Tiger 900 Rally Pro

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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Passeio de moto pela Estrada da Limeira, Garuva-SC, 24 Nov 2017







Dia de dar uma voltinha de moto.

Pra esse passeio planejei, como atrativo principal, percorrer a Estrada da Limeira, caminho de terra que liga um ponto da BR 277 (próximo a Morretes) a Garuva-SC.

Esse percurso se desenvolve em três etapas: descida da Serra do Mar pela BR 277 - 60 km em excelente estrada, com belas curvas e visual bacana; a Estrada da Limeira - cerca de 70 km de terra, pedras, buracos e uma paisagem de tirar o chapéu; e, retornando a Curitiba, mais uns 80 km pela BR 376 - movimentada estrada que liga o sul do país pelo litoral.

Excepcionalmente o dia estava com uma cara boa - céu azul, sem previsão de chuva.

Já havia percorrido a Estrada da Limeira tempos atrás, com o Troller, por isso sabia que é uma região bem isolada e de beleza singular. Percorrer caminhos com essas características de moto, sozinho, tem, logicamente, o duplo viés de ser muito instigante, ao mesmo tempo que é também um tanto temerário – a velha questão de “e se acontecer alguma coisa” é bem pertinente nesse caso... Em caso de algum problema, pode demorar um pouco pra aparecer alguém pra dar uma mão (principalmente na primeira metade do caminho).





















Pilotar a GS nesse tipo de terreno requer certa adaptação dos sensores de equilíbrio e de percepção internos. Mas isso acontece muito rapidamente. Depois de alguns minutos parece que o cérebro passa a entender o que está acontecendo e o ritmo vai se encaixando. É lógico que a motinha não é uma legítima trail, apesar de ser chamada de “big trail”. Não é difícil imaginar que em situações adversas de terreno, quanto menor o tamanho (e o peso), maior o controle. 






















No entanto, felizmente o inverso não é uma equação diretamente proporcional, ou seja, apesar de ser uma moto grande e aparentemente pesada, não é um trambolho, como pode parecer a olhos leigos. Muito pelo contrário. É uma máquina incrivelmente ágil e de tocada confiável e divertida. A vulnerabilidade fica por conta de situações em que o peso realmente pode fazer a diferença entre se safar de um enrosco ou não. Por isso, o melhor a fazer é usar (bem) o motor pra manter a estabilidade do voo.
























Apesar da natural preocupação inicial, o passeio transcorreu sem sustos e sem problemas. Curtir um pouco esse bucolismo do ambiente rural é um prazer que deveríamos usufruir com mais frequência. Parei várias vezes pra ouvir o rio correndo por baixo da ponte, os pássaros cantando na mata ao redor ou simplesmente para apreciar o silêncio típico desses lugares isolados. 

Chegando a Garuva, no começo da tarde, parei pra contemplar o rio que passava sob uma ponte e vi uns garotos às margens do curso d'água, brincando de mergulhar nas águas refrescantes, fazendo graça uns com os outros, meio à toa, e me ocorreu como, de certa forma, a nossa cultura e sociedade moderna nos "desensinou" isso de simplesmente curtir o momento e o lugar, sem preocupações, sem criar necessidades, sem querer que cada ato seja uma apoteose num palco imaginário. Talvez, hoje em dia, precisemos mais desaprender do que "adquirir" mais conhecimento e informações... Simplicidade - esse é nome dessa 'arte'.





















De volta ao ritmo apressado e barulhento de Curitiba, me sinto revigorado por uma energia boa que circula pelo corpo, pela mente e pelo espírito, como se estivesse voltando de um lugar onde vi a luz, e se contasse para os que estão na caverna, esses não entenderiam o que diria, e acabariam por me chamar de louco... Bem, acho que minha “loucura” me mantém vivo... [risos]

Bom demais!




























Percurso realizado (213 km)







"Tenho neste momento tantos pensamentos fundamentais,
tantas coisas verdadeiramente metafísicas que dizer,
que me canso de repente, e decido não escrever mais,
não pensar mais, mas deixar que a febre de dizer me dê sono,
e eu faça festas com os olhos fechados, como a um gato,
a tudo quanto poderia ter dito."


(Fernando Pessoa, em 'Livro do Desassossego')









Gratidão




Força Sempre




P.S: Sim, é verdade, de um ponto de vista "meta filosófico zen espiritualista" tudo isso é pouco importante, emoções momentâneas, apego à matéria, brincadeiras de samsara. Sim... quem sabe um dia largue tudo isso e decida viver da pura contemplação do mundo e do tempo, sem mais nada. Quem sabe...?







Obs: 


  • Todas as fotos: arquivo pessoal.
  • Câmeras utilizadas: drone DJI Mavic e Nikon Coolpix AW130.






quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Ensaio fotográfico "carros antigos" - 19 Nov 2017



No último final de semana ocorreu aqui em Curitiba o 26º Encontro Sul-brasileiro de veículos antigos, reunindo centenas de carros antigos dos mais diversos tipos e marcas.

Aproveitando a oportunidade, fui lá dar um passeio e exercitar um pouco o olhar fotográfico.

