Tiger 900 Rally Pro

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terça-feira, 9 de maio de 2023

Remada na Baía de Antonina, participação no 3º ECPRSP, 28 a 30 de Abril de 2023

 







Remada na Baía de Antonina

Participação no Terceiro Encontro de Canoístas
 vindos do Paraná e de São Paulo

3 dias, 70 km remados
*em parceria com Ricardo Vicentini e
demais companheiros do encontro

Paulo Saczuk Jr
Leonardo Esch
Luiz Ernesto Merkle
Márcio Figueiró Ferreira
Alexandre Ricardo Alves
Daniel Pereira
Aguinaldo Manholer
Marcelo Eduardo Lopes
Marcelo Alves de Camargo
Luiz Augusto Merkle
Raphael Pires de Campos

  







O Terceiro Encontro de Canoístas vindos do Paraná e de São Paulo teve iniciativa e organização do nosso amigo Marco Antônio Bednarczuk, o Marcão. A ideia, como nos encontros anteriores, era reunir remadores locais e visitantes de estados vizinhos para remar junto, trocar experiências e curtir o momento.

O lugar escolhido nesse ano foi a simpática cidade de Antonina, situada às margens da enorme baía que leva o mesmo nome da cidade. A organização do encontro previa uma remada com todos os participantes no domingo, dia 30 de abril, e um jantar de confraternização à noite.

O encontro foi sediado no Clube Náutico de Antonina, que nos recebeu gentilmente, disponibilizando local para acampamento, rampa de acesso à baía e restaurante.

Com a intenção de aproveitar melhor a viagem, eu e o amigo Ricardo Vicentini combinamos de descer para o litoral já na sexta-feira, e assim ter os dois dias anteriores pra fazer umas remadas por conta própria nas redondezas, que havia tempo queríamos explorar.

Dessa forma, na sexta-feira de manhã cedo estávamos na estrada, e logo chegamos ao local que seria a sede do Encontro (uma hora e meia de deslocamento), tendo sido os primeiros a chegar lá para o evento.

O tempo, no entanto, não estava nada auspicioso. Contrariando a previsão meteorológica, chovia consistentemente em toda a região.

Montamos as barracas debaixo de uma chuva fina e ficamos o resto da manhã batendo um bom papo no restaurante ao lado, observando o céu pra ver se havia chance de uma abertura.

Por volta das duas da tarde a chuva deu uma trégua e resolvemos colocar nossos barquinhos na água. Remamos por cerca de três horas, contornando a Ilha do Corisco, ali perto, pelo sentido horário, sob um céu cinza chumbo e um silêncio envolvente ao redor.

De volta ao Clube Náutico de Antonina, verificamos que o gramado onde estavam montadas as barracas estava completamente encharcado, e as condições seguiam propícias para que fizéssemos um bom teste de impermeabilidade dos nossos casulos.

Apesar das condições um tanto adversas, acho que conseguimos descansar bem. Na manhã seguinte o amigo Aguinaldo Manholer chegou de Curitiba e se juntou a nós, mas trouxe a triste notícia de que o nosso amigo Marcão, que havia promovido e organizado todo o evento, não iria comparecer, devido a um problema de saúde de última hora.

Às oito horas, depois de tomar o desjejum e organizar os barcos, estávamos prontos pra ir pra água, mas a chuva voltou insistente. Abrigamo-nos debaixo de uma marquise e pusemo-nos a bater papo e esperar. Às dez horas deu uma estiada e resolvemos sair pra remar. A ideia era subir o Rio Cachoeira, cuja foz se encontra a poucos quilômetros do local onde estávamos.

Partimos então, ainda sob um céu com cara de chuva e aquela luz opaca permeando tudo. Remamos praticamente o dia inteiro, por cerca de sete horas. Subimos o rio até o ponto em que há uma corredeira, que seria um pouco mais difícil e um tanto arriscado passar.

O trajeto é um cenário espetacular, em termos de natureza intocada e sensação de isolamento. Cruzamos tão somente com dois ou três pescadores e um ou outro vestígio de habitação aqui e acolá. O tempo meio que deu uma firmada, mas continuou nublado o durante todo o dia.

