaia, no estado do Rio de Janeiro, guarda diversos simbolismos, como, por exemplo, ser o quinto ponto mais alto do Brasil (com 2.790,94 m de altitude), ser o ponto de referência do primeiro Parque Nacional brasileiro e compartilhar o emblemático nome com a nossa querida Academia Militar das Agulhas Negras, localizada na cidade de Resende, de onde, em dias claros, é possível distinguir a sua longínqua silhueta contra o céu azul. 

Chegar ao seu topo não é uma tarefa extremamente difícil, mas também não é como um passeio no parque. 







Parque Nacional de Itatiaia
(fonte da imagem: site "Extremos")






Há algumas semanas lançamos na nossa roda de conversa a ideia de fazer um programa de escalada a esse Pico e, pra aproveitar a oportunidade, também ao Pico das Prateleiras (2.548 m de altitude), que fica próximo.

A fim de curtir um pouco mais esse envolvente ambiente de montanha, e também pra facilitar os deslocamentos e obtenção das permissões necessárias, optamos por acampar no "campo base", que fica ao lado do conhecido Abrigo Rebouças, ao final da estradinha de terra que chega à área. 

A administração do Parque impõe uma de duas condições para autorizar a escalada a essas duas atrações: o grupo pretendente deve apresentar um kit de equipamentos de escalada (cordas, cadeirinhas, mosquetões, etc) ou contratar um guia credenciado que disponibilize esses materiais e se responsabilize pela segurança da equipe. Como não dispúnhamos dos itens exigidos, e também como forma de nos cercar de maior certeza em achar as melhores rotas, resolvemos contratar os serviços de um guia, o Alberto, sugerido pelo amigo D'Ângelo (a quem deixo aqui meu agradecimento pela indicação). Assim, ganhamos também um novo amigo, que, mais do que guia, foi também um orientador e parceiro na atividade. 

Encontramo-nos às onze horas da manhã da sexta feira, dia 28 Jun, no local conhecido como Garganta do Registro, topo da serra entre os municípios de Engenheiro Passos-RJ e Itamonte-MG. A partir de lá enfrentamos (de carro) os 12 km de estrada de terra e pedra até a portaria do Parque, chamado de Posto Marcão, onde registramos nossa entrada e reservamos nossas autorizações de escalada para os próximos dois dias. Na sequência, mais 3 km até próximo ao local do camping, nas imediações do Abrigo Rebouças. 

A chegada a essa área causa certo impacto, mesmo para quem já conhece e já esteve ali várias vezes. Não sei explicar direito o motivo... Talvez seja pela aridez da paisagem, talvez pela imponência das montanhas ao redor, talvez pelo sensível silêncio que chama a atenção dos ouvidos. Ou ainda por alguma razão metafísica que foge aos nossos sentidos primários, mas está lá - uma certa energia que sugere uma postura devocional a algo maior do que nós e o nosso mundo cotidiano.






Agulhas Negras (foto aérea)






Montamos nosso acampamento, demos uma volta pelas redondezas e, como ainda era cedo, resolvemos fazer uma caminhada de ambientação a uma elevação chamada Pedra do Altar. 

Logo nos primeiros metros sente-se a dificuldade da inclinação acentuada da trilha e também, um pouco, o terreno acidentado e a mudança de contexto. 

Cerca de uma hora e meia depois estávamos no cume, apreciando uma bela paisagem que se estendia longe até o horizonte. Algumas nuvens escuras circulando pelo céu nos causaram certa apreensão com a possibilidade de chuva, apesar da previsão de tempo bom para os próximos dias. 















Ficamos cerca de meia hora por lá, conversando, trocando impressões e afinando nossa expectativa para a investida dos dias seguintes. 








Guilherme, Felipe, William e eu
(da esquerda pra direita)





Chegamos de volta ao acampamento por voltas das 17 horas, pouco antes do crepúsculo, que, nessa época do ano, ocorre por volta das 17:30.













Às 19 horas nos reunimos para o jantar, confeccionado nos nossos fogareiros, ao aconchego de uma mesa com bancos e um tablado de madeira em volta como abrigo contra o vento. Pouco depois nos recolhemos às nossas barracas, aos nossos sonhos e ao devido descanso.













Essa parte alta do Parque Nacional de Itatiaia é famosa pelas temperaturas extremamente baixas que costumam ocorrer nessa época do ano [em Julho de 2017 peguei sete graus negativos acampando nesse mesmo lugar; e uma semana depois dessa nossa recente passagem por lá, no dia 08 Jul 19, os termômetros registraram 8,1 graus negativos!], de tal forma que estávamos meio que atentos e preparados para aguentar um frio de proporções antárticas. Mas não esfriou tanto - a temperatura ficou na faixa dos 4 a 5 graus positivos -, permitindo uma excelente noite de sono.













O sábado amanheceu com o céu completamente limpo, dissipando qualquer receio que ainda restasse com relação à previsão do tempo. Acordamos cedo, preparamos e tomamos um rápido desjejum e às sete horas estávamos iniciando nossa caminhada em direção ao Pico Agulhas Negras. 













