Tiger 900 Rally Pro

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domingo, 30 de julho de 2017

Trekking na região do Pico Agulhas Negras, Parque Nacional de Itatiaia-RJ, 25 e 26 Jul 2017











É interessante como certos lugares (assim como certas pessoas) nos cativam de forma especial. A região do Pico Agulhas Negras, na parte alta do Parque Nacional de Itatiaia, no estado do Rio, é, para mim, um desses lugares.

Nesses dois dias criei a oportunidade de estar por lá novamente, e estive refletindo sobre essa “leitura” que tenho desse lugar. A impressão mais imediata é que é um lugar muito bonito (o que, admito, é uma avaliação subjetiva), mas pensando bem, a relação que tenho com aquele espaço é bem mais do que “apenas” isso. Estar lá também me traz uma sensação boa de me sentir num lugar inóspito, afastado da civilização (ainda que não muito, é verdade...), rude, imponente e silencioso. Mas há ainda mais nesses sentimentos. Há o incalculável valor da memória, das lembranças ali registradas, do passado ali vivido.










De certa forma, acho que foi andando por aquelas trilhas, há quase trinta anos, que descobri minha afinidade e prazer com esse tipo de vivência outdoor e com esse tipo de ambiente de montanha. Na época (1988 a 1991) estudava na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, ali perto, e por algumas vezes, sempre que conseguíamos uma folguinha na agenda e os meios necessários, eu e um grupo de amigos gostávamos de perambular por lá nos finais de semana. Sem contar as “experiências curriculares” acadêmicas ali vividas... Nesse caso, memórias um pouco mais “dramáticas” [risos].






Ao fundo, o Pico Agulhas Negras, visto do alto da Pedra do Altar





De tal forma que é difícil saber exatamente o que mais conta nessa equação. Dessa vez pensei em fazer uma caminhada pelas redondezas do emblemático Pico, e, se possível, passar uma noite acampado nas imediações do conhecido Abrigo Rebouças. Após algumas pesquisas e consultas a amigos que moram na região, e também ajustes a algumas condicionantes do momento, decidi fazer dois percursos de trekking que mais se encaixavam no que pretendia.






Ao longe, no centro, as Prateleiras










A primeira trilha foi a Couto-Prateleiras, que percorre basicamente as alturas leste da estrada que chega ao Abrigo Rebouças, começando e terminando próximo à guarita de entrada do parque, indo até a base das Prateleiras e retornando pela estrada. Para essa jornada optei pelo acompanhamento de um guia credenciado pelo Parque, considerando que é um caminho relativamente novo e não muito bem demarcado.











Ter a companhia da guia Fátima Li foi, mais do que ter alguém para indicar a direção a seguir, a oportunidade de trocar ideias, informações, histórias e simples conversas que acabam por tornar o esforço da caminhada mais leve e aprazível.










Nesse bate papo ela me contou, por exemplo, sobre a alta procura que tem havido pelas trilhas do Parque, em particular as mais conhecidas, que são o Pico e as Prateleiras. Disse-me que nos finais de semana dos meses de alta temporada (inverno) as pessoas começam a chegar à portaria do Parque na noite anterior do dia pretendido para a investida, pra conseguir uma das poucas vagas disponibilizadas pelo Parque para cada um dos percursos. Segundo ela, esse “sucesso” se deve às redes sociais e sua incrível capacidade de divulgar fotos sensacionais (e algumas vezes até apelativas).














(crédito da foto: Fátima Li, guia)





Conversamos também sobre a questão do conflito entre o uso e a preservação do ambiente natural. Ela me contou que foi uma das pioneiras na pesquisa, demarcação e luta pela homologação da própria trilha que estávamos fazendo, dentre outras, juntamente com seu marido à época, por coincidência também oficial do Exército. Trocamos ideias ainda sobre esse sentimento de admiração e quase veneração que pessoas como nós sentem por aquelas montanhas, e que nem todas as pessoas tem o mesmo sentimento. Foi, enfim, muito bom poder contar com a sua companhia (e do seu sobrinho) e boa conversa nessa jornada.






Agulhas Negras, visto da trilha Couto-Prateleiras







A trilha, confirmando as recomendações que recebera, é efetivamente belíssima. Ainda tivemos a sorte de contar com um belo dia de sol e céu azul que contribuiu para deixar tudo com um astral ainda mais elevado. Caminha-se praticamente o tempo todo pela linha de crista das elevações, tendo o belo cenário do vale do Rio Paraíba do Sul a leste, a fantástica Serra Fina ao sul e os emblemáticos maciços do Pico e das Prateleiras a norte e noroeste. É um verdadeiro espetáculo para os olhos e para o coração. Começamos a trilha por volta das oito e cinquenta da manhã e retornamos ao ponto inicial no final da tarde, por volta das 16:30.





