Tiger 900 Rally Pro

Tiger 900 Rally Pro
Tiger 900 Rally Pro

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Caminhada à Estação Marumbi e Pico do Rochedinho, Morretes-PR, 11 Mai 2018




Pico Marumbi, visto do Rochedinho







Dia de dar uma caminhada.

Saí pra dar uma volta de moto, caminhar um pouco e pensar na vida.

Fui à região de Morretes (a cerca de 60 km de Curitiba), na estradinha que margeia o Rio Nhundiaquara. Dediquei então algumas horas a observar os passos dos meus pés sobre a terra e a contemplar o silêncio da mata, o som do vento na folhagem das árvores, da água dos rios correndo sobre as pedras, o céu, as nuvens e os trens, com seus rugidos fortes, impressionantes, remetendo à pretensa força dos homens e suas criações, em contraposição à dinâmica suave da natureza.

Viva a vida!





































































































































































































































































"O homem antigo, que caminhava com sua tribo
em busca de alimento ou pastoreava seu gado nos grandes vazios,
aprendeu a ficar longo tempo sozinho
e a gostar da sua solidão.
A vida nas aldeias e depois nas cidades
ensinou o homem a esta sempre acompanhado de outra pessoa,
de uma ocupação, de um objeto, de um animal.
A solidão tranquila é uma experiência esquecida,
que para ser reencontrada exige coragem -
a coragem de renunciar às próprias ilusões."

(Luiz Carlos Lisboa, in Nova Era)










Obs:

  • Todas as fotos: arquivo pessoal.
  • Câmera utilizada: Nikon AW 130 Coolpix (compacta).






Gratidão





Força Sempre









quinta-feira, 10 de maio de 2018

Sobre o livro "Sapiens - Uma breve história da humanidade" - Curitiba, Maio de 2018




A capa do livro





Terminei de ler, há algumas semanas, o instigante livro “Sapiens – uma breve história da humanidade”, do escritor e historiador Yuval Noah Harari (Editora L&PM, 2017).

Na abrangente obra o autor procura traçar o caminho percorrido pela espécie Homo Sapiens ao longo da história até os dias atuais, jogando luz em questões como: por que a nossa espécie prosperou e chegou ao atual estágio de desenvolvimento e todas as outras pereceram? Quais foram os pontos cruciais dessa trajetória e a importância dessas inflexões para sermos o que somos hoje. Qual o efeito dessa fantástica evolução da humanidade ao longo dos últimos milhares de anos na felicidade humana? E por aí vai.

É muito interessante embarcar nesse desafio de tentar enxergar a história da humanidade de uma perspectiva macro. Acho que buscar entender por que as coisas são como são é um exercício de reflexão valiosíssimo para construir uma sensação de sentido para a própria existência individual, e não só para uma visão global da história.

Transcrevo abaixo alguns trechos do livro (entre aspas), a título de ilustração do que a obra se propõe, e associo breves comentários, de vez em quando.

O autor destaca que três grandes revoluções marcaram o curso da humanidade: a chamada Revolução Cognitiva (ocorrida há 70 mil anos), a Revolução Agrícola (por volta de 12 mil anos atrás) e a Revolução Científica (iniciada há cerca de 500 anos e ainda em curso).

Um dado curioso da história da humanidade, apontado por Harari, é que “de aproximadamente 2 milhões de anos a 10 mil anos atrás, o mundo foi habitado por várias espécies humanas ao mesmo tempo. (...) O mundo de 100 mil anos atrás foi habitado por pelo menos seis espécies humanas diferentes.” No decorrer de milhares de anos desse período, o fato é que, por algum motivo, a nossa espécie se sobressaiu enormemente em relação às demais, e, em consequência, eliminou todas as outras (num autêntico processo de seleção natural), provavelmente de forma bastante violenta, até que só restassem os Sapiens pra contar a história. E aqui estamos nós hoje em dia.





(fonte da imagem: Google)





Suspeita-se que o motivo determinante desse domínio hegemônico da nossa espécie sobre as demais, nesse passado longínquo, tenha sido a capacidade única que, em algum momento, os Sapiens desenvolveram de se comunicar entre si, e com isso começaram a trocar informações, e, imagina-se, traçar estratégias e planos do que fazer.

Mas por que nossa espécie foi capaz de aprender a se comunicar e as outras não? “A teoria mais aceita afirma que mutações genéticas acidentais mudaram as conexões internas do cérebro dos sapiens, possibilitando que pensassem de uma maneira sem precedentes e se comunicassem usando um tipo de linguagem totalmente novo. (...) Por que ocorreram no DNA dos sapiens e não nos neandertais? Até onde pudemos verificar, foi uma questão de puro acaso”.

Mas o mais interessante sobre essa questão da linguagem desenvolvida pela nossa espécie, apontada por Harari, é a “capacidade de transmitir informações sobre coisas que não existem”. Essa “descoberta” alavancou a habilidade dos sapiens de se organizar em torno de ideias e de elaborar e desenvolver conceitos sobre o mundo. “Toda cooperação humana em grande escala (...) se baseia em mitos partilhados que só existem na imaginação coletiva das pessoas”.

Segundo o autor, “não há deuses no universo, nem nações, nem dinheiro, nem direitos humanos, nem leis, nem justiça fora da imaginação coletiva dos seres humanos”.

“Como exatamente Armand Peugeot, o homem, criou a Peugeot, a empresa? Praticamente da mesma forma como os padres e os feiticeiros criaram deuses e demônios ao longo da história. (...) Tudo se resumia a contar histórias e convencer as pessoas a acreditarem nelas”.