A primeira hora desenvolve-se praticamente em trilha de fácil progressão, subindo ligeiramente. A partir daí inicia-se o trecho mais íngreme e acidentado da rota. Costuma-se chamar essa etapa de "escalaminhada", um misto entre escalada e caminhada. 















Há passagens com rampas e canaletas, outras de "trepa pedra", algumas beiradas de precipícios e coisas desse tipo. Não é nada muito difícil, mas algumas passagens exigem um pouquinho de desenvoltura e bom relacionamento com exposição à altura.





















Ao longo da nossa subida fomos encontrando com pessoas de outros grupos na mesma rota. Apesar de termos saído cedo pra evitar pegar esse tráfego, algumas pessoas saíram ainda mais cedo do que a gente.
































Entre conversas e causos, o Alberto nos contou uma de suas vivências na montanha. Disse ele que certo dia deixou sua mochila do lado de fora da barraca, quando de repente foi despertado pelo barulho de alguma coisa mexendo nos seus equipamentos. Quando foi olhar, viu um lobo fugindo do local, levando entre os dentes um dos seus mosquetões. Logicamente esse relato foi motivo de brincadeiras e gozações infinitas em cima do nosso nobre amigo... Um lobo escalador! Muito inusitado!













Três horas e vinte minutos depois da partida atingimos o cume. 















Fazia quase trinta anos desde a última vez em que estive lá, em uma daquelas nossas brincadeiras de fim de semana durante o curso na AMAN. 

O visual é impressionante! O céu estava completamente azul. Ao longe, a leste, via-se o vale do Paraíba e, mais longe ainda, a Serra do Mar. Ao Sul, o contorno da Serra Fina. Ao norte e a oeste mais morros e terras a perder de vista. Comemoramos com abraços e votos de congratulações. Muito bacanas esses momentos. Simples, mas incrivelmente gratificantes. 

























Ficamos quase uma hora por lá, apreciando a paisagem, fazendo um rápido lanche, conversando, tirando fotos e curtindo o momento. 




















A descida, praticamente pela mesma rota de ascensão, demorou cerca de três horas e transcorreu sem problemas, mas o cansaço físico da brincadeira começou a cobrar o seu preço. 





























Chegamos de volta ao local do camping por volta das 14:30. Havia um monte de gente por lá, a maioria de visitantes que sobem pra passar o dia e retornam à cidade no final da tarde. 

Tiramos um tempinho pra fazer um lanche e na sequência fomos aproveitar os últimos momentos de sol pra tomar um banho (super frio) de cachoeira, em um local distante cerca de meia hora de onde estávamos. 












O pôr do sol ao final dessa tarde foi digno de uma atenciosa contemplação, um verdadeiro espetáculo acompanhado tranquilamente de cima de uma pequena elevação próxima. Pode não parecer, mas essas empreitadas dão um certo trabalho para serem implementadas, mas em momentos como esse todo esforço parece recompensado e a gente sempre se pergunta: "por que não vim antes? por que não venho mais vezes?". Bom demais.
















(Foto aérea)





No comecinho da noite fizemos um jantar reforçado, arrumamos tudo para o dia seguinte e "cama".

No domingo novamente levantamos com o nascer do sol. Mais um belo dia nos dava as boas vindas. 

Às sete e meia iniciamos nossa caminhada ao Pico das Prateleiras. A investida a essa elevação é um pouco mais rápida do que a do Agulhas, em compensação há mais trechos técnicos e talvez um pouco mais difíceis de serem transpostos do que na escalada do dia anterior.





















A certa altura, em um ponto um pouco mais inclinado e mais exposto, nosso guia Alberto subiu na frente e do alto lançou a corda para nos prover segurança, alertando, no entanto: "segura, mas não puxa forte não, hein!". Mais um motivo para nós cairmos na gargalhada e nas gozações: como assim, uma corda de segurança em que não se pode apoiar com força? Apesar da brincadeira, entendemos sua intenção: o objetivo da corda era apenas dar um "apoio psicológico"... [risos]






















































Duas horas e meia após o início, atingimos o cume, maravilhados com o lindo visual e com o dia espetacular - céu perfeitamente azul com um belo sol brilhando no firmamento, parecendo em movimento com a Terra girando velozmente ao seu redor. Creio que todos ficamos muito gratos pelo momento.




























Apesar das condições do clima estarem perfeitamente límpidas, ventava bastante. Sentado no topo, apreciando a paisagem, observei um camarada de um outro grupo que estava lá preparando um drone pra decolar. Além do vento forte, o espaço disponível pra decolagem era diminuto. Pensei com os meus botões que não era uma boa ideia tentar voar um drone naquelas condições. O sujeito, no entanto, avaliou que não haveria problema, acionou os motores e arrancou com o aparelhinho pra cima. Tão logo foi atingido pela primeira rajada de vento a pequena aeronave foi arremessada contra o próprio carinha que estava pilotando, que, por uma fração de segundo, desviou o rosto das hélices em alta rotação. A cerca de três metros dessa cena, senti um frio na espinha só de imaginar o grave acidente que foi evitado por muito pouco, quase por acaso. 

