Tiger 900 Rally Pro

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domingo, 16 de abril de 2023

Remada em caiaque oceânico à Ilha das Palmas, litoral do Paraná, 29 e 30 de Março de 2023

 






Remada à Ilha das Palmas
2 dias, 54 km
pernoite em acampamento na ilha


em parceria com: Newton Adriano Weber (Caratuva)



O Newton e eu planejamos essa remada estabelecendo como destino a isolada Ilha das Palmas, ao lado da conhecidíssima Ilha do Mel, no litoral do Paraná. 

Para tanto, encontramo-nos em Paranaguá, na manhã da quarta-feira, 29 de março, para dar início à jornada. O Newton veio de Guaraqueçaba de barco de linha, trazendo os dois caiaques que utilizaríamos na expedição (o Inuk e o Kayapó). Eu saí de Curitiba, de moto, bem cedo, enfrentando um trânsito um tanto complicado na descida da serra. 

Terminamos de arrumar nossas coisas rapidamente e pouco depois das nove horas estávamos soltando as amarras da terra firme, entrando no mundo mágico e fluido das águas. 

A ideia era fazer a circum-navegação da Ilha do Mel, em dois dias de viagem, com pernoite em acampamento selvagem na Ilha das Palmas, uma pequena ilha totalmente inóspita e desabitada a leste da Ilha do Mel. Esse não é, no entanto, um projeto simples, devido às condições do mar em algumas passagens desse percurso. 

A primeira parte da nossa remada transcorreu de forma muito tranquila e prazerosa, navegando em águas calmas, sem vento, numa bela manhã de luz clara e brilhante. 

No trajeto passamos por um enorme navio de carga ancorado em um um ponto da baía. Remando devagar, passamos bem perto de sua proa, apreciando a incrível grandeza daquela máquina fantástica. 

Por volta das 13 horas, após algumas curtas paradas pra descanso, chegamos na altura da Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres, ponto de referência na Ilha do Mel. Construído em 1.770, o forte conserva diversas peças de artilharia e um interessante arquivo histórico dos últimos séculos de ocupação da ilha, constituindo-se num bonito museu ao ar livre. Aproveitando a oportunidade, desembarcamos na praia ao lado e permitimo-nos cerca de uma hora de visitação às suas instalações, subindo inclusive ao mirante no alto do morro adjacente, de onde se avista uma bela paisagem do mar e das ilhas em volta. 

Na etapa seguinte, um curto percurso de pouco mais de 3 km até nosso destino do dia, a coisa se complicou um pouco. O vento entrou decididamente (e contra nossa direção de progressão), conforme estava previsto, e, somado ao fato de estarmos praticamente em mar aberto, tornou as condições de navegação um tanto excitantes, num misto de tensão e diversão, ora pendendo para um lado dessa balança, ora para o outro, com grandes ondulações se chocando de forma desencontrada. 

Chegamos na altura da Ilha das Palmas ainda sem ter certeza de que conseguiríamos desembarcar, devido à força das ondas quebrando nas praias que dão acesso à ilha. O Newton falou que sabia onde tínhamos que entrar, o que achei ótimo, porque de onde estávamos não parecia haver lugar seguro para nos aproximarmos. Aos poucos fomos chegando perto, observando, controlando os barcos, estudando a situação, até que achamos uma brecha e resolvemos entrar. Deu certo. Desembarcamos em segurança e sem incidentes. 

Só então pude de fato constatar a exuberância do lugar em que nos encontrávamos. Uma ilha selvagem, praticamente intocada, cercada por um mar revolto e inquieto, sob um lindo céu azul entre nuvens do meio da tarde. Demos então uma caminhada pelas redondezas, observando os detalhes e sentindo aquela energia pulsante de um lugar fantástico como aquele. 

Já nos encaminhando para o final da tarde, montamos nosso acampamento, relaxamos um pouco e nos preparamos para passar a noite. Infelizmente nesse ínterim o céu ficou completamente nublado, o que ocultou o pôr do sol e as luzes do crepúsculo, que se converteu num monocromático desfilar de cinzas, do claro ao escuro total. 

Pouco depois fizemos nosso jantar básico, o tradicional macarrão com atum, que aliás, estava ótimo, e sem maiores delongas recolhemo-nos às nossas barracas para o devido descanso. 

Mais tarde caiu uma tempestade embalada em muito vento, que foi interessante pra sentir mais essa força da natureza em seu total esplendor, ressaltando (mais uma vez) nossa fragilidade e pequenez diante do mundo à nossa volta. Restou torcer para que fosse uma chuva passageira, que nos permitisse seguir viagem no dia seguinte. 

Conforme havíamos combinado, acordamos bem cedo, às quatro e meia da madrugada, a fim de nos preparar com calma e tentar partir com as primeiras luzes do dia. Afortunadamente o céu estava limpo, cheio de estrelas e bons presságios. 

