2012 foi o sexto Ironman de que participei (da sequência 2004/ 6/ 7/ 8 e 11, todos em Florianópolis).
Treinei completamente por conta própria e praticamente sozinho, por aproximadamente três a quatro meses antes.
A prova, como era de se esperar, não foi fácil. Além do desempenho físico e psicológico, tive que lidar com dois pneus furados na fase do ciclismo, o que me custou algum tempo perdido, algum stress extra e uma baita preocupação se conseguiria terminar a prova por conta daquelas panes.
Na fase da corrida sofri um pouco com o tênis, que começou a me incomodar fortemente a partir do km 25, mais ou menos.
No final, deu tudo certo...
Tempos realizados:
3800 m de natação: 1h 18min
T1: 7min 52seg
180 km de ciclismo: 5h 30 min (32,5 km/h de média) (tempo em movimento, sem contar o tempo parado para os consertos dos dois furos)/ Tempo oficial: 5h 43 min
T2: 6min 11seg
42,2 km de corrida: 3h 55min
Total: 11 h 12 min
O texto abaixo foi parte de um e-mail enviado a um amigo alguns dias após a prova, e conta com um pouco mais de detalhes como foi a brincadeira:
A prova domingo passado não foi exatamente tranquila. Pelo
contrário, foi tensa, quase dramática. Chegamos lá na quinta-feira à noite. Na
sexta-feira choveu sem parar o dia inteiro, e o mundo estava com aquele jeito
de fim de mundo. Minhas orelhinhas já ficaram de pé [risos]. Mas foi
alarme falso. No sábado abriu um sol maravilhoso, com um céu completamente
azul. No domingo também fez um tempo
bom, mais quente do que o habitual nessa época do ano. Mas, a prova: a natação
transcorreu sem sustos, sem problemas e sem surpresas, nem negativas, nem
positivas, pois, apesar de ter nadado mais ou menos bem, saí da água com o
sofrível tempo de 1 hora e 18 minutos.
O ciclismo estava indo muito bem até o km 60, quando, numa
descida, tive o pneu dianteiro furado. Problema sério!... Na hora
dei aquela gelada, porque estava usando os tais pneus tubulares (sem câmara),
os quais nunca havia trocado, e só tinha um pneu reserva. De imediato, resolvi
usar um spray que carregava no kit de reparos e que tinha por objetivo reparar
o furo e encher o pneu sem precisar trocá-lo. Mas também nunca tinha usado
aquele negócio. Meti o tal spray na válvula e começou a sair espuma por todo
lado, entre o pneu e o aro. Pensei que tinha algo mais errado, mas,
incrivelmente, o pneu encheu e permaneceu cheio. Aparentemente tinha
funcionado. Não estava com a pressão ideal (130 a 140 libras), mas resolvi não
mexer mais.
Montei na bicicleta e procurei retomar o ritmo. Mas aí a
concentração, a confiança, e o estado emocional não eram mais os mesmos.
Paciência. Fui tocando, e conforme os km foram passando fui ficando mais
tranquilo e confiante que aquela operação duvidosa do tal spray tinha dado
certo. Mas no km 150, de novo numa descida, de novo o pneu dianteiro esvaziou e
quase fui pro chão, pois estava a mais de 40 km/h... Parei no sufoco e aí não
tinha jeito, tinha mesmo que trocar o tal pneu. Comecei a operação baseado nas
instruções teóricas que tinha. Mas, por sorte, logo em seguida o mecânico da
prova parou do meu lado na garupa de uma moto e veio me ajudar (a prova
disponibiliza um mecânico a mais ou menos cada dez km do percurso, rodando nas
tais motos). Trocamos o pneu, não sem esforço, e ele me recomendou
"cuidado nas curvas', pois o pneu, sem cola, ficava um tanto instável.
Também me desejou "boa sorte", pois como não tinha outro pneu
reserva, se furasse de novo estaria fora da prova.
Fiz os últimos 30 km na
ponta dos dedos, procurando desviar de qualquer obstáculo, e tentando enxergar
os malditos araminhos que gostam de furar pneus. Só não rezei porque achei que
não ia adiantar muito [risos]. No final, deu tudo certo! Cheguei aliviado na
transição e parti pra etapa mais confiável da prova, e mais dura.