A seguir, algumas fotos das máquinas em exposição:
















































































































































































































E aí,

gostou das fotos?

E dos carros?

Qual deles você curtiria ter na sua garagem?
[nenhum?!... Que isso?! Não é uma pergunta ao pé da letra, é só exercício de imaginação... (risos)]




Obs:
  • Todas as fotos: arquivo pessoal.
  • Câmera utilizada: Canon Rebel XTi/ lente 18-55 mm.









sábado, 18 de novembro de 2017

Prova de Mountain Bike Cabanha Rio Bonito (60 km), Ponta Grossa-PR, 12 Nov 2017









Há cerca de dois meses me inscrevi em uma prova de MTB de 100 km (com 2300 m de altimetria) que aconteceria nesse 12 de novembro na região dos cânions da serra gaúcha, na cidade de Cambará do Sul-RS. O percurso da prova prometia ser espetacular, passando pela borda de grandes cânions e pelo interior de parques nacionais da região.

No entanto, cinco dias antes da data marcada, a prova foi cancelada pela organização, alegando não terem atingido o número mínimo de atletas necessário para viabilizar a competição e a falta de autorizações dos órgãos ambientais competentes. É um absurdo um negócio desse! Um desrespeito aos atletas já inscritos e que haviam se preparado para estar no evento. Havia feito um ciclozinho de treinamento específico visando essa prova e não fiquei nada contente com esse cancelamento em cima da hora. 

No dia seguinte a esse comunicado, fiquei sabendo de uma prova de MTB que ocorreria aqui perto de Curitiba, na mesma data. Pra compensar o "no show" da prova que havia sido suspensa, resolvi participar dessa perto de casa, mas na distância de 60 km (com 1100 m de altimetria).












Assim, fui pra essa competição mais ou menos tranquilo do ponto de vista do preparo físico necessário.

Excepcionalmente estava um dia especialmente bonito nesse domingo - nenhuma nuvem no céu e o sol brilhando forte desde as primeiras horas da manhã.

Foi uma das provas de Mountain Bike mais bonitas de que já participei. Passamos por lugares realmente maravilhosos, do ponto de vista estético. Além disso, foi uma prova rápida, com trechos muito bacanas de leves descidas, por entre morros ondulados e plantações de diversos tipos. As subidas estavam presentes, é lógico, mas nada assustador. 














Devia ter levado a câmera fotográfica para ter feito umas fotos. Optei por não levar porque, afinal de contas, era uma competição, e não um passeio. O legal de provas organizadas como essa é que se passa por lugares que de outra forma não é possível acessar, porque muitos trechos atravessam áreas particulares, nas quais é difícil entrar sem autorização.

Fico imaginando uma prova dessa sendo filmada por uma frota de drones espalhados pelo percurso... Seria simplesmente cinematográfico!













Me senti muito bem durante toda a prova, particularmente da metade para o final. No final das contas, ainda fiquei em quarto lugar na categoria 45-49 anos de idade (dentre 7 atletas), em que pese minha incorrigível despreocupação competitiva. Mas isso, logicamente, é o menos importante.




















Sentir aquela velha sensação de extremo cansaço físico pós prova foi muito bom. É um choque de energia uma brincadeira dessa!

Bom demais!



























Dados da prova - Garmin Fenix






Altimetria








Gratidão





Força Sempre








Obs: Fotos identificadas com "GL PROMO" E "MTB ULTRA" foram feitas pela equipe de fotógrafos contratados pela organização da prova. As demais são arquivo pessoal.





Passeio com o Troller a Guaraqueçaba-PR, 10 e 11 Nov 2017









(... em busca de silêncio)

Planejei essa viagenzinha mais por razões sonoras do que visuais. Estava realmente precisando de um pouco de silêncio. Tanto no sentido de ouvir quanto de falar.

Saí de casa na sexta-feira à tarde, com o Troller, com a intenção de pernoitar na cidadezinha de Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, distante cerca de 160 km de Curitiba (metade dos quais é de estrada de terra, e uma estradinha de terra daquelas...). Justamente por essa dificuldade de acesso, essa localidade conserva exatamente o que estava procurando naquele momento - aquela sensação de fim de mundo, um lugar em que as pessoas vivem em outro ritmo e em que não se ouve no ar esse rosnar constante de motores em funcionamento, característico das cidades grandes.

O tempo, pra variar, estava cinzento e com cara de chuva por essas bandas, não muito auspicioso para um passeio. Paciência...

Antes mesmo de chegar ao começo da tal estradinha de terra começou a cair água do céu, e o mundo tomou aquele aspecto melancólico típico desses momentos – num lugar distante, sozinho, embrenhando-se por caminhos tortuosos e desconhecidos, sob um céu cor de chumbo...










Cheguei à pequena Guaraqueçaba por volta das seis da tarde, debaixo de uma chuva decidida e com muita lama por todo lado. Instalei-me numa pousadinha e dediquei o restante da noite a curtir o que havia ido buscar, ouvir o silêncio e ficar em silêncio.












