Tiger 900 Rally Pro

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sábado, 29 de maio de 2021

Final de semana no campo, Campo Alegre - SC, 14 a 16 de Maio de 2021

 






Nesse final de semana saímos, em família, em busca de uma mudança de ares e de um pouco do silêncio da vida no campo.

Alugamos uma casa (via Airbnb) na região rural de Campo Alegre - SC, distante cerca de duas horas (de carro) de Curitiba (e ainda com um trechinho de uns 30 km de estrada de terra, por essa caminho que fizemos), e demos uma desligada do ritmo cotidiano.

Tanto a casa quanto o local em que ela se situa foram uma grata surpresa, muito mais aconchegante e inspirador do que as fotos disponíveis na plataforma sugeriam. 

E tivemos, enfim, um agradável e reconfortante final de semana. Fizemos caminhadas curtas nas redondezas, curtimos o fogo da lareira, a decoração e arrumação cuidadosas do ambiente, dedicamos algum tempo à cata dos muitos pinhões espalhados em volta (18 kg no total!), e sobretudo, deliciamo-nos com essa impagável sensação de isolamento, silêncio e proximidade da natureza.

É incrível como certos lugares e regiões tem a capacidade de nos cativar de forma especial e mesmo arrebatadora. Dá vontade de não voltar mais para o agito da cidade.

E, afinal, o que é realmente importante nessa nossa curta vida?
































































































































































































































































































































































Catando pinhões:














































































"O encontro da alma com a beleza faz a poesia,

convida à contemplação, aproxima da música -

e deixa depois uma espécie de saudade que nos faz humildes com a vida

e descontentes com todas as formas de banalidade."

(Luiz Carlos Lisboa)






Gratidão


Força Sempre











sexta-feira, 7 de maio de 2021

Viagenzinha de moto ao Camping Fazenda Ventania, Rio dos Cedros - SC, 29 e 30 de Abril de 2021

 




Arquitetei essa pequena viagem meio que aleatoriamente, usando como base apenas algumas ideias conceituais: dar uma rodada, conhecer um lugar em que nunca havia estado, passar a noite na barraca, dar uma desligada do ritmo cotidiano, curtir a motoca.

Mas confesso que essa aleatoriedade toda às vezes embaralha um pouco os pensamentos, no sentido de que, a rigor, em saídas assim, pode-se ir efetivamente pra qualquer lugar, e aí o problema é selecionar entre muitas e diversas opções, e confiar que a escolhida atenderá aos objetivos propostos.

Creio que a chave para a satisfação nessas viagenzinhas (como, afinal, para muitas outras situações da vida) seja não esperar muito em troca, estar mesmo aberto ao que vier e curtir o caminho, tanto quanto o destino.

Nesse caso o destino escolhido foi um camping encravado no interior da cidadezinha de Rio dos Cedros, em Santa Catarina, distante cerca de 200 km de Curitiba. Fiz uma pesquisa básica a respeito do lugar, um contato prévio com a pessoa que cuida do espaço, arrumei minhas coisas e pus-me a caminho.

O trecho de desafio do percurso ficou por conta da estradinha de terra que leva ao pretendido camping (cerca de 60 km, ida e volta até o asfalto). Nada muito difícil, mas quem já andou de moto em estrada de terra sabe que é bem diferente de andar em estrada pavimentada. Muda tudo. Tudo fica mais instável, mais sensível, mais arriscado mesmo. É preciso ativar e usar conexões cerebrais que normalmente ficam em standby. A sorte é que o tempo estava bom, sem sinal de chuva, o que muito contribuiu para a sensação de ânimo na investida. 

A tensão desses momentos mais incertos nos faz pensar por que nos metemos em tais situações, mas passado o aperto vem a recompensa, na forma de uma sutil satisfação pela superação e naquela sensação de querer vivenciar mais da brincadeira.

Cheguei ao destino no meio da tarde da quinta-feira. Fui recebido por uma moça na recepção, que me deu as orientações necessárias sobre o espaço e me deixou à vontade.

Tudo muito bem organizado, limpo e decorado com bom gosto, ao estilo rústico/ despojado. Só havia eu no amplo espaço destinado à montagem de barracas (soube que nos finais de semana, no entanto, costuma ficar cheio, e só aceitam clientes mediante reserva). Grata sensação de sossego e solitude. O visual em volta era inspirador. O silêncio, envolvente. 

Dediquei as horas restantes de luz pra armar meu acampamento, dar uma caminhada pela redondeza e curtir o ambiente.