Agulhas Negras, visto da trilha Couto-Prateleiras





Neste momento tive uma apertada negociação com os guarda parques que ficam na guarita de entrada do Parque a respeito das regras e condições impostas para o acesso ao local do camping ao lado do Abrigo Rebouças. Acontece que o local do camping fica a 3 km do ponto onde estávamos, conhecido como Posto Marcão. E acontece que alguém estabeleceu uma teia de complicadas regras de limites de acesso de veículos ao Abrigo Rebouças, que fica no final da estrada. Pra resumir a história, os caras queriam que eu deixasse meu material no camping (com o carro), e retornasse para deixar o carro no estacionamento ao lado da Guarita, e depois retornasse caminhando os 3 km de volta ao local do camping, “porque é a regra”. Depois de alguma conversa e paciência, acabaram por liberar a permanência do carro para pernoitar na estrada junto ao Abrigo Rebouças, mas não foi fácil.






Represa do Funil e Vale do Rio Paraíba do Sul





Cabe aqui um rápido comentário sobre esse tipo de “política” de uso. Concordo que tenha que haver regras e normas estabelecidas para a preservação do ambiente, caso contrário corre-se o risco da coisa virar uma baderna, mas tenho a nítida sensação de que em algum ponto desse percurso perdemos o bom senso e uma noção mais ampla da situação, e estamos, com isso, apenas emaranhados num conjunto de medidas restritivas que muito mais atrapalham do que resolvem alguma coisa. Pra ser bem claro, e aqui faço uso de uma sensação mais geral do que a dessa experiência no PNI, a impressão que tenho é que temos tornado o mundo cada vez mais chato e com mais proibições! É incrível a quantidade de coisas que não se pode fazer em tudo que é lugar. E ainda mais incrível é que, ao invés de tornar esses lugares mais organizados e “preservados”, apenas os faz mais complicados e desestimulantes.












Prateleiras (:Mavic)





Saudades da época em que íamos para esse Parque e tínhamos aquela sensação boa de apenas ir dar uma caminhada nas montanhas. Hoje em dia, lamentavelmente, a coisa toda virou um grande “processo” que requer um bocado de energia e paciência pra ser administrado! Tremenda incomodação essa tendência complicadora do nosso belo mundinho moderno!







Prateleiras (:Mavic)






(crédito da foto: Fátima Li, guia)




Resolvida a encrenca da liberação para permanecer com o carro próximo ao camping, dirigi-me ao local e, sem perda de tempo, montei minha barraquinha, já no começo da noite, fiz meu jantar, tomei um chá quente e me recolhi ao aconchego do meu saco de dormir. Não foi exatamente uma noite de sono tranquilo. Por diversas vezes acordei sem saber ao certo por que razão, oscilando entre um sono profundo e a sensação de um sono leve.

Acordei com os primeiros raios de luz na manhã seguinte, e, ao abrir o zíper da barraca me dei conta do “tamanho” do frio que havia feito na madrugada, ao constatar uma camada de gelo cobrindo o sobre teto e a mochila que havia ficado do lado de fora. Resolvi dar uma checada no termômetro e levei um susto ao verificar a marcação de sete graus negativos! Estava realmente gelado. Cerca de duas horas depois, ao passar novamente pela guarita de entrada do Parque, o guarda parque me informou que o termômetro deles registrou -8.7 graus Celsius durante a madrugada. Congelante!











7 graus Celsius negativos, às 07:15 da manhã! 





Gelo de um riacho perto






Gelo no teto do carro





Nesse segundo dia fiz, sozinho,  a trilha conhecida como dos Cinco Lagos. Começando novamente junto ao Posto Marcão, a trilha segue pelo lado oeste da estrada do Abrigo Rebouças em direção ao maciço do Pico Agulhas Negras. No caminho fiz ainda um pequeno desvio para chegar ao cume da Pedra do Altar, de onde a vista é simplesmente espetacular! Novamente estava um dia claro de sol e céu azul. Verdadeiro presente das circunstâncias do momento.






Asa de Hermes, visto da Pedra do Altar





Caminhar sozinho também tem, logicamente, seu valor e sua sintonia própria. Parece que a sensibilidade e a capacidade de observação ficam mais refinadas e precisas, e a sensação geral de controle da situação fica mais “na mão”, digamos assim...