Na manhã seguinte a chuva que caiu quase a noite inteira havia parado. Saí pra dar uma caminhada pelas redondezas, apreciando, com ingênua alegria, as cenas simples de um pequeno vilarejo acordando num sábado pela manhã. A mulher varrendo a frente de um templo evangélico, um garoto passando de bicicleta trazendo um saco pendurado no guidão (pão para o café da manhã?...), um homem saindo para o mar com sua bateia (indo pescar?...).






























A cidade fica à beira da Baía de Paranaguá e, por isso, acaba sendo mais fácil chegar lá de barco do que de carro (pelos ingratos 80 km de estrada de terra cheia de buracos e costelas de vaca que havia percorrido no dia anterior). Esse posicionamento geográfico confere ao local certo charme, certo ar de liberdade que só o mar é capaz de proporcionar. Muito bom caminhar pelos caminhos à beira-mar sentindo o cheiro da maresia, ouvindo o barulhinho da água batendo levemente nas pedras, os pássaros cantando nas árvores em redor. Simples, mas revigorante.

Pouco depois iniciei o retorno, mas nesse caminho de volta queria aproveitar pra conhecer uma reserva natural de que havia ouvido falar, o Salto Morato, aonde se chega por uma outra estradinha, ainda mais estreita e secundária, quatro quilômetros distante da estrada principal.











“A Reserva Natural Salto Morato está localizada em Guaraqueçaba, no litoral Norte do Paraná. Em 1994, a área foi comprada com o apoio financeiro da The Nature Conservancy e, no mesmo ano, foi reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Desde 1996, é aberta ao público e se tornou uma das atrações turísticas do município de Guaraqueçaba (PR). Em 1999, foi reconhecida pela Unesco como Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade.

A Reserva Natural Salto Morato abriga uma área de 2.253 hectares de Mata Atlântica e encontra-se em região com expressiva concentração de espécies de aves endêmicas - ou seja, que ocorrem apenas no bioma -, sendo várias delas ameaçadas de extinção.”


 [transcrito do site www.fundacaogrupoboticario.org.br]
















Fui recebido gentilmente por duas moças, às quais paguei a taxa de entrada (dez reais) e que me fizeram uma rápida exposição das características e detalhes da Reserva.





















Iniciei então a caminhada pela trilha que levava ao Salto Morato propriamente dito – uma queda d’água de cerca de 120 metros de altura envolta por densa mata por todos os lados. Belo visual. Fiz um vôo com o Mavic, pra tirar umas fotos aéreas do magnífico cenário e fiquei um tempo ali, curtindo o barulho da água e a sensação boa de não ter ninguém por perto.





























Na sequência percorri outra trilha pra ver outro atrativo da Reserva, uma figueira centenária que cresceu à beira de um rio, e cujos galhos desenvolveram-se sobre esse rio.














Para acessar esses dois pontos, caminhei cerca de três horas pelas trilhas, não tendo cruzado com ninguém nesse tempo em que lá estive. Mais uma excelente e rara oportunidade de apreciar o que havia ido buscar nesse passeio, essa vivência revigorante com o silêncio (interno e externo).




































É interessante a força de um ambiente como aquele, com uma densa mata por todos os lados, pássaros cantando, um ou outro bichinho passando correndo por entre os arbustos, uma ou outra cigarra cantando ao longe. Muito bom passar algumas horas em lugares assim de vez em quando.

Voltei então ao Troller e à “infame” estradinha de terra. No caminho de volta ainda fiz algumas paradas pra apreciar o ambiente e pra fazer mais alguns voozinhos com o Mavic, para umas fotos aéreas.
















































Como bônus do dia, almocei, no meio da tarde, num restaurantezinho caseiro, à beira de um rio, debaixo de umas árvores, um gostoso peixe com arroz e feijão. Mais simples, impossível.

Cabe destacar ainda o prazer de dirigir nessas estradinhas de terra. Em que pese que, a partir de certo ponto, a brincadeira comece a cansar, e o natural desgaste que se impõe ao carro nessas condições adversas, acho um barato estar nesse tipo de ambiente de vez em quando, e curtir esse prazer quase infantil de dirigir sem as preocupações e condicionamentos das estradas asfaltadas.

Passeios assim reforçam um velho sonho que ainda cultivo, de morar num lugar em que o silêncio seja onipresente. Se estiver distante de vizinhos e com um belo visual à janela, tanto melhor. Quem sabe um dia...

Bom demais.

























"Entre as lições da vida natural,

o isolamento voluntário de alguns animais ensina coisas ao homem.
Longe dos períodos de acasalamento e de caça em grupo,
eles procuram a solidão para refazer sua energia,
num encontro com a vida que se expressa como um ritual sagrado.
Com o homem que não perdeu de todo seu instinto -
a quem a cultura e a cidade
não conseguiram reduzir à condição de máquina -
essa retomada de contato com a natureza,
misteriosa como é, transforma-se em necessidade e prazer.
No jardim, na janela, na praia deserta,
o ritmo da respiração e o encantamento com o mundo
não precisam ser aprendidos -
porque revelam sozinhos esse instante de celebração e reencontro".

(Luiz Carlos Lisboa)



Gratidão





Força Sempre







P.S: Todas as fotos: arquivo pessoal