Dormir no aconchego da minha pequena casa, no mais absoluto silêncio, eliminou por completo qualquer dúvida que ainda pudesse haver sobre a validade da empreitada. Realmente muito bom. 

Na manhã seguinte acordei sem pressa, tomei meu café, fiz mais umas caminhadas por perto, visitando um belo rio e cachoeira, onde me permiti mais de uma hora de serena contemplação, ao som tranquilizador da água correndo por entre as pedras, passarinhos cantando e raios de sol dançando por entre as nuvens e folhagens das árvores.

Interessante observar, nesses momentos, os próprios pensamentos e sentimentos. Como se formam? Que caminhos seguem? Qual a ligação entre eles? Por que surgem? Como a mente reage quando "não há nada para fazer", nada exatamente prático em que ela se apoiar? O que parece é que somos seres muito instáveis e naturalmente "em busca" de algo. Ou será que não? [risos]

Por volta do meio dia iniciei o caminho de volta, fazendo um percurso um pouco diferente do realizado na ida, com um belo trecho de serra em direção à cidade de São Bento do Sul, e a partir de lá seguindo por estradas secundárias até próximo de Curitiba, afortunadamente em uma bela tarde de sol e temperatura amena.

A certa altura parei pra abastecer em um posto em uma dessas cidades do caminho, e na sequência encostei a moto num canto e, tomando uma água, fiquei observando o incessante fluxo de carros e pessoas em volta, todos apressados, todos envolvidos em suas rotinas, meio que autômatos, realizando procedimentos pré programados. Me senti como um personagem fora da realidade da cena, em um momento meio divertido, meio curioso, de se sentir um autêntico forasteiro num lugar qualquer. E a vida é assim... Corremos de um lado pro outro, feito formigas num formigueiro, até que nos damos conta, de repente, que a vida passou, que já era. 

E a Tiger vem cumprindo com total maestria o seu nobre papel de um belo cavalo mecânico ágil e divertido. Evidentemente, como sabemos, cada equipamento tem suas características operacionais próprias, que envolvem vantagens e desvantagens em relação a similares, mas "noves fora" pode-se afirmar, sem medo de errar, que a motinha é show, puro prazer ao pilotar. Mas ainda há muito o que explorar e testar, certamente. Vamos aos poucos, sempre em frente.

É isso. Passeio rápido, mas bom demais.

Vamos juntos?





1º dia:










































































2º dia:





































































































































A felicidade está na simplicidade (?)


Observando essa simpática plaquinha, postada casualmente ali na área do camping, me pus a refletir sobre esse sugestivo aforismo. Pra começo de conversa seria preciso definir o que é essa tal felicidade e essa tal simplicidade, mas fiquemos no conceito mais usual e aparente desses termos. Penso que felicidade não é algo que se é ou não (tipo: você é feliz?), mas, na melhor das hipóteses, um estado em que se está ou não (tipo: você está feliz?), posto que as circunstâncias da vida mudam a todo momento. "Ah, mas felicidade é um estado de espírito, e não das circunstâncias!" poderiam dizer os otimistas de plantão. Não, não, calma ai! Não dá pra ser só um estado de espírito. Não dá pra estar feliz com fome, por exemplo. 

Mas talvez também fosse mais razoável considerar a felicidade numa perspectiva de escala, situada em algum ponto entre o mais e o menos, digamos assim. Dessa forma escaparíamos da assertiva dicotômica "sim ou não", migrando para algo mais flexível, como "estar mais (ou menos) feliz com essa ou aquela situação, em comparação àquela outra".

Mas, mais do que isso, confesso que acho mesmo essa tal felicidade mais uma dessas utopias que nossas ilusões inventam e que, no final, as pessoas acreditam, e acabam se tornando mais uma dessas metas inatingíveis do que propriamente um parâmetro saudável. Até mesmo essa história de estar feliz (o que já é uma redução para "ser feliz") é meio que forçar a barra dos fatos da vida, posto que até mesmo nos nossos melhores momentos paira sempre a certeza da fugacidade, e mais do que isso, a certeza da incerteza, de que pode estar tudo bem naquele momento, mas no seguinte pode não estar. Como estar feliz (ou ser feliz) num cenário sempre tão inconstante e volúvel?

E ainda tem a questão do âmbito que se considera para se supor esse estado de felicidade, no sentido de que pode estar tudo bem comigo (ou contig0), naquele momento específico, mas e com os demais (pessoas que se ama, amigos, o mundo)? "Ah, mas aí não dá pra considerar todo mundo, né?" Ah, não?! Então essa felicidade será sempre um sentimento meio egoísta, circunscrito ao grupinho próximo? Olha, fica difícil fechar essa equação desse jeito!...