Corri muito bem até o km 21, mas aí comecei a sentir. Do 21
ao 35 fui na base da resistência, oscilando entre me sentir mais ou menos, me
sentir mal e me sentir muito mal... No 35 a coisa estava ficando crítica. Dei
uma paradinha de uns 3 minutos num daqueles postos de abastecimento, tomei uma
coca-cola com calma, um copo d'água, um gel de carboidrato, respirei fundo e
parti pro ataque com firmeza. Incrivelmente "ressuscitei" e consegui
encaixar um bom ritmo (para as circunstâncias) até o final. Cabe destacar ainda
que cometi um erro grave e lamentável de planejamento dessa etapa, ao decidir
usar um tênis diferente do que estou habituado, e que vinha se mostrando muito
bom nos treinos das últimas semanas. Mas a partir mais ou menso do km 25 ele
começou a mastigar o meu pé como se fosse uma máquina de tortura... O jeito foi
aguentar, mas certamente isso também me roubou agilidade, equilíbrio, conforto,
e desempenho.
Enfim, fechei a prova em 11 horas e 12 minutos. 21 a mais do
que no ano passado, o que, se considerar todos os contratempos dos dois furos
de pneu na etapa da bike, tá bom demais.
Gratidão
Mari e Thaís no jantar dois dias antes da prova
Thaís e eu brincando de ser forte, checando a temperatura da água na véspera da prova
Véspera da prova, dando uma relaxada na praia
Última verificação da bicicleta com o mecânico, na véspera
A P2C pronta para a brincadeira, na véspera, já na T1
Comidinhas da fase do pedal
(mais água e gatorade à vontade, nos postos de abastecimento)
Para a corrida, só gel de carboidrato
(mais água e gatorade, dos postos de abastecimento da prova)
Pouco antes da largada
Pouco depois da largada, às sete horas da manhã
Passagem pelo controle na metade da natação
Chegando dos 180 km do ciclismo
Em algum momento da corrida
Feito!!
Logo após a chegada!! Com minha fiel e entusiasmada torcida!
A medalha
As bicicletas na área de transição, após a prova
No dia seguinte
Desenho da Thaís, inspirado pelo momento
ANO
|
NATAÇÃO
h min seg
|
CICLISMO
h min seg
|
CORRIDA
h min seg
|
TOTAL
h min
|
Bike
utilizada
|
Cidade onde morava
|
2004
|
1 35 00
|
6 39 00
|
4 01 00
|
12 31
|
Giant Cadex
|
Curitiba
|
2006
|
1
08 00
|
5 57 32
|
3 55 00
|
11 12
|
Giant Cadex
|
Brasília
|
2007
|
1 17 00
|
5 55 00
|
3 50 00
|
11 14
|
Giant Cadex
|
Brasília
|
2008
|
1 27 00
|
5
25 00
|
3
38 00
|
10
43
|
Cervélo P2C
|
Brasília
|
2011
|
1 15 03
|
5 36 32
|
3 46 00
|
10 51
|
Cervélo P2C
|
Curitiba
|
2012
|
1 19 03
|
5 43 14
|
3 55 37
|
11 11
|
Cervélo P2C
|
Curitiba
|
Dentre
tantas pessoas que fizeram parte desta história, meu agradecimento especial ao
Almir Brandalize, que primeiro me incentivou a começar no triathlon; ao Valter
Maione, meu treinador do primeiro Ironman; ao João Carlos, treinador da
"Zero meia um" nas edições de 2007 e 2008; ao Alexandre Ferreira e
Samuca, grandes parceiros dos primeiros tempos no triathlon; ao Mantovani,
parceiro de treino e de provas em parte desse período; à Mari e à Thaís, que me
acompanharam em tantos treinos e competições, torceram, vibraram, sofreram e
esperaram tantas vezes; e muitos outros... Muchas
gracias...
(Curitiba, Janeiro de 2017)
Nenhum comentário:
Postar um comentário