Fizemos nosso desjejum, desmontamos acampamento e fomos ajeitando as coisas pra retornar aos remos. A intenção era aproveitar essas primeiras horas da manhã, que, segundo a previsão, seriam de vento fraco, pra poder contornar o lado mais complicado da Ilha do Mel, o canal da Galheta, na lado mais ao sul da ilha. 

Acabei me distraindo com a bela paisagem que o nascer do dia descortinou, tingindo de tons laranjas e amarelos o negro da madrugada e os belos reflexos nas águas do mar. Momento mágico e emocionante presenciar o nascer do dia num lugar como aquele.

Prontos pra partir às seis e meia, percebemos que o vento não estava assim tão suave, conforme a previsão. Curiosamente as ondas atingiam a pequena ilha de todas as direções, contrariando um pouco a lógica de que devia haver um lado mais protegido.

De volta ao mar, vimo-nos de volta também ao sobe e desce das ondulações. Avaliamos a situação e sentimos uma ponta de preocupação em fazer a volta completa da Ilha do Mel, como pretendíamos, devido às condições de vento e ondulações do momento e também porque havíamos esquecido um item essencial de segurança para navegação em caiaque nesse tipo de situação em que nos encontrávamos, as bombas manuais de esgotamento de água. Sem elas, se por acaso sofrêssemos um capotamento, seria muito difícil conseguir reembarcar, o que poderia levar, na pior das hipóteses, até à perda do barco. Por isso resolvemos, meio a contragosto, não completar a circum-navegação da ilha, mas atravessá-la pelo istmo entre as duas partes maiores da ilha.

Assim, dirigimo-nos para esse local, atravessamos a pequena distância de cerca de cem metros de terra carregando os barcos e, a partir de lá, de volta ao lado das águas calmas, traçamos nosso caminho de volta ao trapiche de Paranaguá.

Nesse caminho cruzamos o canal de navegação dos navios que chegam e saem do Porto, no qual avistamos, ao longe, um navio vindo. O Newton alertou para que nos apressássemos, pra não ficar na rota daquele gigante. Pessoalmente avaliei que levaria pelo menos uns vinte a vinte e cinco minutos até que ele atingisse o local onde nos encontrávamos, e que precisaríamos de uns dez minutos pra atravessar o canal por onde ele passaria. No final das contas, "atravessamos a avenida" em seis minutos, e o enorme navio chegou em apenas doze, desde o momento em que estimei os tempos. Ou seja, de fato é preciso tomar cuidado nesse trânsito marítimo, pois os tempos e distâncias (e a potência dessas máquinas modernas) enganam. 

Encerrado nosso pequeno passeio ficam, como sempre, belas lembranças, que são esse nosso acervo particular de energia, que podemos acessar a qualquer momento, em qualquer lugar, e, intimamente, esboçar um leve sorriso pelos momentos vividos.

Mas é lógico que essas coisas dão trabalho, tem o seu custo, os seus riscos, os seus perrengues. As fotos, como se sabe, não representam as dificuldades, as incertezas do momento. Depois que passa, tudo fica mais "estável". Então caberia perguntar: "vale a pena?". Ora, há uma resposta famosa a essa pergunta, em forma de poesia, de um conhecido poeta português. Mas não vou me valer dela pra responder a essa questão. Deixemos que a intuição de cada um de nós, escritor e leitores desse breve texto, elabore a devida resposta. 

É isso. Vamos juntos?







Ilha das Palmas (dentro do círculo vermelho)







1º dia
Paranaguá à Ilha das Palmas
27 km





Saída de Paranaguá























Terminal de contêineres de Paranaguá


























































































Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, na Ilha do Mel






































































































Foto antiga no acervo da Fortaleza da Ilha do Mel, 
retratando pessoas de décadas passadas da ilha










Chegada à Ilha das Palmas





































































































































































































Chuva à noite














2º dia
Ilha das Palmas a Paranaguá
27 km


























Ilha do Mel, foto aérea a partir da Ilha das Palmas








Ilha do Mel, foto aérea a partir da Ilha das Palmas








Ilha das Palmas, em foto aérea





Amanhecer na Ilha das Palmas



























































































































Litoral do Paraná, em foto aérea a partir da Ilha do Mel









Istmo da Ilha do Mel






























Imagens aéreas:


































O navio que cruzou nosso caminho










Canoas caiçaras em Paranaguá









































Percursos realizados:

1º dia




2º dia


Curiosidade sobre esses dados do primeiro e do segundo dia:
em dois percursos tão longos, e distintos, tempos e distâncias praticamente iguais








* Meu muito obrigado ao amigo Newton por mais essa parceria! Pelo apoio da logística dos caiaques, pelo companheirismo, pela segurança de conhecer a região, e mais do que tudo, pela amizade. Valeu demais! Pensemos nas próximas.


** O Newton atua como guia de canoagem na região de Guaraqueçaba e arredores. Serviços recomendadíssimos! Para contatá-lo, procure no instagram por @vivaguaraoutdoor







***   ***   ***















































"Você está onde está sua atenção."






Gratidão




Força Sempre















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