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quarta-feira, 26 de junho de 2019

Caminho do Itupava, Curitiba-PR, 23 de Junho de 2019











"O Caminho do Itupava é uma trilha histórica que liga Curitiba a Morretes, no estado do Paraná. Aberta entre 1625 e 1654 por indígenas e mineradores, foi posteriormente calçada com pedras por escravos. Durante mais de três séculos os caminhos coloniais foram a única passagem da costa para o planalto, dando, subsequentemente, origem às rodovias e ferrovia que possibilitaram o desenvolvimento do Estado do Paraná.

Originário de antigas trilhas indígenas, o Caminho do Itupava foi uma das principais vias de comunicação entre o Primeiro Planalto paranaense e a Planície Litorânea desde o século XVII até a conclusão da Estrada da Graciosa, em 1873, e a efetivação da Estrada de Ferro Curitiba Paranaguá, em 1885, quando foi abandonado. No entanto, propiciou a ocupação e colonização dos Campos de Curitiba onde, durante dois séculos, contribuiu para o desenvolvimento socioeconômico das regiões que interligava.

Hoje, o Caminho do Itupava não tem mais função econômica, porém é um monumental sítio arqueológico que testemunha um precioso patrimônio cultural e natural, principalmente no trecho calçado, em plena Floresta Atlântica na Serra do Mar. O Itupava é um caminho de belezas naturais e históricas, cruzando rios, cercado de vales verdes e montanhas."

[Fonte: Wikipédia]







(fonte da imagem: Wikipédia)






Fazia algum tempo que queria fazer novamente o Caminho do Itupava, entretanto esse é um percurso que começa em um ponto e termina em outro, o que exige uma logística de transporte específica e bem pensada (alguém pra levar ao ponto de saída e resgatar depois na chegada).

Por acaso, alguns dias atrás vi um informe publicitário propondo a realização do Caminho com o devido apoio de transporte, e com um atrativo adicional: percorre-lo no sentido Morretes-Curitiba, ou seja, subindo a serra, diferente do que normalmente se costuma fazer (e do que havia feito nas duas vezes em que o realizei há anos atrás). Gostei da ideia e aderi ao programa.

Acabei integrando um grupo de dezesseis pessoas desconhecidas e heterogêneas, que se reuniram sob a liderança do guia da empresa "Gilgamesh Cumes e Trilhas".

Demos sorte com o tempo, pois estava um belo dia de sol, céu azul e temperatura agradável - ideal para uma longa caminhada na floresta.

Iniciamos a caminhada às nove da manhã, junto ao posto do IAP na estradinha que liga o Distrito de Porto de Cima à Estação Hugo Lange, e chegamos ao final da trilha, no município de Quatro Barras (grande Curitiba), às 17:15, encaixando um ritmo bem dinâmico na pernada - apenas duas paradas um pouco mais longas (vinte minutos), intercaladas com outras mais curtas.

A beleza cênica do percurso é envolvente - mata densa e preservada, rios, riachos, vegetação exuberante e variada, solo sempre úmido (apesar do tempo seco), pássaros cantando e aquele silêncio de fundo que soa como música aos ouvidos. Um verdadeiro deleite!

Há que se destacar ainda o valor da atividade como exercício físico - bela empreitada que exige um pouquinho de disposição e estruturas em dia.

Fica aqui o convite aos amigos para marcarmos uma reedição do passeio, qualquer hora dessa.

Bom demais!









































































































































































GPS





Altimetria












***   ***   ***






Ponto de vista: 

Outro dia estava ouvindo uma entrevista no formato "podcast" de um site especializado em aventuras (particularmente trekkings, cicloviagens e montanhismo), em que o entrevistado - um camarada que se propõe a ser um aventureiro profissional - criticava veementemente (e negativamente) empreitadas de aventura que ele chamava de "compradas", como, por exemplo (e pra ir logo para um caso extremo), escalar o Everest com uma dessa empresas que fazem tudo para o seu "cliente". Segundo ele, não via nisso "nenhum valor". O que teria valor seria fazer como ele faz suas viagens: por conta própria, com sofrimento, com risco, com autonomia, com roteiros próprios, etc.

Esse tipo de polêmica é muito comum hoje em dia. Nas redes sociais criou-se até um apelido pejorativo para distinguir os grupos: os "raízes" versus os "nutelas", sendo aqueles os verdadeiros heróis que fazem tudo por conta própria e não precisam de ninguém, e esses os "coxinhas" que vivem calculando cada passo.

Essa conversa, na verdade, é antiga, e permeia não só o segmento das viagens e aventuras, mas praticamente tudo na nossa vida. Sempre tem alguém pra julgar, classificar e criar "mistério" com as coisas. Desde os tempos de Academia Militar, como cadete, que a gente ouvia os mais antigos mistificando os exercícios em campo, as temidas SIEsp, e entoando a cantiga de que havia os "muito bons" e os demais.

O mesmo conceito se aplica a esportes como o triathlon (em particular o Ironman), o mountain bike, a corrida de montanha, etc. O artifício de criar mistério com as coisas, e com isso valorizar o seu feito, e diminuir o do outro, é velho.

[Por exemplo: o sujeito dá a volta ao mundo de veleiro, em solitário, mas aí vem o outro e aponta que ele não construiu o barco com as próprias mãos, como fulano vez - "comprar o barco pronto não vale, né?"!]

De certa forma isso acontece também na fotografia (e talvez na arte em geral) - aquela crítica segundo a qual aquilo que você faz nunca é bom o suficiente. 

Nessa entrevista a que me referi no começo deste texto, o camarada usa uma metáfora interessante, dizendo que fazer um pão com as próprias mãos, com todo o cuidado e carinho de um preparo pessoal não se compara a comprar e comer um pão da padaria da esquina. Ok, é verdade. Mas será que é possível, hoje em dia, "fazer" tudo com as próprias mãos, com os próprios meios, com uma originalidade imaculada e sagrada?

Onde está o valor do que fazemos? No sacrifício? No sofrimento? No risco? Na beleza cênica? Na intenção íntima? No modo como se faz? Nas histórias que acontecem no caminho? Nas lições que achamos que aprendemos? Nas fotos que ficam como memória? Ou apenas na memória interna da nossa cabecinha? 

Olhando bem de perto, nada é simples. 

Achar que existe um "jeito certo" de fazer as coisas é meio que querer simplificar um mundo que é, em si, extremamente diverso, multifacetado, cheio de nuances. O problema é que sempre tendemos a avaliar tudo tomando-nos como "medida de todas as coisas".

Até concordo que existem formas mais e menos desafiadoras, trabalhosas e difíceis de fazer as coisas (se esses parâmetros agregam valor ao feito é algo a ser considerado), mas penso que o mais importante mesmo é ir lá e fazer do jeito possível, alcançável, e não ficar paralisado pelo "mito de uma suposta perfeição".

Mais compreensão e sensibilidade, menos rigor e julgamentos.

E você, o que acha?











Gratidão



Força Sempre










2 comentários:

  1. Bela reflexão Sidnei...os críticos de plantão nunca dão trégua. É raro hj em dia vermos as pessoas valorizando os feitos de outras, incentivando, curtindo ou simplesmente apreciando os desafios. Dentre as várias opiniões, compartilho da sua...melhor mesmo é fazer do jeito possível para cada um, tirando o máximo proveito das empreitadaa para eternizá-las, de alguma forma, na alma. Forte abraço!!!

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  2. Se fez, tá feito. Não importa como. Se te deu prazer do jeito que fez, tá valendo. Grande abraço meu irmão.

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