Tiger 900 Rally Pro

Tiger 900 Rally Pro
Tiger 900 Rally Pro

quinta-feira, 31 de março de 2022

Viagem de moto (Tiger 900 Rally Pro) a Cambará do Sul-RS e Urubici-SC, 21 a 24 de Março de 2022

 




Viagenzinha de moto

(solo)

4 dias, 1.683 km

Curitiba - Porto Alegre - Cambará do Sul - Urubici - Curitiba



Pode não parecer, mas essa brincadeira de viajar de moto dá um certo trabalho. São várias coordenações e detalhes a serem alinhados: roupa de pilotar, bota, luva, capacete, capa de chuva, bagagem pessoal, documentação, manutenção da moto (nível do óleo do motor, nível de combustível, tensão e lubrificação da corrente, etc.), roteiro, grana, coordenações familiares, previsão do tempo... Opa! previsão do tempo? Como assim? 

Bem, é verdade que quem quer brincar essa brincadeira não pode ser muito exigente com essa questão de condições meteorológicas. Se o que se quiser for proteção e ambiente controlado, aí a brincadeira é outra. Pra isso existem os tais carros. A essência do motociclismo é essa exposição aos elementos, esse caos mais ou menos controlado, esse limite sempre tênue entre o muito bacana e o "putz! esse negócio tá perdendo a graça!...".

Assim, dessa vez, meio que negligenciei de leve esse item de previsão do tempo, que não era das melhores para os dias à frente. "Mas não deve ser tão ruim assim", pensei (erroneamente). 

Já ao acordar em casa, no primeiro dia, dei aquela olhada pela janela e o cenário não era nada animador: aquele céu cinzento, vento e chuviscos constantes. Mas vamos lá! 

Nesse primeiro dia fiz um tiro direto até Porto Alegre, o que deu uns 780 km, com cerca de 80% do tempo sob chuviscos ou chuva fina. No finalzinho da tarde, já chegando ao destino, milagrosamente abriu um céu azul e uma pontinha de sol

A estrada nesse trecho, a conhecida BR 101, também não é lá das mais divertidas. Apesar de totalmente duplicada, o intenso tráfego de veículos (sobretudo no trecho entre Curitiba e Florianópolis) torna a viagem cansativa e meio travada. 

No segundo dia segui destino a Cambará do Sul, pequena cidade na serra gaúcha, tida como porta de entrada para os grandes cânions dessa região. Trecho curto, de 230 km, mas com uma serrinha bem legal entre as cidades de Terra de Areia e Tainhas (inclusive com alguns túneis bem arrojados). 

Cambará é uma típica cidade do interior com apenas uma rua principal e aquele ritmo gostoso de coisas feitas sem pressa. Nesse dia o tempo esteve estável, com as nuvens pesadas rondando ao longe. 

Pernoitei num hostel em que já havia ficado outras vezes. A proprietária e recepcionista me contou que o movimento anda fraco, por conta do custo de vida alto e da recente implementação de uma taxa de visitação aos parques nacionais próximos (50 reais por pessoa, em cada parque!). As coisas não estão fáceis mesmo!

O terceiro dia amanheceu novamente cinzento e pouco auspicioso. Havia bolado um percurso seguindo por cima da serra, por estradas de terra, passando por uma bela região rural, indo desembocar novamente no asfalto lá na altura de Bom Jardim da Serra, já em Santa Catarina. 

O primeiro trecho, até São José dos Ausentes, rendeu bem, apesar da estrada ser bem rústica, o tempo todo por região bem inóspita. O céu foi se tornando cada vez mais cinzento até que, a certa altura, começou uma chuva fina. 

Estrada de terra, chuva e moto é uma combinação que não costuma funcionar muito bem, mas fui tocando e apreciando a linda paisagem em volta. Com a chuvinha o ambiente se tornou ainda mais bucólico e um tanto melancólico. Uma graça passar na estrada e ver aquelas casinhas perdidas no meio do nada, com aquela fumacinha do fogão a lenha saindo pela chaminé, inspirando aconchego e recolhimento. 

