Rali Transparaná 2021
4 dias de viagem off road
entre Foz do Iguaçu e Curitiba
940 km percorridos
Esses
ralis dos quais ouvimos falar de vez em quando (como o Rali dos Sertões, o
Rali Dakar, dentre outros), sempre instigaram minha imaginação. Aqueles
carros imponentes, coloridos, rasgando estradas e levantando poeira sempre me
pareceram uma bela imagem.
Há
muitos anos também ouço falar, aqui no nosso estado, do Rali Transparaná,
mas sempre me pareceu uma coisa distante, fora do alcance dos meros mortais,
particularmente em função dos altos custos que se imagina que uma brincadeira
dessas acarreta.
Não
obstante, há alguns meses fiquei sabendo de uma turma que participaria da
edição de 2021 em um formato não competitivo, em comboio, acompanhando as
categorias principais, mas não inserida na prova em si. Achei a ideia
interessante. Entrei em contato com o organizador e iniciamos uma conversa para
entender as condições de participação no evento dessa forma.
E
acabou dando certo. Inscrevi-me e comecei a me organizar pra fazer parte da
brincadeira. A ideia inicial era que a Mari e a Thaís fossem junto comigo, já
que, segundo o organizador, seria uma viagem bem familiar, sem maiores riscos
ou comprometimentos. Mas na última hora a Mari não pôde ir devido a
compromissos profissionais, e a Thaís também decidiu não ir por opção pessoal e
por causa de compromissos de cursos e outras obrigações já agendadas. Assim
acabei indo sozinho.
Como
o nome indica, o Transparaná percorre, tradicionalmente, o estado do Paraná de
uma ponta a outra, de oeste a leste, saindo de Foz do Iguaçu e chegando ao
litoral. Neste ano a chegada do percurso foi em Curitiba, mantendo a saída da
cidade de Foz do Iguaçu.
Foram
quatro etapas diárias, com pernoite em hotéis nas cidades de Cascavel,
Guarapuava e Ponta Grossa.
Nosso
comboio, da categoria Adventure, era composto por vinte carros (começamos com
21, mas houve um abandono ao final do primeiro dia, devido a problemas
mecânicos). Desses, apenas três não eram Troller (duas Mitsubishi Pajero TR4 e
uma L200 Triton).
O
percurso total da prova foi de 942 km, sendo que cerca de 95% realizados em
estradas de terra ou trilhas.
Pegamos
um tempo bom nos quatro dias, sem chuvas, e portanto sem lama. Em compensação
enfrentamos muita poeira o tempo todo, fenômeno que além de se incrustar em
todos os cantos e exigir toda a capacidade do filtro de ar do carro, também dificultou
muito a visibilidade à frente, chegando a comprometer a segurança em alguns
momentos, em que não se via absolutamente nada. Mas com um pouco de atenção e
cautela isso foi facilmente superado.
A
paisagem que tivemos o privilégio de contemplar ao longo desses quatro dias
foi, em sua grande maioria, extremamente bucólica e enternecedora (sensação
otimizada, com certeza, pelo belíssimo céu azul e poucas nuvens esparsas de vez
em quando, que foi o pano de fundo por cima do nosso horizonte quase o tempo
todo). Grandes lavouras de soja, algumas plantações de outras culturas, campos a perder
vista, morros ondulados com encostas verdejantes, alguns rios e riachos,
algumas matas e árvores isoladas compunham o cenário.
A
oportunidade de pilotar o Troller por esse inspirador percurso ao longo desses
quatro dias foi, sem dúvida, o ponto alto dessa experiência. Muito se fala
desse carro, e talvez eu seja meio suspeito pra emitir opinião, porque gosto do
carrinho, mas o fato é que é uma senhora máquina pra esse tipo de uso. Firme,
robusto, com torque e força de sobra, é puro prazer ao volante. Realmente
fantástico. Resistiu aos vários maus tratos sem avarias ou qualquer pane. E
ponha maus tratos nisso: muito buraco, muita pedra, solavancos, sobe e desce,
torce para um lado e pro outro, sacode daqui e dali, e o bichinho seguia firme
estrada a fora.
O
engajamento no grupo que compunha o comboio também foi excelente, com boas
conversas nos pontos de parada e boas trocas de experiências. Apenas eu estava
sozinho no carro. Todos os demais estavam em dupla ou em casal, e alguns com
filhos. Havia uma rede rádio muito eficiente e falante entre os carros, através
da qual o líder do comboio passava informações do percurso e orientações
gerais, o que também ajudou para diminuir um pouco minha sensação de solidão na
cabine.
Em
várias oportunidades cruzamos com carros de outras categorias, que estavam
efetivamente participando da competição. E apesar de em grande parte o rali ser uma prova de regularidade (e não de velocidade), é inegável que eles andam
em outro ritmo, e também tem outro nível de preparação mecânica e de
equipamentos (o que pude constatar nas ocasiões em que foi possível observá-los
de perto). Pra fazer valendo a pegada é outra.
No
final das contas deu pra curtir muito o prazer de dirigir por esses caminhos
rurais e retirados, tão pouco comuns no nosso dia-a-dia, bem como sentir o
gostinho de participar de um rali de grande extensão, ainda que sem estar
efetivamente competindo. Mas é lógico que a brincadeira também cansa. É
incrível como nesse tipo de terreno as distâncias custam a passar. Via de
regra, saíamos cedo da cidade em que estávamos, por volta das oito horas, e
acabávamos chegando ao próximo destino apenas no final da tarde, apenas com uma
parada mais longa pra almoço e outras menores para rápido descanso. A constante
trepidação e atenção às demandas do caminho também cobram seu preço em termos
de cansaço físico. Mas evidentemente a satisfação de ter participado da empreitada se sobressai dentre as sensações que permanecem na memória.
Fica
então semeada a ideia de numa próxima oportunidade participar em uma categoria
competitiva iniciante, quem sabe? E aí, vamos juntos?
confirmação da inscrição, adesivagem dos carros, briefing inicial e passeio nas Cataratas do Iguaçu
Assista no link abaixo a um pequeno vídeo do evento:
Observação:
- Meu muito obrigado ao Sérgio Filardo - organizador da categoria Adventure e líder do comboio - pela receptividade, paciência nas orientações e atenção a todos os detalhes durante a viagem.
"Deixamos de fazer certas coisas não porque são difíceis,
antes parecem-nos difíceis porque não nos dispomos a fazê-las."
(Sêneca)
Gratidão
Força Sempre
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