(3 anos deste blog - 3 anos de compartilhamento de ideias)
Desde que comecei a escrever e a
publicar neste espaço virtual algumas questões me incomodam. Dentre elas: a
ampla e irrestrita exposição pessoal que essa fantástica ferramenta chamada
internet proporciona, o risco de ser mal interpretado, as inevitáveis críticas
(ainda que não expressas diretamente), etc.
Tornar público experiências,
ideias, histórias, fotografias e reflexões pessoais, sem se quer saber quem está
acessando esse histórico do outro lado, é, visto de certo ponto de vista, uma
temeridade. A começar pelo simples fato de estar expondo algo que é, a rigor,
pessoal, o que pode ser considerado sumariamente como pouco recomendável sob o
aspecto da descrição e segurança pessoal. Será que não seria muito mais
prudente manter todo esse conteúdo devidamente guardado a sete chaves, em casa?
Mas há outro enfoque possível a essa questão: se, em vez de pensarmos em "publicar", pensarmos em "compartilhar", a proposta muda, não? Ao mesmo tempo em que podemos questionar "por que publicar?", podemos também perguntar "por que não compartilhar?". Se expor-se a possíveis leitores e visitantes das postagens envolve o inevitável risco da exibição, não expor-se poderia ser lido como um sintoma de querer guardar tudo para si mesmo...
Mas há outro enfoque possível a essa questão: se, em vez de pensarmos em "publicar", pensarmos em "compartilhar", a proposta muda, não? Ao mesmo tempo em que podemos questionar "por que publicar?", podemos também perguntar "por que não compartilhar?". Se expor-se a possíveis leitores e visitantes das postagens envolve o inevitável risco da exibição, não expor-se poderia ser lido como um sintoma de querer guardar tudo para si mesmo...
Sobre o risco de ser mal
interpretado, o que mais preocupa é a possibilidade de isso tudo parecer um
simples meio de “propaganda” pessoal, de mostrar o que ando fazendo ou algo
nesse sentido, quando, na verdade, não é nada disso.
Dentre os riscos da crítica,
creio que o mais “problemático” é tudo isso parecer simplesmente uma grande
tolice, no sentido de “não haver nada que realmente merecesse tamanha
divulgação”. A esse respeito, há que se considerar que em nenhum momento foi dito
aqui que a matéria do blog é composta de feitos homéricos ou espetaculares.
A fim de contextualizar e tentar
entender um pouco melhor a ideia deste espaço, voltemos às origens. O objetivo
inicial era organizar um monte de material de viagens e provas esportivas que
tinha guardado em vários lugares e fontes diferentes, e, com isso, criar uma
forma de compartilhar essas histórias com os amigos e familiares mais próximos.
Por diversas vezes, quando voltava de uma viagem, era perguntado sobre as
fotos, e “como foi lá?” e outras curiosidades desse tipo. Como nunca fui de
falar muito, sentia que ficava sempre faltando alguma coisa nas curtas
respostas que costumava dar. A verdade é que aprecio e me sinto muito mais à
vontade escrevendo do que falando, e essa característica contribuiu para a
ideia de criar um espaço onde pudesse me expressar através da escrita. Some-se
a essa equação minha paixão antiga também pelas imagens fotográficas, e aí esse
formato oferecido pelo blog pareceu casar perfeitamente uma coisa com a outra.
O “problema” é que o que se
publica nesse espaço não é restrito a amigos e familiares. Está aberto a todos.
Houve uma fase em que até pensei em restringir o acesso apenas a convidados, o
que é possível, e cheguei até a efetivar essa restrição por algum tempo, mas isso
causou alguns inconvenientes técnicos e ainda o problema correlato de ter que selecionar
quem poderia entrar, e acabei concluindo que era melhor deixar o acesso público
mesmo.
Na verdade, todo esse processo de
montar uma postagem e publica-la sempre me deixa com um sentimento ambíguo. Por
um lado curto a brincadeira de escrever, de contar uma história, de
compartilhar fotos desses momentos, mas por outro lado sempre fico um pouco
inquieto com as questões que estou abordando aqui.
O fato é que não há ação humana
que tenha apenas uma vertente, apenas um lado, apenas virtudes ou apenas
problemas. Tudo o que fazemos está sujeito à dualidade típica do nosso mundo
material/mental. É bacana, mas traz riscos. Eu, que nunca gostei do excesso de
precaução contra os riscos, não poderia, sobre essa questão, me furtar a
eles...