Foram 130 km de estradas de terra até reencontrar o asfalto. Nos últimos quilômetros, pressionado pela progressiva perda de aderência da moto com a estrada (alguns quase escorregões perigosos!) devido à chuva que persistia (apesar de todos os ajustes eletrônicos de controle de tração e potência), a brincadeira foi ficando tensa e cansativa, quase perdendo a graça. Mas chegamos bem (eu e a moto) de volta à civilização de Bom Jardim da Serra. 

De lá toquei pra Urubici, 80 km à frente, onde cheguei já quase no final da tarde. A ideia original era acampar em um camping bem bacana que tem por lá, em que já estive outras vezes, mas a chuva incessante me convenceu a mudar os planos. Achei uma pousadinha e tirei meu time de campo.

No quarto dia o plano era dar uma explorada na região. Mais exatamente a ideia era fazer um passeio de moto, descendo a Serra do Corvo Branco e subindo, mais adiante, a famosa Serra do Rio do Rastro, retornando, na sequência, ao local em que estava, para o pernoite. Mas o dia amanheceu caindo água. Muita água! Sem brecha pra colocar essa ideia em prática (na verdade, sem condições pra nenhuma atividade ao ar livre). 

Dei um tempo na pousada, pensando no que fazer. Por volta das dez horas da manhã a chuva deu uma pequena trégua e resolvi pôr o pé na estrada, de volta pra casa.

Essa pernada, novamente pegando a BR 101 a partir de Florianópolis, foi bem tensa. Tráfego ainda mais intenso do que o usual, um engarrafamento gigantesco na altura de Itajaí e muita chuva o tempo todo tornaram a pilotagem um desafio de concentração e controle das emoções. Mas no final deu tudo certo. No começo da noite, por volta das 19 horas, estava de volta ao lar doce lar.

Esse negócio de viajar de moto é uma dessas invenções que ainda conseguem nos tirar do lugar comum e mexer com nossas emoções. Talvez justamente por ser uma atividade tão exposta aos elementos naturais e a incertezas e riscos de diversos tipos.

A pilotagem em si é uma atividade que nos exige cem por cento de concentração e a constante análise de diversos fatores que se desenrolam, em alta velocidade, ao redor. É uma doideira boa demais!! 

Vale também mencionar essa intensa relação que desenvolvemos com essas fantásticas máquinas sobre duas rodas, com o ronco do motor, com as forças da física atuantes nas curvas, com a dinâmica do equilíbrio, com a sensação de potência passada pelo propulsor. Tudo isso funciona como um vórtice de energia que só quem experimenta sabe como é.

E é isso! Vamos juntos?



1º dia, Curitiba a Porto Alegre, 780 km


Chegando em Porto Alegre, único momento de sol na viagem





2º dia, Porto Alegre a Cambará do Sul, 230 km










Túnel na BR 101

































Cena urbana em Cambará do Sul...






3º dia, de Cambará do Sul a Urubici, 210 km (130 km de estrada de terra)



















































































































































4º dia, de Urubici a Curitiba, 460 km



Amanhecer do quarto dia: chuva
























































Total rodado na viagem: 1.683 km






Percurso realizado






Obs: Nos próximos dias fará uma ano que estou com a Triumph Tiger 900 Rally Pro, que está fechando quase 12 mil km rodados. E a avaliação continua super positiva. Até agora não apresentou absolutamente nenhum problema (como era de se esperar). E todos os requisitos operacionais, digamos assim, são plenamente atendidos. A motinha é uma delícia! Se falta algo, diria que talvez um pouco mais de imponência (o que é controverso, porque o atributo contrário, que ela possui, leveza e agilidade, também são requisitos altamente desejáveis), em alguns raros momentos um pouco mais de velocidade final, e um pouquinho mais de proteção aerodinâmica também ajudaria, mas tudo isso são detalhes. No geral, bom demais o brinquedo!











"Sentido da vida? Pra frente."

(frase que vi em uma camiseta, dia desses)








Gratidão



Força Sempre







sábado, 19 de março de 2022

Ao meu pai, Antônio Cândido de Assis, in memoriam. Curitiba, 19 de Março de 2022

 


Ao meu pai,

Antônio Cândido de Assis,
in memoriam

* 15 Mai 1936
19 Mar 2021



























 

















 















































Meu pai nasceu em uma família humilde na cidade de Vassouras, interior do Estado do Rio de Janeiro. Aos dezoito anos de idade foi convocado para o serviço militar obrigatório, indo servir como soldado no Batalhão de Comando e Serviço da Academia Militar das Agulhas Negras. Mais tarde prestou concurso para a Escola de Sargentos das Armas, em que foi aprovado, dando início, então, de fato, à carreira militar, que seguiu com ilibada conduta por mais de 35 anos.