E o mesmo ocorre com a tal simplicidade. Mais uma dessas utopias pra iludir os desavisados. É uma pena, porque é um belo conceito, mas nada na vida é simples, a começar pelos nossos corpos físicos, passando por todo o ambiente que nos rodeia, e afinal, todo esse vasto universo que nos intriga e instiga. E nem vamos falar da nossa psique, nossos pensamentos, nossos anseios, nossa consciência! Tudo é um grande e misterioso labirinto. Nem mesmo sair pra dar uma caminhada é necessariamente simples. 

Portanto, senhoras e senhores, "a felicidade está na simplicidade" é uma bela frase pra ornamentar placas fofinhas em campings bem arrumados, mas creio que bem pouco efetiva. 

Ok, pode ser um pouco de exagero da minha parte colocar as coisas nesses termos. Na verdade, é lógico que entendo o sentido e a intenção da tal frase. Pra não causar discórdia ou polêmica, fiquemos com o aspecto ornamental e deixemos o filosófico pra lá... [risos]. Bons ventos nos guiem!

E você, o que acha?





***   ***   ***








Por esses dias andei lendo "Da tranquilidade da alma", de Sêneca, do qual transcrevo abaixo alguns trechos:


"Confesso que tenho um grande amor pela parcimônia: agrada-me uma cama que não seja adornada de modo exagerado, sem vestes retiradas da arca e prensadas pra recuperar o brilho. Prefiro roupas que sejam caseiras e baratas e que, sem exageros, sejam conservadas e guardadas para o uso."

"Quando algo insólito me atinge, eu que não estou acostumado a tais impactos; quando acontece algo indigno, tal como, rotineiramente, acontece na vida, ou alguma coisa de difícil resolução; quando fatos pequenos e sem importância tomam muito tempo, volto-me para o meu retiro."

"Não há nada mais relaxante do que ficar entre as paredes do nosso lar. Neste local, a alma fica dedicada a si mesma, pode ser cultivada, nada nem juízo alheio pode afetá-la. Livre dos cuidados particulares e públicos, dedica-se à tranquilidade."

"Não há razão para para pensares que a adulação alheia nos é mais perigosa do que a nossa própria. Quem ousa dizer a verdade para si próprio?"

"É necessário que tenhas confiança em ti mesmo e creias que vais pelo caminho reto, sem se deixar chamar para veredas transversais como de muitos que vão de um lado para outro, enquanto alguns se extraviam bem próximos do caminho."

"O que tu queres, pois, é grande, de máxima importância e próximo de um deus: não ser abalado. Eu chamo isso de tranquilidade."

"Investiguemos de que modo a alma deverá prosseguir sempre de modo igual e no mesmo ritmo. Ou seja, estar em paz consigo mesmo, e que essa alegria não se interrompa, mas permaneça em estado plácido, sem elevar-se, sem abater-se."

"Seguimos a nós mesmos e não conseguimos jamais nos desembraçar de nossa própria companhia! Assim, devemos saber que o mal contra o qual trabalhamos não vem dos lugares, mas de nós mesmos; somos fracos para tolerar qualquer incômodo, não suportamos trabalhos, prazeres, desconfortos por muito tempo."

"Se te recolhes aos estudos, fugirás de todo o fastio da vida. Não será porque te aborrece o dia que escolherás a noite, nem a presença de pessoas te será excessivamente pesada. Atrairás a amizade de muitos homens e também os melhores acorrerão a ti. Isso porque a virtude, ainda que esteja obscura, nunca se esconde, mas emite os seus sinais. Quem quer que seja digno dela captará os seus vestígios." 

"Se o destino prevalece e impede a faculdade de agir, não fuja logo dando as costas desarmadas, buscando onde se esconder, como se existisse algum lugar onde se possa escapar do destino."

"Por isso, nós, com grande ânimo, não nos enclausuramos nas muralhas de uma única cidade, mas temos comunicação com a Terra inteira e proclamamos que a nossa pátria é o mundo, para dar à virtude um mais largo campo de ação."

"Se o destino te afasta dos cargos de poder da república, ainda assim permanece firme e ajuda com teus brados inflamados. Se alguém te aperta a garganta, permanece firme e ajuda com teu silêncio. Nunca é inútil o trabalho de um bom cidadão. Ele sempre coopera seja pelo que ouve ou pelo que vê, seja pela fisionomia ou pelos gestos, seja pela tácita obstinação ou até pelo modo como caminha."

"Por que tu pensas que é de pouca utilidade o exemplo daquele que, em recolhimento, vive bem?"

