Tiger 900 Rally Pro

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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Prova de Mountain Bike "XXIII MTB Intercity Onça de Pitangui", MG, 28 Jan 2018









Fui participar dessa prova na distante Minas Gerais a convite do grande amigo Alexandre de Moraes.

A proposta era instigante: uma competição de Mountain Bike de 50 km e mil metros de altimetria pelos morros do interior, tendo como base uma cidadezinha com o sugestivo nome de Onça de Pitangui.

O Moraes havia me “desafiado”: “quero ver você pedalando nos morros de Minas!...”, como quem diz: “esse morrinhos aí do sul não são de nada...”. É verdade que se tem uma coisa em que esses mineiros não economizaram foi em aclives e declives super acentuados pra tudo que é lado. No entanto, pensei comigo mesmo que subida é subida em qualquer lugar, e confiei na matemática da proporção de 50km/ 1000m, que, afinal, não é muito diferente do que costumamos fazer nas provinhas em torno de Curitiba.

O “dia D” amanheceu ensolarado e com aspecto de que iria esquentar bastante. Saímos de BH pouco antes do amanhecer, a tempo calculado de chegar ao local da largada, distante 115 km, na hora certa de pegar o numeral da corrida, fazer os ajustes finais do equipamento e preparar pra partida, marcada para as nove horas.











Devidamente gerenciada a bagunça mais ou menos generalizada da pré-partida, descobri, já alinhado pra largada, que era o único com a plaquinha azul, dentre algumas centenas de outros bikers com numerais na cor verde. A questão é que havia duas provas em uma, o percurso completo, de 50km, e o reduzido, de 35. Fazendo um rápido retrospecto do momento da inscrição, feita on line algumas semanas antes, me dei conta que realmente não havia a opção do percurso completo para a minha faixa etária (Caramba! Será que estou tão velho assim e nem percebi!... rsrsrs). Por algum motivo considerei que estava inscrito para a prova de 50 km, e não era ali, naquele momento, que iria mudar. Decidi ignorar a pequena confusão e encarar a prova completa, independente do regulamento ou da cor da tal plaquinha do numeral.






Pouco antes da largada
(crédito da foto: Moraes)




Dada a largada, o pelotão da garotada saiu em disparada pela estrada afora, levantando poeira e fazendo pressão por espaço de ultrapassagem. Realmente é difícil competir com essa explosão de força da juventude, mas "calma aê, que tem muito chão pela frente!" 

Logo começaram as subidas. E que subidas! Caramba! Será que os aclives de Minas eram mesmo mais duros que os de outros lugares?... rsrsrs

Junto com os intermináveis e sucessivos subidões, o calor foi aumentando, a paisagem se tornando mais inóspita e inspiradora e o ritmo foi encaixando. Devagar e sempre os quilômetros foram passando enquanto o mundo girava em volta.

Em determinado trecho passei ao lado de uma fazenda com um grande pomar de mangueiras e seu aroma doce e agradável invadiu minhas narinas, causando uma gostosa sensação de bem estar e leveza, fazendo-me lembrar de como era bom estar ali, fazendo o que estava fazendo.

Passamos por lugares muito bonitos, com alguns single tracks bem desafiadores, tanto pra subir quanto pra descer. A média de velocidade não chegava a 15 km/h, refletindo a dificuldade da altimetria enfrentada.

A partir de mais ou menos uma hora e meia de prova é que o ritmo realmente encaixou, e entrei naquele estado sempre almejado de meio que esquecer do tempo e de não ter mais dúvidas de que conseguiria chegar ao final, seja onde fosse.

Essa dinâmica corpo-mente nessas provas de grande demanda de energia e concentração é muito interessante. No começo parece que o corpo fica incomodando a mente com mensagens de dúvidas e receios, e esta tem que ficar equacionando essas variáveis e respondendo ao corpo: “relaxe, não se preocupe não, vai indo, guenta firme”. Mas a partir de certo ponto esse diálogo diminui (quase cessa) e o que fica é uma pacífica dança de movimentos, respiração, suor, harmonia com o mundo, alegria. Aí pouco importa quantos quilômetros faltam, quanta subida, quanta dor... Tudo fica amortecido e simples.







Próximo da chegada
(crédito da foto: Moraes)






Assim, quase sem perceber, estava de volta ao centro da cidadezinha de Onça de Pitangui, onde reencontrei o animado Moraes me esperando com uma água de coco gelado numa mão e a máquina fotográfica na outra. “E aí, como foi?”, perguntou, com um largo e malicioso sorriso. Pensei em dizer que havia sido tranquilo (só pra zoar com a situação), mas apenas sorri de volta aquele sorriso de quem está cansado demais pra fazer qualquer comentário. 






(crédito da foto: Moraes)





No final das contas, o ganho de altitude acumulada chegou a quase 1500 m, o que prova que esses mineiros, além de muito simpáticos, não são lá muito bons de fazer conta e interpretar instrumentos de medição... rsrsrs. Mas valeu cada metro!


Bom demais.






(crédito da foto: Moraes)











Os números da brincadeira



"Há dois tipos de realizadores:

os sábios que sabem que a coisa pode ser feita e fazem-na,

e os loucos que não sabem que a coisa não pode ser feita e fazem-na."



(Walter Slezak)






Gratidão




Força Sempre








Obs:

  • Meu muito obrigado ao Moraes pelo convite e pelo apoio irrestrito na participação dessa prova. Que possamos repetir a parceria em outras oportunidades! 








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