* em parceria com o amigo Alexandre Ferreira
Caminhada aos morros Camapuã e Tucum, em Campina Grande do Sul, arredores de Curitiba, com o amigo Alexandre.
Duas horas e meia de subida e duas e quinze de descida.
Boa conversa, bom exercício e algumas paisagens inspiradoras pelo caminho.
E ainda não havia feito essa trilha...
Movimento.
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Sobre fotografar em situações de atividade ao ar livre
Estive pensando durante e após essa caminhada sobre o ato de fotografar durante esse tipo de atividade, mais especificamente sobre o quanto isso demanda nossa atenção, e, em consequência, o quanto isso eventualmente tira nossa atenção do momento e local presentes.
É fato que fotografar realmente consome um bocado de energia e atenção mental. Um pouco de reflexão a respeito me revela facilmente que isso vira um hábito. Pra onde quer que se olhe logo abre-se um "olhar fotográfico" - será que esse ângulo daria uma boa foto? - estamos sempre a pensar.
Concluir daí que esse hábito "rouba" parte da nossa atenção do momento presente também pode ser considerado pertinente. Mas também podemos abordar a questão de outro ponto de vista, e considerar que, pelo contrário, a constante reflexão fotográfica nos torna mais atentos aos detalhes e nuances do lugar em que estamos, o que também é verdade.
É inegável, entretanto, que fotografar dá um tremendo trabalho. Não o trabalho de apertar o botão do obturador, logicamente, mas o de olhar, de buscar, de elaborar a imagem, de refletir sobre cada possibilidade, de dialogar incessantemente consigo mesmo.
Tanto que comecei essa caminhada com a câmera guardada na mochila, meio que decidido a apenas curtir o momento, sem me preocupar em fotografar. Mas quando chegamos ao cume das elevações, cedi à tentação, saquei a câmera e comecei a fazer um ou outro clique, e logo me vi arrebatado pelo jogo da imagem.
E acho que é isso. Fotografar é como um jogo ou uma brincadeira. Ou mesmo um desafio. Achar o enquadramento, o ângulo, a luz, o momento, a altura, os elementos que comporão uma boa imagem.
E, pelo menos pra mim, é quase sempre um jogo frustrante. Quer dizer, mais ou menos... Frustrante porque talvez a maior parte das tentativas não dá em nada, saem muito aquém do que aquilo que se imaginou. Mas as poucas que ficam bacanas valem pelas perdidas, e costumam virar o placar da satisfação pessoal.
E no final das contas, no meu entender, é basicamente uma questão de satisfação pessoal. Abrir as fotos no computador em casa, depois da atividade, com calma, e se surpreender (para o bem e para o mal) com as imagens captadas, é um prazer e um bom exercício de resignação e de eventual (fugaz) satisfação.
Mas penso que o trabalho de fotografar envolve também, previamente, certa angústia, no sentido do "compromisso" de achar aquilo que se procura - achar a foto ou as fotos que estão escondidas lá fora. É semelhante ao sentimento de olhar para uma folha de papel em branco, com a intenção ou a necessidade de escrever algo que seja bacana, ou de olhar para uma tela em branco, com o desafio de pintar uma obra de arte, no caso dos artistas plásticos. Há sempre aí esse vazio que causa certo desconforto, mas que logo se dissipa quando se passa à ação.
De vez em quando vejo alguém comentando nas redes sociais sobre a possibilidade (ou o desafio) de fazer esse tipo de atividade, ou ir para aquele lugar maravilhoso e não tirar (nem publicar) nenhuma foto. Apenas apreciar o momento. É uma opção. Talvez seja um exercício interessante. Mas não podemos nos deixar levar pela onda de achar que tudo que fazemos é do jeito errado, e que o certo é o oposto, só por ser oposto.
Reconheço que a popularização das câmeras nos aparelhos celulares de certa forma banalizou o ato fotográfico. É aquela história de chegar a algum lugar e antes de olhar para a paisagem em si, já ir olhando para o visor da câmera pra tirar aquela "foto oficial" pra postar em algum lugar. Nesse sentido, fotografar pode mesmo ser encarado como um ultraje ao momento e lugar presentes.
Mas é mais do que isso. No fundo, no fundo, talvez o que realmente faça diferença seja mesmo a atitude de quem fotografa. Incluído ai a intenção, a finalidade e todas as entrelinhas e nuances do simples ato de apertar um botão.
Pessoalmente, sigo encarando meus fantasmas e lidando comigo mesmo, seja junto ao visor da câmera, seja diante de uma folha em branco, ao tentar escrever alguma coisa. O caminho é longo e tortuoso, mas de vez em quando me sobra uma ou outra migalha de contentamento, e assim sigo adiante.
E você, caro leitor, o que acha disso?
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Gratidão
Força Sempre
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