"Um homem de valor sempre está rodeado de perigos iminentes e, mesmo morrendo entre as armas e as algemas, não macula a sua virtude nem a esconde, porque foi guardada e não enterrada."

"Se te coube viver num tempo menos propício da república, deves te dedicar mais ao repouso e às letras, tal como, numa navegação perigosa, encontras abrigo num porto. Não esperes então que os negócios te deixem, mas tu mesmo deves te desprender deles."

Deves considerar, pois, se a tua natureza te torna mais apto para as ações ou para o estudo ocioso e contemplativo, e deves te inclinar ao que com força te atrai. (...) Talentos forçados respondem mal; se a natureza é relutante, o trabalho é infrutífero."

"Nada, pois, é mais proveitoso a uma alma do que uma amizade fiel e doce. Quão bom é encontrar corações preparados para guardar todo segredo. Tu temes menos a consciência deles que a tua própria. A conversa deles alivia a solidão. As sentenças deles se tornam conselhos. O seu gracejo dissipa a tristeza, a própria presença deleita!"

"É mais tolerável e fácil não adquirir do que perder, e por isso verás mais alegres a quem a sorte nunca olhou do que aqueles a quem sorte abandonou."

"Mais feliz é quem não deve nada a ninguém a não ser a si mesmo, a quem é fácil negar."

"Com relação ao dinheiro, o melhor critério consiste em não cair na pobreza nem dela afastar-se totalmente. Esta medida de contenção só nos agradará se antes tomar-se gosto pela parcimônia, sem a qual nenhuma riqueza é o bastante."

"Aprendamos a cultivar o comedimento, a refrear a luxúria, a moderar a ânsia de glória, a suavizar a ira, a olhar com simpatia a pobreza, a cultivar a frugalidade."

"Sabendo das desgraças para as quais nascemos, a natureza fez do hábito um alívio para a calamidade, tornando logo costumeiras as mais graves. Ninguém resistiria se a força das coisas adversas fosse a mesma na continuidade como é no primeiro golpe."

"Estamos algemados ao destino. Para alguns, as algemas são douradas e frouxas; para outros, são apertadas e sórdidas. Que diferença faz?"

"Enfim, toda vida é servidão."

"Cada qual, portanto, deve conformar-se à sua condição e, queixando-se dela o mínimo possível, apreender tudo o que ela tem de favorável. Não existe nada de tão amargo que não encontre consolo num alma equilibrada."

"Saibamos que todas as coisas são igualmente volúveis; embora exteriormente possam ter diversas faces, por dente são igualmente vãs."

"Tem consciência de que a vida é algo que lhe foi dado de empréstimo e, por isso, sujeita à restituição, sem tristeza, quando lhe for reclamada."

"Se a natureza reclama suas dádivas, já que foi ela, primeiro, que nos nos deu, eu diria: "Recebe essa alma melhor do que quando a concedeste". Não sou evasivo nem fujo. Acolha-a pronta e acabada de quem a recebeu. Leva-a."

"Retornar de onde se veio, qual é o problema disso? Mal vive aquele que não sabe morrer bem."

"Assim, pois, primeiro deve-se diminuir o valor disto e situar a vida na categoria de coisa descartável."

"Considerando o que quer que possa ocorrer no futuro, suavizará o impacto de todos os males, porque, para os que estão preparados e esperando, não trazem nada de novo. Vêm graves apenas para os que estão descuidados e esperam apenas coisas felizes."

"Certamente a alma deve ser resguardada de todas as coisas externas. Confia em ti. Alegra-te contigo. Afasta-te o quanto podes das coisas alheias. Dedica-te a ti mesmo. Não te sensibilizes com prejuízos materiais. Enfim. procura interpretar com benevolência os fatos adversos."

"Deve-se, pois, aceitar todas as coisas e suportá-las com bom humor. É mais adequado à natureza humana rir que lamentar a vida."

"É necessário, de vez em quando, afrouxar as rédeas, para interromper, de leve, a moderação e levá-la à exultação e à liberdade."

"Enquanto o espírito está atrelado a si mesmo, o sublime fica inatingível. É necessário que se afaste do costumeiro, que se liberte e, soltando o freio, arrebate consigo o cavaleiro, que é conduzido às alturas, aonde jamais chegaria só por si mesmo."




***   ***   ***




"Caminho sozinho, sempre sonhador,

e meu suspiro pergunta: para onde?

A voz dos espíritos me responde:

onde não estás, está a felicidade."

(Lied alemão, citado por Emil Ludwig em 'Os alemães')





Gratidão



Força Sempre