O rapaz fez um voo nervoso de poucos minutos com o pequeno drone, que nitidamente não conseguia estabilizar em função do forte vento, e veio para o pouso. Outro sufoco. Viu que não conseguiria pousa-lo sobre o solo e, em função disso, pediu ajuda ao Guilherme, que estava mais perto, pra aparar o aparelho com as mãos, em pleno voo - uma manobra arriscadíssima já em situação normal, imagine numa condição daquela! O Guilherme tentou e não conseguiu segurar o agitado equipamento, até que o Alberto, que também estava próximo, se adiantou e meio que agarrou a maquininha por baixo, num gesto de alto risco. Por sorte deu tudo certo, mas foi um voo totalmente fora das mínimas condições de segurança, o que serve como lição do que não fazer com esses equipamentos. 























































Feita a desescalada, retornamos ao local do camping seguindo parte da trilha conhecida como Couto-Prateleiras, no sentido inverso (das Prateleiras para o morro do Couto), e às duas da tarde estávamos de volta à nossa base. 








































Demos assim por encerrada nossa atividade na montanha. Desmontamos nosso acampamento, arrumamos nossas coisas e descemos de carro até a estrada de asfalto, na Garganta do Registro, onde fizemos um lanche nas barraquinhas do local, brindamos ao sucesso do nosso passeio e nos despedimos - o Felipe, o Guilherme e o William pegaram a estrada de volta às suas casas, e eu ainda ficaria alguns dias na região.

No final das contas fica a sensação de que foi muito bacana a brincadeira. Em três dias vivemos momentos cujas lembranças nos acompanharão, certamente, por muitos anos, por mais simples que sejam. 

É impressionante a capacidade de uma vivência como essa de nos desconectar do nosso mundo cotidiano, tanto no aspecto físico quanto, principalmente, no psicológico/ mental. 

O tempo passado na montanha (assim como em outros ambientes fora do habitual) parece ter outra dimensão. De repente todos os nossos problemas, referências e avaliações parecem tomar outra perspectiva. Essa é a beleza e a graça dessas pequenas viagens - levar-nos para longe de nós mesmos, mostrar-nos que o nosso mundo do dia-a-dia é apenas "um dos muitos mundos possíveis", e não o único e incontornável. 

A fraterna e alegre convivência entre amigos em um ambiente como esse é um valor ainda mais relevante do que o encontro com a natureza em estado bruto. Essas relações oxigenam nosso ânimo e dão significado às nossas ações.

Que sejamos sempre capazes de nos manter leves, de ir longe, de permanecer humildes e de enxergar valor nas coisas simples da vida e do mundo à nossa volta. 

Vamos juntos?















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Nos três dias seguintes hospedei-me na casa de um amigo nas imediações dessa região em que estivemos e aproveitei pra fazer uma vivência de ficar a sós comigo mesmo, apreciando o silêncio, o visual mágico das montanhas ao redor e um pouco da capacidade operacional da minha bicicletinha pelas estradas das redondezas. 





































































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Equipamento:

Há alguns meses, devido a uma série de razões, acabei vendendo o Troller [três anos e meio e quase 60 mil km de excelentes serviços prestados]. Não foi uma decisão fácil... Gostava muito daquele carrinho, mas as coisas são como são e não como gostaríamos que fossem.


Após algumas semanas e muita reflexão sobre que carro adquirir a fim de preencher a lacuna deixada, resolvi optar pelo Jeep Renegade (versão Trailhawk, diesel, 4x4).  E posso dizer, apesar do pouco tempo de uso, que estou muito satisfeito com o novo equipamento. 

É lógico que não tem algumas admiráveis capacidades off road do Troller, mas em compensação tem outras admiráveis capacidades que compensam aquelas com boa margem de lucro. 

Diria que o Troller é como uma autêntica Mountain Bike (um tratorzinho bruto), e o Renegade seria como uma boa Gravel Bike (boa no asfalto, boa numa estradinha de terra, mais ergonômica e mais ágil de forma geral). Bom demais!







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  • Agradeço sinceramente aos companheiros dessa jornada, Felipe, Guilherme e William, pela amizade, parceria e boa convivência nestes dias que passamos juntos. Vamos pensar nas próximas!

  • Agradeço também aos amigos D'Ângelo, Professor Theo e Sirpa, pelo apoio irrestrito e boas conversas nos encontros que tivemos. Foi realmente muito bom. 

  • Muito obrigado também ao nosso guia Alberto, pela boa vontade, competência e espírito participativo. Espero nos revermos em próximas oportunidades.


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"O silêncio do corpo - era assim que os gregos antigos
definiam a saúde e o bem-estar físico dos homens.
Aprendamos a ver por esses caminhos:
é quando nada existe, como imagem e aparência,
que a perfeição está próxima.
Como a saúde é o silêncio do corpo,
a sabedoria é o silêncio da mente -
uma quietude que nada tem a ver com a inércia e a preguiça.
Ao contrário, ela é uma forma abençoada de ação."

(Luiz Carlos Lisboa)



Gratidão




Força Sempre