Formou-se sargento da arma de Cavalaria, tendo sido mais tarde requalificado para a arma de Engenharia.

Em 1960 casou-se com minha mãe, Edibia Maria Barboza de Assis, com quem teve quatro filhos: Gerson, nascido em abril de 1960, Gilson, em dezembro de 1962, Geilson, em dezembro de 1963 e eu, Sidnei, em julho de 1968.

Em meados da década de 1970 foi selecionado para uma missão de intercâmbio militar na Escola das Américas, centro de estudo e doutrina militar situada no Panamá, dentro da zona militar então controlada pelo Exército dos Estados Unidos da América. La serviu por dois anos, de 1976 a 1978, ocasião em que foi acompanhado pela família e que representou, de certa forma, o auge de sua vida profissional. 

Voltando dessa missão foi classificado em Brasília, onde serviu até o final do seu tempo de serviço, no começo da década de 1990.

Galgou todos as graduações e postos que sua habilitação permitia, sendo transferido para a reserva remunerada no posto de Capitão, em 1991.

Na fase seguinte dedicou-se a viver a vida que sempre sonhou: adquiriu uma chácara na cidade de Luziânia, arredores de Brasília, e lá viveu, junto com minha mãe, por dezoito anos, cuidando de seus bichos, suas hortas, seus trabalhos manuais, e as ocasionais visitas dos filhos, noras, netos e amigos. 

Ao final desse período retornou, junto com minha mãe, para um apartamento mais perto da cidade, de onde acompanhou, com seu jeito sempre reservado e de poucas palavras, os acontecimentos do mundo em volta. 

Fica a memória de um homem austero, conservador, responsável e dedicado à família. Memória indelével, envolta em saudade e carinho.




***   ***   ***




Lembro-me, em especial, dos finais de tarde em algum momento ali do ano de 1979 ou 80, em que saía pra passear com nosso cachorro, chamado Picho, com o tempo coordenado para dar uma volta e ir encontrar com o meu pai que vinha do trabalho, no Quartel General do Exército, nos ônibus que traziam todos os militares que moravam naquela quadra, 306 norte, onde morávamos. 

Era sempre uma alegria distingui-lo dentre todos os demais, encontrarmo-nos e ir caminhando pra casa, conversando sobre algum assunto trivial do dia-a-dia.

Na inocência dos meus onze ou doze anos de idade, a vida parecia então simples, organizada e duradoura.

Bons tempos.






***   ***   ***





Nessa história toda, um agradecimento e reconhecimento especial à minha mãe, que acompanhou toda essa trajetória com dedicação e desprendimento ímpares. Parabéns a ela! Hoje e sempre!










***   ***   ***








"Valeu a pena?
Tudo vale a pena se a alma não é pequena."

(Fernando Pessoa)






Gratidão



Força Sempre





sábado, 12 de março de 2022

Passeio e acampamento no camping Minatti e Ramos, Rio dos Cedros-SC, 4 e 5 de Março de 2022

 




Nesses dois dias fui dar uma volta com o Troller ali pela região de Rio dos Cedros, interior de Santa Catarina, pra dar uma desligada do ambiente urbano e relaxar um pouco. Aproveitei a saída pra pernoitar, acampando, no camping Minatti e Ramos, que fica numa linda região rural (e que achei pesquisando na internet).

Cheguei lá no final da tarde de sexta-feira, sob um tempo meio chuvoso, mas com algumas pitadas de céu azul em alguns momentos. 

Fui gentilmente recebido pelo casal que cuida do espaço, que me explicou algumas características do lugar e em seguida me deixou à vontade para que montasse minha base.

