Tiger 900 Rally Pro

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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Cross Triathlon "X Terra Ponta Grossa", 15 Out 2017










Os dias anteriores a esse 15 de outubro foram de muita chuva em toda a região sul. Aqueles dias cinzentos e introspectivos que inspiram a ficar em casa, diminuir um pouco o ritmo e curtir o aconchego do lar. Só que não... É bem romântico imaginar-se seguindo esse "ritmo natural", mas o fato é que se formos desfrutar desse luxo com frequência, corremos o risco de não sair de casa também com bastante frequência.

Às cinco e meia da manhã do domingo partia em direção a Ponta Grossa, cidade a 120 km de distância de Curitiba. Era o primeiro dia do horário de verão, ou seja, o dia só começaria a querer clarear perto das sete da manhã.

Não estava chovendo, mas estava frio, nebuloso e com muito vento, compondo um ambiente nada convidativo a atividades outdoor.

Cheguei ao local da largada, situado na região conhecida como “Alagados”, pouco antes das oito horas.  A largada seria às nove, portanto foi o tempo justo pra pegar o kit, fazer os acertos finais do equipamento, check in na área de transição e preparar pra brincadeira.




Área de transição, pouco antes da largada



A prova era composta de 1 km de natação, 32 de MTB e 9 de corrida. Pra compensar o frio, resolvi seguir a maioria e vesti a roupa de borracha para a etapa da natação. Às nove em ponto foi dada a largada.





Momentos antes da largada
Como se vê, não temos como reclamar de nada
(foto: organização da prova)




Essa primeira etapa foi realizada na represa que dá nome à região – Alagados. Apesar da disposição anímica, o ritmo não encaixou bem. Estava entrando água nos óculos e aquela típica sensação do corpo levando aquele susto da mudança de aceleração e contexto contribuiu pra dificultar as coisas. Ah sim, também não vinha treinando essa parte aquática do triathlon com muito afinco ultimamente... Vinte e sete longos minutos depois emergi daquela confusão de lentes embaçadas, direções tortuosas e pernas e braços batendo sem a coordenação que seria ideal.

A etapa da bike começou subindo pela estradinha de terra que dava acesso ao local de início da prova, mas logo entrou em single tracks muito divertidos e bastante técnicos. Aos poucos foi ficando claro que ali “o buraco era mais embaixo”. 

Foi um percurso extremamente desafiador e bonito. Passamos por todo tipo de terreno e graus de inclinação. Pedras, lama, rios, lajes de pedra, linha de trem, pontes, morros, bosques de eucalipto, mata fechada, e por aí vai. Fazia tempo que não pedalava num terreno assim, de mountain bike de raiz. Foi muito bacana, mas muito duro.




***



Acho que cerca de setenta por cento do tempo dessa etapa foi desenvolvido em single tracks. O tempo foi passando e os quilômetros não. O lado bom era que a bicicletinha estava cem por cento, respondendo muito bem aos maus tratos impostos pela situação. O lado ruim era que as pernas já não estavam lá tão bem assim, moídas pela constante demanda de força nos pedais. Longas duas horas e trinta e seis minutos depois do começo chegava ao final da etapa, com meros 13,2 km/h de média de velocidade (com 908 m de ganho de altitude!).




***



A essa altura fiz uns cálculos rápidos e comecei a pensar que se não apertasse o passo na corrida poderia não concluir no limite máximo de 4 horas previsto nas normas da competição.

Pois bem. Saí pra corrida daquele jeito, com as pernas meio bambas e aquela sensação de cansaço bem acentuada. Mas aos poucos o ritmo foi encaixando e as coisas foram dando certo. Muito bacana sentir essa sensação do corpo funcionando bem sob condições tão adversas de exigência física.





***





Por volta do km 5 passei por uma sinalização sem vê-la e segui na direção errada por quase 1 km, quando achei que tinha algo errado e resolvi voltar pra conferir. Retornei até o ponto em que havia me enganado e retomei o percurso previsto. Nem fiquei abalado. Paciência.






***





Aproximando-me da chegada, com o corpo amortecido pelo esforço continuado por quase quatro horas, senti-me extremamente grato por estar ali, naquele momento, naquele lugar, fazendo o que havia me proposto, sentindo-me bem com a situação. Os primeiros meses desse ano não foram nada fáceis, em função de uma lesão na região lombar que realmente me incomodou muito e me tirou de combate por um bom tempo. Ao que parece, felizmente acho que estamos achando o caminho de saída desse labirinto.

Ao cruzar a linha de chegada, o relógio da prova marcava 3 horas e 51 minutos. 

Essa foi dura!








Bom demais!


Viva a vida!






"Trata de conhecer a ti mesmo.
A tarefa é mais árdua do que parece."

(Cervantes)









P.S:

  • Fotos marcadas com *** foram feitas por fotógrafos da equipe "Foco Radical". As demais são arquivo pessoal.
  • Comparativamente, fiquei na 35ª colocação geral, dentre 57 competidores. 5º/6 na categoria 45-49 anos, mas isso definitivamente é o menos importante.
  • Tenho estado atento, nos últimos tempos, à questão da "dinâmica da corrida", no sentido do equilíbrio do corpo, movimento de braços e pernas, relaxamento de ombros, braços, pulsos, mãos e dedos em contraposição à tensão necessária nas pernas, abdômen, core, etc. É bem interessante como há uma "beleza" envolvendo tudo isso. Correr com fluidez, relaxado, ao mesmo tempo que fazendo força e com velocidade é, provavelmente, o estado da arte dessa vertente da expressão humana... Muito legal isso.




Dados da etapa de ciclismo





Dados da etapa de corrida









Gratidão





Força Sempre







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