Há algum tempo alguns amigos e eu combinamos que "um dia" desceríamos pra Morretes de bicicleta. Na quinta feira, dia 6 Abr, o Castagnino, um dos guerreiros, acionou a turma pra fazermos o passeio no sábado. O Paulo Célio, o Hipólito e eu confirmamos presença. Assim, às oito e meia da manhã do sábado encontramo-nos num posto no começo da BR 277, estrada que liga Curitiba ao litoral, para colocarmos nossos planos em prática.
A ideia era ir até Morretes, distante cerca de 70 km da capital, descendo a Serra do Mar em parte pelo asfalto da BR e em parte por uma estradinha de terra conhecida pelo estranho nome de Serra do Anhaia.
O trecho da BR transcorreu rápido e sem sustos, com destaque para o setor especificamente de serra, marcado por uma descida empolgante, cheia de adrenalina e uma boa dose de risco. Mas divertido mesmo foi o downhill da estradinha de terra do tal Anhaia! Declive acentuado temperado por pedras, buracos, curvas fechadas, galhos de árvores caídos na estrada e a monumental moldura da mata fechada em volta. Muito bacana!
Concluído o trecho da descida, demos uma paradinha num rio que corria ao lado para um relaxante banho nas corredeiras, pra curtir o ambiente em volta e pra trocar as impressões do caminho até então percorrido.
De volta às bikes, em mais alguns minutos por uma agradável estrada de terra simpaticamente assentada em leve declive chegamos à cidade de Morretes, por volta das onze e quinze. Demos uma volta pelo centro, visitando as barraquinhas da feirinha local, tomamos um caldo de cana, batemos um papo e começou-se a pensar na volta, programada pra ser feita de ônibus.
Dei uma olhada no relógio, consultei meu oráculo interno e pensei: "por que não voltar também pedalando?"... A Serra da Graciosa estava logo ali, a poucos quilômetros de distância, o clima estava bom (sem chuva, sem calor excessivo), a bicicleta estava em ordem, então resolvi usar a velha "teoria do Jaques" ("já que estou aqui...") e aproveitar a oportunidade pra fazer um pedal um pouco mais longo. Já havíamos pedalado cerca de 60 km até ali. Pra fazer a volta pela Graciosa e retornar pra casa estimei que ainda faltariam cerca de 70.
Despedi-me dos meus companheiros, subi na montaria, respirei fundo e coloquei os pedais em movimento. Até o sopé da Serra da Graciosa foram 15 km planos e suaves. A subida da Serra é, sempre, uma brincadeira que merece respeito. São 14 km só subindo, com inclinação de "média" a "bastante forte". O ambiente da estrada, no entanto, compensa facilmente o rio de suor cobrado como "pedágio". No finalzinho começa a dar aquela sensação meio incômoda de "esse negócio não vai acabar mais?". Mas uma hora acaba... No topo da Serra, mais um caldo de cana, pra comemorar, e bora pedalar.
O trecho seguinte segue pela Estrada da Graciosa, num sobre e desce constante e um belo visual em volta, até desembocar na estrada do Contorno Leste de Curitiba, por volta das quatro da tarde. Ok, agora é só continuar girando os pedais até chegar em casa!...
No finalzinho da tarde estava em casa, com o odômetro marcando 145 km rodados desde de manhã cedo. Foi um belo passeio!
1ª parte: Curitiba a Morretes
Altimetria da 1ª parte
2ª parte: Morretes a Curitiba
Altimetria da 2ª parte
P.S.: Meus agradecimentos aos companheiros de pedal - Castagnino, Paulo Célio e Hipólito. Que a parceria possa render outras boas histórias ciclísticas.
"Com as nossas mãos, com as mãos do espírito e da vontade,
do amor e do destino, tecemos devagar
a verdade de cada dia e de cada momento.
O que parece que nos chega pronto,
como uma surpresa da vida,
é muitas vezes esse tecido que fiamos ao longo do tempo,
esquecidos de que o fiamos.
De uma só vez, e de algum modo milagroso,
somos a um só tempo o tecelão e o usuário,
que se encanta com as cores ou se surpreende com a aspereza desse tecido."
(Luiz Carlos Lisboa)
Força Sempre
Gratidão
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