Conforme fomos subindo, o rio foi se estreitando e a correnteza ficando mais forte. A certa altura, estávamos fazendo muita força com bem pouco rendimento.

Em nossas conversas, o Ricardo comentou sobre uma Reserva Ecológica que tem ali naquela região. Perguntei a ele, casualmente, se tinha alguma coisa lá. Ele achou graça da pergunta, tipo "como assim, alguma coisa?". Também achei curiosa a reação dele. De fato, o que deve ter numa reserva ecológica é natureza preservada, nada mais. No final rimos, ambos, da situação. De certa forma, parece que a gente sempre quer mesmo mais do que o óbvio, mais do que o elementar, sem perceber que o que há já é suficiente. É a velha questão da expectativa em relação às coisas. 

Remadas assim, um pouco mais longas e por um trajeto sem grandes atrativos de destaque, são uma excelente oportunidade para uma tocada mais introspectiva e para buscarmos uma relação um pouco diferenciada com o tempo, no sentido de amainar essa ansiedade inerente ao ambiente urbano com o qual estamos tão acostumados, e que, sem percebermos, vai nos “viciando” a ter pressa, a esperar que as coisas se resolvam rapidamente, de forma dinâmica. Ali a lógica é outra.

A paisagem é bonita, mas é, digamos assim, constante. O que também é interessante pra desacostumar a mente (pelo menos um pouco) do hábito adquirido de estar sempre atrelada a muitos estímulos e ao movimento frenético das cidades. Ou seja, é uma verdadeira higiene mental um passeio desses.

Na volta, quase chegando à foz do rio, encontramo-nos com um grupo de seis colegas que também estavam indo para o encontro – Paulo Saczuk, Raphael Campos, Leonardo Esch (do Rio Grande do Sul), dentre outros -, e que estavam descendo o rio desde a sua nascente, tendo inclusive feito parte do percurso com outro tipo de caiaque, específico para águas brancas (corredeiras). Muita conversa, troca de experiências e expectativas. Assim o encontro foi de fato acontecendo e tomando forma.

Chegamos de volta ao Clube Náutico de Antonina no final da tarde, com 35 km de remo no odômetro, cansados mas bem satisfeitos com a jornada do dia.

Na manhã seguinte os demais participantes do Encontro foram chegando aos poucos. O tempo continuava instável, cinzento e com jeito de chuva. Todos a postos, reunimo-nos para a foto oficial e em seguida fomos pra água, para a remada prevista para o dia.

Doze caiaques e uma bonita canoa canadense do remador Guto Merckle compunham a flotilha. Atravessamos a baía debaixo de um denso nevoeiro e, do lado oposto, guiados pela experiência na área dos irmãos Merckle (Guto e Luiz), embrenhamo-nos por um inusitado labirinto de furados, pequenas “trilhas de água” por dentro do mangue, muito interessantes e divertidos de serem percorridos, e um tanto difíceis de se orientar em termos de direção a seguir.

Saindo do outro lado, uma hora e pouco depois, o grupo se dividiu e seguiu caminhos diferentes. Segui com o pessoal que iria um pouco mais longe. Remamos, no modo apreciação da natureza, até o meio da tarde, enfrentando uma forte maré contra no trecho final e, surpreendentemente, uma pontinha de sol querendo aparecer depois de dias de céu nublado.

O dia se encerrou com 24 km remados, muitas histórias, trocas de aprendizado, bate papo e curtição do balanço das águas.

À noite reunimo-nos no restaurante do Clube para o jantar de confraternização, entremeado por muito boa conversa, muitas ideias e planos para novos encontros e projetos envolvendo nossas apreciadas embarcações.

Na manhã da segunda-feira, 1º de maio, demos por encerrado o Encontro, cada um retornando à sua casa levando, certamente, muito boas lembranças e aprendizado de mais essa vivência náutica.