Os “especialistas em atualidades”
costumam dizer que esse modelo de textos e imagens estáticas (fotografias) está
ultrapassado (e ficará cada vez mais). A vibe
do momento é o dinamismo e rápida digestão dos vídeos e filmetes (curtos, de
preferência). Nada contra a tendência, muito pelo contrário. Também acho a
linguagem do vídeo muito bacana e inspiradora. Mas acho que as novas ideias
podem (e devem) conviver bem com as antigas, por isso afirmo aqui minha
convicção na velha arte de transmitir ideias juntando palavras, como um belo
quebra-cabeça.
Vale ressaltar ainda que o blog
não é absolutamente o motivo do que eventualmente venho inventando, mas tão
somente “consequência”. Algumas vezes a ideia de relatar a história até é um
estímulo e uma brincadeira íntima de algo que estou fazendo, mas em outras nem
me lembro disso, e o relato é construído totalmente a posteriori. Além disso,
vez ou outra, gosto de sair pra fazer minhas coisas sem nem mesmo a câmera
fotográfica como testemunha, e tudo fica guardado apenas na caverna da memória
pessoal. Publicar é sempre uma opção, não um compromisso ou uma necessidade.
Nesses três anos em que este blog
está “no ar” acho que já amadureci um pouco essa questão da exposição. Um dos
aspectos que me tranquilizam, digamos assim, é a percepção de que, no final das
contas, poucos realmente leem (e prestam atenção a) o que escrevo. Isso me
deixa mais à vontade [risos...].
Acho que todo escritor, no fundo,
no fundo, escreve mais para si mesmo do que para um eventual leitor - ainda que, sem leitores, a escrita em si não "se complete". Nesse
sentido, escrever é, para mim, um bom exercício e um prazer.
Com relação aos eventuais
leitores/ visitantes dessas histórias, se tem um efeito que eu me sentiria
satisfeito em causar, seria o de criar um laço de afinidade em torno dos temas
aqui tratados e de, no melhor dos mundos, inspirar cada um a criar suas
próprias “histórias do coração”, a viver seus sonhos, a não abrir mão de sua
“criança interior”, a viver com intensidade e alegria, pois acho que é sobre
isso que tento escrever, afinal.
E então, compartilhar ou não?
Obs:
- Agradeço sinceramente aos que, ao longo desse tempo, dedicaram um pouco do seu tempo lendo e curtindo as histórias aqui relatadas.
- Um dos objetivos deste espaço é que ele seja uma espécie de arquivo das áreas aqui abordadas - basicamente: provas esportivas (triathlon, corrida e ciclismo), viagens e passeios, motociclismo, montanhismo, caiaque, fotografia e um pouco de filosofia e reflexão. Para isso há um "índice temático", que pode ser acessado em um link acima e à direita da tela, sob o título "postagem em destaque" - essa opção só aparece, no entanto, se acessado num computador. Os navegadores dos smartphones não tem essa opção. Veja lá.
- Três anos se passaram desde o início do blog e ainda não consegui atualizar muitas histórias anteriores a esse começo. As postagens estão criadas, numa espécie de índice, em Agosto de 2015. Portanto, ainda "estamos em construção". Tenho que tirar um tempo pra trabalhar nisso, mas há tanto por fazer que é difícil parar pra reconstruir essas histórias de um passado que já vai parecendo longínquo. Mas aos poucos vou completando o trabalho.
"Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade, alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão."
(Música: "Bola de meia, bola de gude" - Milton Nascimento e Fernando Brant), link:
Gratidão
Força Sempre
Querido amigo, sou muito grato por você compartilhar suas histórias, seus sentimentos...esses recortes da sua vida. É sempre uma injeção de ânimo perceber a vida pulsando em suas entrelinhas. Agradeço por você correr esse risco. A arte com que entremeia suas reflexões e seus sentimentos é tocante e seu olhar para o mundo inspirador. O que experimento nesse blog é um sinal de franca amizade, que agradeço profundamente. Forte abraço!
ResponderExcluirObrigado, meu amigo. A ideia é essa. Conexão e inspiração. Forte abraço.
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