Tiger 900 Rally Pro

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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Voltinha de moto à região de Morretes (estação Hugo Lange), 25 Jun 2017











Estive pensando que o formato compacto e muito consistente (tipo um rolo compressor...) da nossa sociedade moderna nos molda de tal forma que facilmente nos convencemos e nos acomodamos aos seus conceitos. Quero me referir especificamente à (confortável) sensação, que a vida enquadrada nesses moldes nos proporciona, de achar que tudo o que nos cerca é necessário e não poderia ser de outro jeito. Assim, nos acostumamos aos dias da semana, às muitas horas diárias dedicadas ao trabalho, à onipresente pressão financeira envolvendo tudo, e assim por diante.

Sair desse “formato” pode ser perigoso, mas também pode ser bem enriquecedor.

Aonde quero chegar? Ao ponto do por que fazemos o que fazemos. A rigor, nada é exatamente necessário, nada é absolutamente certo (no sentido de “precisão”), imprescindível, definitivo. No final das contas, talvez o real motivo por trás de tudo seja apenas e simplesmente a velha e boa vontade (muito embora provavelmente muitas vezes não percebamos isso).

E a liberdade de opção e de escolha pode ser uma dádiva, mas também pode ser um “problema”...






Pois é... a vida não é como um trilho...






Nesse domingo me propus fazer um passeiozinho com a GS num local que há muito imaginava que poderia ser divertido – chegar até a estação de trem abandonada Hugo Lange, aos pés do maciço do Marumbi, na região de Morretes.

Saindo de Curitiba, desci a conhecida Serra da Graciosa e, na altura em que a estrada cruza sobre o Rio Inhundiaquara, peguei a estradinha de terra que, margeando esse curso d’água, vai subindo vale adentro.

O bacana de lugares assim é a oportunidade de se afastar de aglomerados de gente. A rara e altamente gratificante sensação de se sentir sozinho no raio que a vista e os ouvidos alcançam.












Pouco depois fiz uma parada num cantinho da estrada, desci da moto e fiquei um bom tempo apenas curtindo o tranquilizador barulhinho do rio correndo ali do lado, a mata em volta, um ou outro pássaro que passava de vez em quando.

De volta à estrada, passei pelo posto do Instituto Ambiental do Paraná, onde é feito o controle de acesso à região do Parque Estadual do Marumbi. O rapaz do posto pediu pra eu avisar o outro agente do IAP que fica na Estação Marumbi (para onde me dirigia) que uma árvore havia caído na estrada e rompido o fio de energia que liga os dois postos, e por isso eles estavam sem comunicação.

A partir dali a estradinha começa a ganhar contornos dramáticos de irregularidades do seu piso e de inclinação em certos trechos. Tanto que apenas veículos 4x4 off road são autorizados a subir. Percorrer trechos como esse numa big trail como a  1200 GS não é tão fácil como pode parecer. O peso da moto não deixa margens a uma segurada com a perna ou a manobras mais ousadas em termos de equilíbrio. De tal forma que foi com um misto de apreensão e espírito de desafio que encarei o tortuoso caminho.












Nos trechos mais íngremes não há como parar, recuar ou pensar muito no que se está fazendo. O jeito é acelerar e, apoiado nos estribos, confiar que a dinâmica vai funcionar. No final das contas deu tudo certo, mas custou algum suor e um bom nível de tensão. Há que se considerar ainda que estava sozinho [se alguma coisa desse errado, iria demorar pra aparecer alguém pra ajudar] e, pra piorar a situação, estava com o pneu traseiro no final da sua vida útil, além de ser um pneu prioritariamente para asfalto, ou seja, estava com bem pouca tração ali atrás, e a estradinha ainda estava úmida do sereno da madrugada... “Ai meu deus!” [risos]












A estrada termina na Estação Hugo Lange. De lá fiz uma rápida caminhada de uns vinte minutos até a Estação Marumbi, um pouco acima, dei o recado da árvore caída ao camarada do posto de fiscalização e fiquei um tempo por ali, curtindo o silêncio do lugar, apreciando a bela visão do maciço do Marumbi, tirando umas fotos, lendo um pouco e aproveitando a agradável sensação daquele começo de tarde.







(by Mavic)






(by Mavic)






Maciço do Marumbi, visto de 500 metros de altura
(by Mavic)






Estação Marumbi

(by Mavic)






A descida pela estradinha de terra foi, como imaginara, ainda mais tensa do que a subida. Passei por vários “quase” (buracos inesperados, pedras grandes demais “fora do lugar”, etc), mas sobrevivemos ilesos (moto e piloto).

