Tiger 900 Rally Pro

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domingo, 16 de julho de 2017

Remada na Represa Piraquara 2, Curitiba, 12 Jul 2017








Nos últimos tempos me tornei mais ou menos assíduo da região rural do município de Piraquara, nos arredores de Curitiba, por ser mais ou menos próximo de casa e conservar aquele aspecto bucólico tão caro aos sentidos. A área é ótima para treinos de mountain bike e corrida cross country, além da pura e simples contemplação. 

Fazia tempo que namorava a ideia de dar uma remada na Represa Piraquara, que está presente em diversos trechos e curvas das estradas da região. Acontece que a Sanepar, empresa de abastecimento de água do Paraná, que controla a represa, proíbe atividades desse tipo no local. Há alguns meses cheguei a tentar uma "permissão especial" para fazer a remada, ligando e mandando e-mails para o setor responsável pela segurança da Represa, mas as respostas foram sempre negativas, apesar de haver uma lei do Poder Executivo Estadual de janeiro de 2012 que "autoriza o uso de lagos, lagoas e represas públicas e privadas do Estado do Paraná, destinadas à captação de água para abastecimento, para a prática de esportes aquáticos que não utilizem motor de combustão".

Na terça-feira, animado com a previsão de tempo aberto para o dia seguinte, resolvi que colocaria em prática meus planos de fazer uma investida na tal represa no amanhecer do próximo dia, com ou sem permissão (nesse caso, sem). Planejei sair bem cedo, para apreciar o nascer do sol já de dentro d'água. 

Assim, saí de casa de madrugada, e às sete horas da manhã estava com tudo pronto no ponto de embarque, que, àquela hora, estava completamente encoberto por densa neblina. Simples e discretamente deslizei o Kayapó para dentro d'água e saímos navegando cerração a dentro.


















A sensação de remar totalmente envolto pela neblina é fantástica. Parece que estamos em outro mundo. E, ainda por cima, em total silêncio e sem ninguém por perto. Fui tentando manter contato visual com a margem e, imerso nesse ambiente surreal, fui apreciando os detalhes que iam aparecendo aos poucos. 




















Na verdade, a neblina espessa trouxe uma agradável sensação de segurança, pois se tornou, não intencionalmente, como um manto de proteção contra olhares curiosos e fiscalizadores.



















Somente por volta das nove e meia da manhã o sol começou a dissipar a cerração e o espetáculo de cores do céu azul contrastando com a mata em volta se fez presente com todo o seu vigor. Os fantásticos espelhamentos da paisagem estavam por toda a margem, encantando os olhos e a alma. 

Remei por mais uma hora nessas condições de tempo aberto, extasiado com a beleza daquele lugar, muito além da minha expectativa. As (muitas) imagens a seguir falam por si:















































































































(: Mavic)






 (: Mavic)






 (: Mavic)






 (: Mavic)






 (: Mavic)






Ao final, quando já estava com o caiaque amarrado sobre o carro, quase pronto pra ir embora, apareceram dois seguranças (que haviam chegado num barquinho a motor do outro lado onde me encontrava naquele momento), ao que se seguiu o seguinte diálogo:

(um dos guardas disse, em tom amistoso:)
- Bom dia.
- Bom dia...
- Tá chegando ou saindo?
(pensei em dizer que estava só de passagem, mas respondi dentro das opções que ele deu:)
- Tô saindo...
- É que é proibido entrar na água com o barco...
- Ah, sei...
- Só pode em eventos oficiais, tipo da prefeitura e tal...
- Ah, entendi...
- Então tá. Bom dia aê..
- Valeu. Bom dia.

É uma pena um lugar tão bonito e tão próximo da cidade não ser aberto ao uso público consciente (como, aliás, como já mencionado, a lei nº 17.048, de 04 Jan 2012, publicada no Diário Oficial do Paraná de 23 Jan do mesmo ano, autoriza). Isso é um triste reflexo da mentalidade estreita de que é mais fácil proibir do que estabelecer regras e condições para o uso inteligente e proveitoso do espaço. É (mais) um grande e lamentável desperdício típico do nosso país. 

Fosse, por exemplo, no Canadá, haveria ali um centro náutico e aquele lugar estaria cheio de barquinhos coloridos navegando nos finais de semana, com as pessoas em volta fazendo alegres piqueniques ao redor de toalhas xadrez... Quem sabe um dia aprendamos. Até lá, resignemo-nos com as transgressões calculadas.







 (: Mavic)
















Gratidão





Força Sempre




















"O progresso é a habilidade do homem de complicar o que é simples."
(Thor Heyerdahl)






Obs: Todas as fotos: arquivo pessoal.







2 comentários:

  1. Lindas fotos, parabéns pela remada. Infelizmente temos que correr esses risco para conhecer esses lugares espetaculares com nossos barquinhos a remo..

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