Agulhas Negras, visto da trilha dos Cinco Lagos





Quatro horas depois do início cheguei de volta o ponto inicial, satisfeitíssimo com a grata experiência e pronto pra encarar o longo retorno pra casa.











Como sempre, fica aquela sensação de que deveria fazer mais disso, e de como seria bom se pudesse reunir certos amigos pra esse tipo de “passeio”. Mas tudo na vida tem sua hora e suas possibilidades e limitações. Talvez mais importante do que tudo seja manter essa chama acesa no coração, essa capacidade de conseguir apreciar o ar frio e os horizontes amplos que só as montanhas são capazes de nos oferecer. Deixemos fluir!







Nascente do Rio Campo Belo






Ao fundo, a Serra Fina





(crédito da foto: Fátima Li, guia)













Igrejinha de São Francisco Xavier-SP




"No meio de um trigal, que beira um rio de águas cristalinas,
encontrei uma gaiola, e vi nela um pássaro morto
ao lado de um copo sem água e de um prato sem sementes.
Aquele pássaro morrera de sede na margem do rio
e de fome no meio do trigal.
Enquanto olhava, vi a gaiola transformar-se num corpo humano,
e o pássaro num coração ferido.
E ouvi uma voz, que saía da própria ferida, dizer:
'sou o coração humano, prisioneiro da matéria
e vítima das leis decretadas pelo homem.
No meio dos campos da beleza, à margem dos rios da vida,
fui encarcerado na gaiola das leis artificiais,
pelas quais se pretende governar os sentimentos.
Em meio às belezas das criaturas e aos campos do amor,
morri de privação; pois tudo que desejo é considerado vergonhoso;
tudo que almejo é considerado ilícito... Sou o coração humano.
A noite das tradições me envolve; as cadeias das quimeras me prendem.
Morri desprezado ante uma sociedade endurecida e indiferente'."

 (Gibran, Uma Lágrima e um Sorriso)






Gratidão





Força Sempre









Obs; 
  • Todas as fotos: arquivo pessoal.
  • Agradecimento especial aos amigos D'Ângelo, Theo e Sirpa, pelo apoio na implementação dessa viagem.






segunda-feira, 17 de julho de 2017

Ensaio fotográfico com a Thaís, Curitiba, Julho 2017









A etimologia da palavra "fotografia" explica que o termo vem do grego phosgraphein, que, literalmente, significa "escrever com a luz" ou "registrar com a luz". É uma arte bonita, que há muito aprecio. 

Reconheço que tenho uma queda natural por imagens de paisagens abertas e amplas, de preferência sob um céu limpo e azul, mas o mundo da fotografia é muito mais amplo e diversificado do que isso, logicamente. Na verdade, é ilimitado. 

Para explorar um pouco essa rica diversidade, nas últimas semanas tirei uns dias para fazer um ensaio fotográfico com a Thaís, aproveitando os dias de folga que ela teve com as férias escolares e o interesse dela pela ideia.

Fazer retratos é uma bela vertente desse instigante mundo, pois capta o que temos de mais rico e expressivo, que é o olhar humano. Vendo pelo outro lado da cena, penso que deixar-se fotografar também exige certa habilidade, ou disponibilidade, pois não são poucas as pessoas que se sentem desconfortáveis frente a uma câmera.

Tentando ler as entrelinhas das fotos deste ensaio, vejo com satisfação nossa querida filha no esplendor dos seus quase quinze anos de idade com um olhar vivaz e cheio de energia, e tenho que reconhecer que não existe mesmo alegria maior que possamos ter do que ver a vida nesse estado de graça que podemos perceber aqui.

Viva a vida!

























































*** *** ***















































*** *** ***















































































"A beleza fica invisível se nos acostumamos a ela.
Se nossa atenção fosse permanente,
com o fascínio e a devoção que o encantamento mantém acesos,
cada rosto, cada paisagem, cada situação seriam inteiramente novos,
e a beleza teria as mesmas cores vivas da primeira vez."

(Luiz Carlos Lisboa)




Gratidão




Força Sempre





Obs: 

  • Todas as fotos: arquivo pessoal.
  • As primeiras sete fotos foram feitas no estúdio da Escola de Fotografia Omicron, à qual deixo aqui meu agradecimento pela oportunidade.
  • As seis fotos seguintes tiveram como local o Jardim Botânico de Curitiba.
  • As dez últimas foram registradas no Museu Oscar Niemeyer e arredores.