Mais uma vez devo registrar aqui minha admiração por essa bela máquina, também nesse tipo de ambiente totalmente travado e irregular. A motinha é show!

A volta pra Curitiba foi pela BR 277, subindo a Serra do Mar numa bela sequência de curvas e visuais de cartão postal.










É bom ter em mente que o “grande motivo” pra fazer o que quer que seja é apenas a vontade de fazer. Outros motivos serão sempre coadjuvantes, ainda que aparentem o contrário. Mas nem sempre é fácil identificar essa vontade... Bem como pode acontecer de não ser fácil reunir a energia necessária requerida para fazer o que se quer... Mas a graça é essa – juntar o quebra cabeça e conseguir criar uma “imagem” que faça sentido. Começar é sempre uma boa forma de colocar essa energia em movimento.

Viva a vida!






Painéis pintados na fachada de um velho prédio em Morretes







"O objetivo de toda civilização é converter o homem,
animal de rapina, num ser manso e civilizado,
isto é, num animal doméstico."

(Nietzsche, em A Genealogia da Moral)





Gratidão



Força Sempre






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Recentemente "descobri" uma bela música com a qual me identifiquei muito:




(de Vicente Barreto e Paulo César Pinheiro)




"Um dia eu senti um desejo profundo
de me aventurar nesse mundo,
pra ver onde o mundo vai dar.
(...)
Saudade, não sei bem de que,
tristeza, não sei bem por que,
vontade até sem querer de chorar.
Angustia de não se entender,
um tédio que a gente nem crê,
anseio de tudo esquecer e voltar."







quinta-feira, 29 de junho de 2017

Remada na Represa Passaúna, Curitiba-PR, 17 Jun 2017









Estava um dia excepcionalmente bonito em Curitiba neste sábado. Céu limpo com uma luminosidade dourada e empolgante, que dá aquela sensação sutil de bom presságio. Empolgado com essas condições, saí pra dar uma remada na Represa Passaúna.

Às duas e cinquenta da tarde coloquei o Kayapó em posição, remos n’água e saí deslizando suavemente. Remei por quase duas horas em ritmo tranquilo, mas com certo vigor.













Incrível a sensação de paz e desligamento do mundo que uma atividade como essa proporciona.

Estava realmente uma tarde muito especial, como se tudo estivesse momentaneamente suspenso, pausado, em ordem.













Muito bacana observar as diferentes incidências, inclinações e intensidades da luz do sol refletindo em cada encosta, no espelho d’água, no amarelo vivo da proa do caiaque.

Pouco antes das cinco horas selecionei um cantinho pra encostar, desembarquei e tirei alguns minutos pra apreciar aquele belo cenário, ao mesmo tempo em que montei o (drone) Mavic para uma sessão de fotos aéreas do momento.

























Feito o primeiro voo, comandado da encosta em que me encontrava, achei que podia aproveitar as condições estáveis e tentar uma pequena peripécia - comandar o equipamento de dentro do caiaque, e com isso registrar umas imagens com o barco navegando.


























Cumprida a missão da sessão fotográfica, a noite já se anunciava com o seu manto de escuridão descendo sobre a paisagem. Remei mais uns vinte minutos até o ponto de desembarque e curti os últimos resquícios da luz especial daquele dia carregando as coisas no carro.

Simples, mas altamente gratificante.


Viva a vida!












"A magia da natureza,
o feitiço dos pássaros livres e dos poentes
estão ao alcance dos meus olhos e das minhas mãos
se nada quero acrescentar à sua beleza própria,
ao seu encanto infinito e particular.
(...) A mim basta o mistério de cada dia,
das coisas que se revelam de leve e
daquelas que nunca vou conhecer.
A magia da vida, constante e sem finalidade prática,
basta a si mesma."

(Luiz Carlos Lisboa)






Gratidão




Força Sempre







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Por algum motivo desses escondidos nos labirintos da nossa mente, esse fim de tarde me fez lembrar de uma velha música da Legião Urbana, do começo dos anos 90:







"Tem dias em que tudo está em paz"







domingo, 18 de junho de 2017

Passeios no Morro da Palha e Parque Ouro Fino, Campo Magro/PR, 10 e 11 Jun 2017



No sábado à tarde, aproveitando a bela claridade ensolarada na região, saí pra dar umas voltas com o Troller pelo "quintal" de Curitiba. Fui até São Luiz do Purunã, no sentido norte da BR 277, e a partir de lá me embrenhei pelas estradinhas de terra das redondezas, descendo a serra até a conhecida fábrica de cimento Itambé. Voltei então até Campo Largo, de onde segui em direção ao Morro da Palha (num ponto em que só veículos 4x4 off road chegam [além das motinhas trail ou a pé, logicamente]), onde curti a luz especial daquele fim de tarde e o belo pôr do sol que se seguiu.














































