Tiger 900 Rally Pro

Tiger 900 Rally Pro
Tiger 900 Rally Pro

sábado, 18 de novembro de 2017

Breve reflexão sobra a engrenagem por trás dos acontecimentos, 18 Nov 2017






(... dia da caça)


Há alguns dias (02 Nov) planejei uma viagenzinha de moto à região da Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, com a intenção de dar uma pilotada, sair um pouco de casa e fazer umas fotos. Seria uma saída rápida, indo em um dia e voltando no outro.

Saí de casa de manhã cedo, com tudo preparado, curtindo muito a oportunidade de poder dar uma voada com a GS. Como de costume, parei num posto de combustível, já na estrada que seguiria, pra abastecer e calibrar os pneus. Tudo estava indo bem até que fui calibrar o pneu traseiro. Ao me abaixar pra encaixar a mangueira do calibrador no bico do pneu, fiz “um movimento errado” e bati a testa na borda da placa da moto, abrindo, de imediato, um baita corte alguns centímetros acima do olho direito.

Pelo tanto de sangue que começou a jorrar, parecia que tinha sido atingido por uma espada samurai. Tentei, por alguns minutos, estancar a hemorragia, lavando o ferimento numa torneira próxima, mas não deu nada certo. Pra resumir a história, saí dali para o pronto socorro do hospital, onde o médico e o enfermeiro que me atenderam ainda tiveram certo trabalho para controlar o persistente sangramento. Depois costuraram o estrago com três pontos, fizeram um enorme curativo, receitaram um anti-inflamatório e me liberaram com recomendações enfáticas de repouso.

Então o meu desejado passeio reverteu-se num descanso forçado no aconchego do lar.

A bem da verdade, se quisesse mesmo, dois dias depois até poderia ter retomado os planos da rápida viagem, mas aí já estava chovendo de novo, eu já tinha outros objetivos previamente definidos para aqueles dias e senti que a “janela” havia passado.

O filósofo Arthur Schopenhauer dizia que “o destino embaralha as cartas, e nós jogamos”.

A questão da engrenagem por trás dos fatos é um tema clássico da existência humana, e, por conseguinte, da Filosofia, disciplina dedicada, por excelência, a pensar sobre a vida e seus mistérios e razões.

Deveria entender o ocorrido naquele pequeno acidente (naquela ação que já havia realizado tantas vezes) simplesmente como um lamentável descuido da minha parte? Ou haveria ali algo mais?... Quem sabe um “sinal” ou um artifício para que não seguisse o roteiro planejado, e sim outro...

É tentador pensar nessas hipóteses metafísicas e, de certa forma, românticas, de que existe uma “lógica” por trás do que nos acontece... Uma inteligência, uma razão, uma mão a nos proteger... Mas, a rigor, que motivos temos para pensar de um jeito e não de outro?

Acho que, a esse respeito, tendemos sempre a pensar da forma que “gostaríamos que as coisas fossem”, e esse desejo acaba tomando forma de crença, que, no final das contas, acaba nos parecendo realidade. A “nossa” realidade...

Leibniz dizia que “... nenhum fato pode ser verdadeiro ou existir, e nenhuma afirmação pode ser verídica sem uma razão suficiente para que seja dessa maneira e não de outra; embora essas razões quase sempre permaneçam desconhecidas para nós.” O escritor Lou Marinoff arremata essa afirmação dizendo que “os seres humanos nem sempre podem compreender tudo. O cosmo é complexo demais para nós”.

Sobre essa questão do destino versus liberdade de ação, o filósofo francês La Rochefoucauld defendia que “a boa ou a má fortuna dos homens depende tanto de suas predisposições e esforços quanto de seus destinos”.

Acho que o que de certa forma nos choca em acontecimentos como o descrito no começo deste texto é a constatação inescapável da incerteza dos nossos atos e intenções. Fazemos mil planos, imaginamos mil coisas, e de repente, não mais que de repente, tudo muda. O que não deixa de ser também um tanto instigante, se visto de outra forma. Se o mundo fosse previsível, provavelmente seria também muito chato (mais do que já é...).

Pessoalmente, sinceramente, não me detenho muito nessa questão do por que essas coisas acontecem. Vejo tudo muito como formas de energia, que flui, de uma maneira ou de outra, na direção que tem que fluir [acho um pouco diferente da visão clássica de destino]...

Conseguir se harmonizar com esse fluxo e entrar na vibração “correta” é o grande barato dessas brincadeiras (e talvez da vida...). Querer entender certas coisas racionalmente pode ser tristemente ineficiente. Melhor usar a razão para coisas mais objetivas e procurar tocar a vida com mais leveza e desprendimento.

É como diz aquela música: "corra, não pare, não pense demais, repare essas velas no cais, que a vida é cigana" ["Caravana", Geraldo Azevedo/ Alceu Valença]...

Avante!




P.S: A despeito de toda essa elaboração de conceitos, poderia-se interpretar o ocorrido como uma simples bisonhice, o que, tenho que reconhecer, também é verdade... [risos]






"É difícil dizer com certeza o que me leva a seguir por essa rua,
em vez de seguir por aquela.
Uma escolha como essa pode modificar minha vida -
e assim acontece em todos os momentos,
nos movimentos que faço, nas decisões que tomo.
É assim que talvez deve ser:
fabricamos nosso destino, e o destino de outras pessoas,
a cada gesto e a cada escolha.
Como não posso imaginar o futuro provável de cada ação,
fico tranquilo no único lugar que posso conhecer de fato:
exatamente em mim mesmo, precisamente agora.
E não fico imóvel e extático temendo tomar a decisão errada.
Porque não posso prever o futuro, nem me adianta remexer o passado,
ajo, vivo, sinto e repouso neste presente eterno
que é a única alternativa de quem está acordado".

(Luiz Carlos Lisboa)








Gratidão





Força Sempre








2 comentários:

  1. É meu irmão... Pode ter sido sorte ou azar. Só o que vem pra frente poderá dizer. Assim é a vida. Grande abraço do seu admirador e irmão.

    ResponderExcluir