Lugar agradável e silencioso, à beira de um rio. Bastante aprazível pra passar um tempo. A noite transcorreu tranquila e aconchegante, apesar de, inesperadamente, estar um pouco quente, e do barulho de outros campistas que chegaram ainda depois de mim, e fizeram certo agito na vizinhança, mas depois de mais ou menos onze da noite, o silêncio se estabeleceu e a temperatura ficou mais agradável.

No dia seguinte levantei com o cantar dos pássaros em volta, ainda sob um tempo nublado e pouco auspicioso, mas aos poucos foi abrindo e as coisas foram se encaixando. No dia anterior havia combinado uma caminhada com o Thiago, um dos donos do lugar e entusiasta da ideia do camping. Por volta das oito e meia ele apareceu e demos início ao nosso passeio. 

Muito solícito e atencioso, me mostrou vários detalhes do sítio, desde sua casa, seus animais de estimação, família, história de vida, até as belezas naturais da região. Caminhamos cerca de duas horas e meia, seguindo uma trilha em meio à mata, subindo uma grande encosta próxima, até quase a linha de crista, onde havia um grande paredão de rocha, com alguns filetes d'água e uma linda vegetação nativa. A todo momento ele ia me mostrando os detalhes das plantas, árvores e indícios de animais, mostrando-se um profundo conhecedor prático do ambiente em que vive. 

No final da manhã ainda fomos (no carro dele) a uma bonita cachoeira nas redondezas, conhecida como cachoeira da santa, onde havia uma pequena capela com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, de quem ele disse ser devoto. 

Na sequência retornamos ao local do camping, onde ele me mostrou dois chalés recém construídos com a intenção de serem alugados, além da casa dos sogros dele, em construção. O lugar realmente é um convite ao sossego e à contemplação. Verdadeiro cenário de filme! Muito inspirador!

De volta ao local da barraca, encontrei vários novos campistas que haviam chegado ao longo da manhã, dando ao lugar um aspecto mais agitado do que normalmente aprecio. Por outro lado, surgiu oportunidade de algumas boas conversas, como com um camarada que estava em um enorme motorhome, quase do tamanho de um ônibus convencional. Uma verdadeira casa sobre rodas (que inclusive me surpreendi como ele conseguiu chegar até aquele lugar com um veículo tão grande)! Me contou um pouco de sua história de vida e de sua vasta experiência como campista. Bem bacana esse espírito acolhedor e comunitário desse estilo de vida. 

Depois fiz meu almoço, descansei um pouco, desmontei meu acampamento minimalista e pus o pé na estrada, de volta pra casa. 

Dirigir por essas estradinhas de terra do interior com o Troller é pura diversão. É realmente bem divertido! Todas as (poucas) vezes em que dou essas saídas, sempre fico me perguntando por que não faço isso com mais frequência. Mas ao mesmo tempo, também me questiono, por estranho que pareça, se esses movimentos fazem algum sentido... Quer dizer, "qual o sentido de tudo isso?"... Rsrs... É sério, às vezes as sensações e leituras da vivência que estou tendo são incrivelmente ambíguas! Nós e nossas complexidades! 

Como autodefesa a esses momentos em que me vejo invadido por certos sentimentos e questionamentos desnorteantes, já estabeleci comigo mesmo que não, essas coisas não tem sentido algum, são apenas momentos e energias, apenas pinceladas numa tela em constante construção, apenas 'grãos de poeira dançando num raio de luz'. E segue o baile!

Vamos juntos?



























































































































































Chegando de volta a Curitiba...


















 

No caminho de volta pra casa, no final da tarde, fiz um voozinho com o drone, à beira da estrada, pra dar uma espiada no visual lá em cima.

(Sim, foi um pouco alto... E sim, devia ter feito uma filmagem, mas levantei voo pensando em fotografar e na hora, concentrado na pilotagem, acabei não me atentando a gravar um pequeno vídeo, porque lá em cima estava bem bonito e teria ficado legal. Fica pra próxima...)




















 





"Tua vida, meu irmão, é uma ilha separada de todas as outras ilhas e continentes.

E não importa quantos navios envies às outras costas,

e não importa quantos delas recebas,

tu permaneces a mesma ilha,

isolada nas suas tristezas e alegrias, 

distante na sua nostalgia,

desconhecida nos seus segredos e mistérios."

(Gibran Khalil Gibran)





Gratidão



Força Sempre