No domingo participei de uma caminhada proposta pela Escola de Filosofia Nova Acrópole, no Parque Ouro Fino, localizado também no município de Campo Largo. Esse belo parque (de propriedade privada da empresa de água mineral Ouro Fino) já foi palco de diversas e desafiadoras etapas de corrida de montanha do circuito regional, das quais participei de algumas edições. Percorrer suas trilhas num outro ritmo e com outro enfoque foi muito bacana. E ainda fomos agraciados com outro belo dia de sol e luminosidade resplandecente. 





























































"Ouça a brisa, o suspiro de quem está por perto,
o canto de um pássaro distante - essa é a música do mundo,
que recomeça quando você está em silêncio por dentro.
Ela não precisa de acompanhamento ou de ajuda,
e tudo o que você pode fazer quando a escuta
é deliciar-se com sua infinitude."

(Luiz Carlos Lisboa)




Gratidão




Força Sempre







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Fotografia aérea









Como se pode observar em algumas fotos desta postagem, nesses dois passeios me fiz acompanhar pela minha mais recente aquisição de equipamento fotográfico - o drone DJI Mavic, que introduz uma nova e fantástica perspectiva ao olhar fotográfico, a perspectiva aérea.

Há meses vinha pesquisando e me informando a respeito desse novo mundo, a fim de tentar me introduzir nele. É impressionante o leque de possibilidades que um equipamento como esse abre, e as mudanças na forma de fazer fotografia, que, quase sem percebermos, ele provoca.

A começar pelo fato de que se subverte a ordem natural da fotografia tradicional de registrar aquilo que se está vendo. Eu próprio tinha esse conceito, quase em forma de orgulho, de interpretar as minhas fotos como aquilo que havia visto no visor da câmera. Sob o viés de um drone, essa visão se torna indireta, digamos assim. Mas será que isso, de alguma forma, diminui ou desvaloriza o registro feito? Creio que não. Fotografia é arte, e a câmera é apenas o instrumento de registro dessa arte. Seja ela tradicional ou em forma de uma máquina que voa comandada por um controle remoto, tanto faz... Acho que o foco deve estar na imagem captada, e não no instrumento utilizado para tal.

Outro ponto a se considerar é a complexidade da tecnologia envolvida nesse equipamento. A princípio, na fase de estudo e pesquisa, fiquei um tanto ressabiado com a quantidade de detalhes, coordenações e recursos que o aparelho disponibiliza e requer. Mesmo agora, quebrado o gelo dos primeiros voos e fotos, é evidente que tirar uma foto aérea não é uma operação simples. Mas enxergo beleza e um sentido bom de desafio nesse conjunto de dados e leituras demandadas pelo equipamento. É muito interessante o caminho entre imaginar o que vai ser fotografado, colocar a máquina em voo, ver o que ela está vendo e dar o comando para o registro da cena.

Há que se considerar ainda o risco envolvido em cada voo. Tanto de dano ou perda do equipamento em caso de acidente ou erro na pilotagem, quanto àquele a que se expõe as eventuais pessoas sobre as quais se voa. Acho que aqui cabem dois fatores essenciais: ter  conhecimento e habilidade técnica na pilotagem (que evidentemente só se obtém com estudo e experiência) e confiar na tecnologia e qualidade da máquina. De qualquer forma, percebo que fazer um voo sempre envolve certa tensão e preocupação inerente, bem diferente de fotografar com a câmera na mão, que não tem nada disso.

Colocar o equipamento em voo requer ainda a observância e obediência às condições atmosféricas do momento – nada de chuva, nada de vento forte, etc. - e, logicamente, um certo plano de voo, a fim de otimizar o tempo no ar e agregar segurança à operação.

Essas são as minhas primeiras impressões desse novo mundo. Espero que a iniciativa dê certo e traga bons resultados nessas andanças que de vez em quando faço por aí.




