Tiger 900 Rally Pro

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domingo, 24 de julho de 2022

Remada em caiaque oceânico de Guaraqueçaba-PR a Cananéia-SP, 13 a 15 de Julho de 2022

 






Viagem de caiaque de Guaraqueçaba a Cananeia
85 km em dois dias de remada



*em parceria com 
Felipe Amante e
Newton Adriano Weber



Dando prosseguimento ao nosso passeio [conforme relatado na postagem anterior - clique aqui pra acessar], na quarta-feira, dia 13, acordamos às seis da manhã e de imediato iniciamos as arrumações finais pra iniciar a remada. E essa logística sempre demanda certo trabalho. Organizar tudo, colocar cada coisa no seu lugar, tentar não esquecer de nada, manter o foco nas soluções, etc. É uma sequência de pequenas tarefas que requer certa disposição e método pra funcionar.

Às oito horas estávamos dando as primeiras remadas, saindo de Guaraqueçaba. O céu, conforme a previsão, estava totalmente nublado, com prenúncio de chuva. Havia uma espessa neblina envolvendo tudo, deixando aquele aspecto de mistério no ar.

O plano pra esse dia era ir até a cidadezinha de Ariri, já no estado de São Paulo, passando pelo Canal do Varadouro, que é uma região de lagamar, com aparência de rio, bem abrigada do mar aberto.

Logo percebemos que as condições climáticas não iriam melhorar ao longo do dia. Pelo contrário, algum tempo depois, a garoa se transformou em chuva fina e a temperatura ambiente caiu sensivelmente. O jeito foi focar no ritmo da remada e procurar gerar calor de dentro pra fora.

É lógico que esse tipo de condição não é a ideal e está longe de ser aprazível, no entanto, vista pelo ângulo “certo”, também tem o seu charme, digamos assim. Tudo fica mais silencioso, mais introspectivo, menos óbvio.

Com rápidas paradas pra lanche, já que o frio não convidava a intervalos mais longos, fomos tocando os barcos, literalmente.

Usamos nessa remada os caiaques emprestados do Newton. O Felipe remou o Kayapó (vermelho), eu o Inuk 560 (verde) e o Newton ficou com o Eclipse Artic (branco).

O dia passou nessa tocada e às quatro horas da tarde chegamos a Ariri e hospedamo-nos numa pousada local, muito satisfeitos por termos cumprido o que nos propusemos a fazer, mas bem cansados também.

E a previsão de chuva e tempo ruim continuava para o dia seguinte. Conversamos sobre se valeria a pena encarar a próxima pernada naquelas condições, mas não decidimos nada naquele momento. Vai que a previsão falha e amanhece um lindo dia.

Mas não foi o que ocorreu. Na manhã seguinte o céu continuava fechado e desde cedo com uma garoazinha constante. Tomamos o café da manhã e voltamos a conversar sobre se partiríamos ou não. A alternativa era tirar o dia de folga e prosseguir no seguinte. Pesados os prós e contras, chegamos à conclusão que valeria mais a pena esperar a melhora prevista nas condições climáticas e seguir somente no dia seguinte.

Decisão tomada, fomos à execução, ou seja, descanso, conversa, exercitar a paciência e deixar o mundo rodar. Na hora do almoço o Felipe e o Newton ainda acharam um enorme peixe linguado na geladeira da pousada, e com a anuência do proprietário, é lógico, prepararam-no na churrasqueira, com batatas ao forno, observando os ritmos da maré ali do lado, com aquela nítida e gostosa sensação de não ter muito mais o que fazer naquele momento. Aquele "day off" até que veio em bora hora. 

Ariri é uma cidadezinha de cerca de 500 habitantes, com apenas uma rua principal, pequeno comércio e aquele ritmo lento característico desses lugares. Tudo lá funciona em torno da pesca, tanto dos locais quanto dos muitos turistas que vem de fora. O único problema são as malditas “porvinhas”, mosquitinhos minúsculos que parecem invisíveis e são especialistas em incomodar a vida dos viajantes desavisados. Mas faz parte do show.

Cumprido o ritual de espera, na sexta-feira despertamos determinados a levantar âncora. De fato as condições estavam mais animadoras, com pontinhas de céu azul entre nuvens e uma temperatura mais agradável.

Às oito e pouco lançamo-nos à água. Uma característica marcante dessa região é a influência da maré na direção e velocidade da correnteza. Dependendo da hora, a maré pode estar em uma ou outra direção, mais forte ou mais fraca. Uma série de variáveis influenciam esses efeitos, daí que, uma hora ou outra, sempre nos víamos com a maré contra, o que impactava diretamente tanto no ritmo da remada quanto na força que tínhamos que fazer nos remos.