Uma característica marcante desse final de semana foi o tempo constantemente fechado e por vezes chuvoso. Esse tipo de situação, muito embora não seja de forma alguma o que se deseja, nos proporciona uma excelente oportunidade para rever e flexibilizar nossos conceitos sobre esse tema. Atividades ao ar livre estão inevitavelmente sujeitas às condições meteorológicas do momento, e nem sempre dá pra selecionar e escolher a melhor condição para cada situação. Resta a velha e boa resignação e a aplicação daquele útil conceito de fazer o melhor possível, com as condições disponíveis. Como sabemos, atitude pessoal sempre ajuda a amenizar as condições da dura realidade dos fatos. Além disso o tempo fechado tem também suas vantagens, como uma temperatura mais amena e um visual diferente (ainda que não tão cênico quanto um belo céu azul). 

Andei refletindo também sobre o trabalho logístico que um passeio simples como esse envolve. Pode não parecer, ou não ficar evidente, mas é um trabalho considerável. Preparar, organizar, transportar, gerenciar, utilizar e depois fazer a manutenção, limpar e guardar tudo de volta é uma função que requer sempre um pouco de disposição. Certa vez comentei, em uma dessas postagens aqui no blog, sobre a importante questão do conceito de custo-benefício. Pois bem, nessa atual situação fiquei pensando que nem tudo pode ou deve ser analisado sob esse viés. Até mesmo porque muitas vezes essas são questões subjetivas, difíceis de serem mensuradas. Em certas situações cabe apenas duas opções: fazer ou não fazer, ir ou não ir. Análises muito minuciosas são inimigas da ação.

 

É isso. Vamos juntos?



* Meu mais sincero agradecimento ao amigo Marcão, por todo o empenho na organização, promoção e incentivo para que o Encontro acontecesse nas melhores condições. 

Um muito obrigado especial também ao amigo e parceiro Ricardo Vicentini, pela companhia, boa conversa e boa vontade sempre. 

Gratidão também a todos os demais amigos participantes desse memorável encontro. Que possamos nos encontrar em breve em outras paragens, para novas remadas e descobertas. 

Agradecimento ainda ao Clube Náutico de Antonina, que tão bem nos recebeu em suas instalações e nos fez sentir em casa por esses dias. 






Frase do dia,
segundo o Ricardo:
"Só voa quem tá na rampa"
(entendedores entenderão... Rsrs)






1º dia, 28 Abr



3 horas e 9 min, 11,3 km





O Kayapó em ação






O amigo Ricardo Vicentini e seu Inuk 560 "Event Horizon"






























































2º dia, 29 Abr


6 horas e 54 min, 35,6 km















 



















































































3º dia, 30 Abr



5 horas e 52 min, 23,9 km
















(foto de Larissa Assunuma Linhares)









(foto de Larissa Assunuma Linhares)









(foto de Leonardo Esch)









(foto de Leonardo Esch)












































































































































































***   ***   ***






Na segunda-feira pela manhã, ironicamente, o dia amanheceu com um aspecto melhor, em relação ao tempo. Estava desmontando acampamento, arrumando as coisas pra voltar pra casa, e resolvi fazer um voozinho com o drone, mais pra consumir a última bateria carregada do que propriamente por qualquer expectativa, visto que àquela hora ainda havia bastante nevoeiro ao redor e não parecia haver nada de muito diferente na paisagem. Mas prospectar imagens com um drone pode trazer surpresas, e foi mais ou menos o que ocorreu. Uma vez em voo, foi possível observar (e fotografar) um belo cenário dos veleiros ancorados na baía, logo em frente ao Clube Náutico, bem como da cidade de Antonina, envolta em neblina, que começava a se dissipar, com a Serra do Mar ao fundo, destacando-se contra um belo céu azul. Moral da história: às vezes os melhores resultados vem de onde menos se espera (em todas as áreas da vida).





























































































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"Chega sempre a hora em que não basta apenas protestar:

após a Filosofia, a ação é indispensável."

(Victor Hugo, em Os Miseráveis)





Gratidão




Força Sempre