Abaixo, uma foto feita recentemente com o Mavic: pôr do sol especialmente cênico em Curitiba. Pra essa foto, decolei o equipamento do gramado do condomínio onde moro, operando o controle da sacada de casa. A ponte que aparece na imagem fica a poucas centenas de metros de casa, mas ainda assim perdi o drone do campo visual, e foi um voo totalmente por instrumento, digamos assim. O detalhe do sol posicionado sobre a coluna da ponte só foi percebido com o equipamento em voo. Nesse caso, decolei imaginando fazer uma coisa, e a luz do momento e o ângulo do voo me levaram a fazer outra, diferente do que havia previsto.
















quinta-feira, 8 de junho de 2017

Voltinha de moto, 03 Jun 2017








Puro prazer de pilotar

Curitiba - Registro/SP - Curitiba


Fico imaginando nossos ancestrais, há muitos milhares de anos, dando uma escapada de suas aldeias de vez em quando, montados em seus cavalos, em busca de horizontes e ares diferentes, pra espairecer um pouco a cabeça...

De certa forma, foi seguindo mais ou menos o mesmo impulso que neste sábado montei no meu cavalo mecânico e me pus na estrada.














Saí de casa no meio da manhã e fui até a cidade de Registro, no estado de São Paulo, pela BR 116 (Rodovia Régis Bitencourt). Fiz uma parada sem pressa num posto da região, comi alguma coisa e retornei pra casa na sequência. No total, 410 km rodados.











Estive avaliando que pilotar a GS em estradas de asfalto secundárias e tortuosas (como, por exemplo, a BR 373, que passa por Apiaí-SP), é bastante divertido, assim como as eventuais estradinhas de terra dos nossos muitos ambientes rurais, mas acelerá-la em trechos de estrada como esses 200 km entre Curitiba e Registro é realmente extasiante. Me arriscaria a dizer que é o tipo de estrada perfeito pra explorar as mais admiráveis habilidades desse tipo de moto.

Sentir o ronco grave do motor boxer cantando em altas rotações nas retomadas de velocidade, as gostosas reduções de marcha pra entrar nas curvas um pouco mais na mão ou o giro suave da velocidade cruzeiro nas retas representam efetivamente o puro prazer de pilotar.











Dar uma saída para uma autoestrada como essa de vez em quando instiga a imaginação e os sentidos. Sou tomado, sempre que faço isso, por uma sensação de que devia fazer mais, e, é lógico, pelo devaneio sempre vivo de “um dia” sair viajando sem destino, sem prazo, sem amarras...

É muito comum associar o motociclismo ao sentimento de liberdade, e, em que pese o jeitão de clichê dessa afirmação, o fato é que realmente essas máquinas são fantásticas e empolgantes, e não é à toa que é uma das “tribos” que mais cresce e vibra com a sua curtição, dentre as muitas que existem por aí.

O mundo está aí. Cabe a nós o auto compromisso de (pelo menos tentar) percorrer os caminhos que encantam nosso coração.

Viva a vida!






Represa do Capivari (vista da estrada), 
a 50 km de Curitiba, no meio da tarde







"Deixe-nos conhecer os lugares silenciosos,
deixe-nos procurar o que a sorte nos reserva,
deixe-nos viajar para uma terra solitária que conheço.
Há um sussurro no vento da noite,
há uma estrela para nos guiar.
E o desconhecido está chamando, chamando... Deixe-nos ir..."

(Robert Service)








Gratidão




Força Sempre













Obs: todas as fotos: arquivo pessoal.





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"Capitão Fantástico"







O filme "Capitão Fantástico" (lançado em 2016, direção de Matt Ross) é uma bela obra do cinema que conta a história de dois pais que decidem criar e educar seus seis filhos de forma alternativa à padronizada pela sociedade. Para tanto eles se isolam numa cabana na floresta e lá buscam viver segundo os mais altos ideais filosóficos e instruções práticas de como viver de forma auto suficiente. 

Mas o filme se desenvolve mesmo é em torno de um acontecimento que mexe com a estrutura da família.  A mãe dos meninos morre num hospital na cidade, e eles decidem ir ao seu funeral, montado e gerenciado pelos pais dela, totalmente formais e tradicionalistas. Daí surgem os casos e cenas que servem como pano de fundo para expor a verdadeira e importante mensagem que o filme quer passar.

O drama-comédia nos convida a pensar em diversos aspectos do nosso atual modelo de vida, tais como a consistência da educação formal de nossos filhos, conceitos como clareza e transparência na educação e na forma de nos relacionar com as crianças, o modelo tradicional de religião e seu artificialismo excessivo, etc. 

Vale muito a pena assistir e se divertir com a história, e, logicamente, refletir sobre as mensagens que ela quer passar, e trazer essa reflexão para a própria vida. Ainda que não se espere que venhamos a adotar um estilo de vida totalmente alternativo (o que também não seria má ideia), pelo menos pode servir para também não nos entregarmos passivamente a esse modelo arcaico e artificial de sociedade que tentam nos vender todo santo dia como o único possível e aceitável.