A primeira parte desse trecho rendeu bem. Com um céu azul por cima, um solzinho agradável aquecendo a alma e uma linda paisagem em volta, tudo ia bem. Até que, em certo momento, ao fazer uma manobra de transferência da câmera Gopro do suporte que tinha no colete para o suporte fixado no convés do barco, em um segundo de vacilo a maquininha me escapou das mãos e foi pra água. Putz! Como estava bem próximo da margem ainda virei o barco intencionalmente na tentativa de alcançá-la, mas foi em vão. Tentamos ainda alguns minutos de busca, tateando o fundo com os pés, mas certamente não seria fácil encontrá-la, pois havia muita lama e um fundo instável, além da área de busca que já não tinha muita certeza de estar correta. Foi-se! E com ela as fotos tiradas naquele dia até então. Sorte que havia trocado o cartão de memória no dia anterior, e com isso evitei a perda de todas as outras fotos tiradas nos últimos dias.

(As fotos aqui apresentadas, referentes a essa segunda pernada de remo, foram feitas com outra câmera que tinha em mãos, uma Nikon Coolpix AW 130)

Analisando o ocorrido, fica claro que caí na velha armadilha do excesso de confiança. Havia feito essa manobra de troca de suportes tantas vezes que achei que estava dominando a situação, quando estava claro que não. Enfim, fica a lição aprendida. Segue o baile.

No começo da tarde chegamos ao local em que o canal abrigado em que vínhamos remando se encontra com uma grande área conhecida como Mar Pequeno, de frente para a Ilha de Cananeia, bem próxima da barra com o mar aberto. Como estava ventando muito, pegamos uma condição de mar bem mexido, com muitas ondulações, o que tornou a brincadeira um pouco mais tensa.

Atravessamos para a ilha com a intenção de contorná-la pelo leste até a cidade de Cananéia, mas quando chegamos lá reavaliamos e achamos melhor fazer a volta por dentro mesmo. Nesse ínterim o barco do Newton havia arrebentado um dos cabos de comando do leme, o que o deixou sem controle de direção e com a estabilidade bem comprometida. Fizemos uma rápida manobra de reboque, com o Felipe puxando o barco dele, até um local mais abrigado que permitiu, então, fazer o conserto do cabo rompido.

Problema resolvido, tocamos em frente, agora novamente por um local abrigado do vento e das ondulações. Chegamos ao nosso destino, um atracadouro junto à balsa que faz a ligação com o continente, no final da tarde, sob uma linda luz dourada do pôr do sol.

Achamos um local pra guardar os barcos e pegamos um taxi para o centro da cidade, onde achamos uma pousadinha pra passar a noite, e assim demos por encerrada a nossa viagem.

De lá, no dia seguinte, conforme havíamos previsto, o Felipe retornou pra São Paulo e eu pra Curitiba, de ônibus. E o Newton, como remador raiz que é, voltou remando sozinho pra casa, em Guaraqueçaba, em mais dois dias, e ainda por cima puxando os outros dois barcos. O cabra é valente!

É isso. No final das contas ficam mais algumas boas lembranças pra guardar na memória, a amizade reforçada e essa sensação impagável de ter passado alguns poucos dias de cara com o mundo, percorrendo caminhos inéditos ou não, “sofrendo” com as dores físicas, lidando com o cansaço, o tempo e a distância, apreciando o céu, o vento, o sol, a chuva, vivendo as incertezas, pensando na vida, ou em nada, e curtindo lindíssimas paisagens dessa singular perspectiva que nos acompanha sempre, nosso próprio olhar.

Valeu! Bom demais!





1º dia: Guaraqueçaba a Ariri, 7h 51min, 41,5 km















Saída de Guaraqueçaba, de manhã cedo











































































































































































2º dia: Ariri a Cananéia, 9h 8min, 44,5 km
























Armadilha pra pegar peixe, comum na região







Os bonitos e famosos guarás, relativamente comuns na região












































































Local em que paramos pra consertar o cabo do leme do barco do Newton
































































P.S:

1) Meu muito obrigado aos companheiros de jornada, Felipe e Newton, pela parceria, comprometimento e boa disposição em todos os momentos. Valeu demais!

2) O Newton trabalha como guia de roteiros de canoagem nessa região, inclusive com todos os equipamentos necessários disponíveis pra locação. Para contatá-lo procure por @vivaguaraoutdoor no instagram. 












Gratidão





Força Sempre