“Desde a Revolução Cognitiva, os sapiens vivem, portanto, em uma realidade dual. Por um lado, a realidade objetiva dos rios, das árvores e dos leões. Por outro, a realidade imaginada de deuses, nações e corporações”.







(fonte da imagem: Google)






Achei muito instigante essa abordagem porque, de alguma forma, sempre reconheci em mim uma pontinha de desconfiança em relação às doutrinas e ideologias que a nossa querida sociedade insiste em nos impor vida afora. Por outro lado pode ser meio desconcertante ver as coisas dessa maneira. Será mesmo que todos os nossos mitos (e valores decorrentes) não passam de “alucinações coletivas”?

“(...) uma ordem imaginada está sempre sob ameaça de colapso, porque depende de mitos, e os mitos desaparecem quando as pessoas deixam de acreditar neles. Para salvaguardar uma ordem imaginada são necessários esforços árduos e contínuos. Alguns desses esforços assumem a forma de violência e coerção. Exércitos, forças policiais, tribunais e prisões estão o tempo todo em ação, forçando as pessoas a agirem de acordo com a ordem imaginada”.

“A imensa diversidade de realidades imaginadas que os sapiens inventaram e a diversidade resultante de padrões de comportamento são os principais componentes do que chamamos ‘culturas’”.

“Desde a Revolução Cognitiva [que pode ser definida como o surgimento de novas capacidades de pensar e se comunicar, entre 70 mil e 30 mil anos atrás] não existe um único estilo de vida natural para os sapiens. Há apenas escolhas culturais, dentro de um conjunto assombroso de possibilidades”.

Outra questão muito interessante a respeito dessa história, levantada por Harari, diz respeito ao impacto que a Revolução Agrícola causou no modo de vida e de pensar dos sapiens. Em linhas gerais, o autor defende que essa importante revolução mudou drástica e irreversivelmente o rumo da história, e não exatamente pra melhor, como pode parecer à primeira vista. Segundo ele, o estilo de vida do sapiens caçador-coletor era claramente mais saudável e divertido do que o decorrente do domínio das técnicas agrícolas.

A descoberta de que era possível cultivar alimentos num mesmo lugar, e com isso não depender mais de sair pra caçar ou coletar alimentos pra comer, deu ao sapiens certo domínio do processo, mas, em contrapartida e paradoxalmente, o tornou escravo do próprio processo – da terra, de trabalhar na lavoura, das condições climáticas, e, depois, de ter que arcar com os custos de guardar a produção, e de protegê-la de eventuais ladrões, e, depois, de vendê-la e por aí vai... Até a encrenca na qual estamos metidos hoje.







(fonte da imagem: Google)






“A economia dos caçadores-coletores proporcionava à maioria dos indivíduos vidas mais interessantes do que a agricultura ou a indústria”.

“Enquanto as pessoas nas sociedades afluentes de hoje trabalham, em média, de 40 a 45 horas por semana, e as pessoas nos países em desenvolvimento trabalham 60 ou mesmo 80 horas por semana, os caçadores-coletores que hoje vivem nos habitats mais inóspitos trabalham, em média, apenas 35 a 45 horas por semana”.

Pode-se argumentar que uma questão tão complexa não pode ser resumida a uma simples conta de horas de trabalho por semana. O que, de certa forma, é verdade. Mas não é só isso, pelo que entendi. Acho que o que Harari quis dizer é que os Sapiens iniciaram a Revolução Agrícola (possivelmente meio sem querer, sem saber onde aquilo ia dar) imaginando, no começo, que as novas técnicas poderiam aliviar a pressão de ter que “correr atrás” da subsistência todos os dias, mas, no final das contas, o trabalho e a pressão aumentaram, em vez de diminuir.

Aliás, muito parecido com as promessas da atual e recentíssima Revolução Tecnológica pela qual estamos passando. Eu próprio lembro-me que, quando os computadores pessoais se popularizaram, na década de 90 do século passado, havia a expectativa de que isso facilitaria enormemente nossa carga de trabalho, e nos permitiria maior tempo livre pra fazer outras coisas. Trinta anos depois, todos sabemos aonde essa vã ilusão veio dar.

“Em vez de prenunciar uma nova era de vida tranquila, a Revolução Agrícola proporcionou aos agricultores uma vida em geral mais difícil e menos gratificante que a dos caçadores-coletores. (...) A Revolução Agrícola foi a maior fraude da história”.

“As plantas domesticaram o Homo sapiens, e não o contrário”.

“Essa é a essência da Revolução Agrícola: a capacidade de manter mais pessoas vivas em condições piores”.

“Por que as pessoas cometeram um erro de cálculo tão fatídico? Pela mesma razão pela qual as pessoas cometeram erros de cálculo ao longo de toda a história: as pessoas foram incapazes de compreender todas as consequências de suas decisões”.

“A Revolução Agrícola é um dos acontecimentos mais controversos da história. (...) Esse foi o ponto decisivo, afirmam, em que os sapiens abandonaram sua íntima simbiose com a natureza e correram rumo à ganância e à alienação”.

O trecho a seguir é bastante interessante. Observe: “A busca de uma vida fácil resultou em muitas dificuldades, e não pela última vez. Acontece conosco hoje. Quantos jovens universitários recém-formados aceitam empregos exigentes em empresas importantes, prometendo que darão duro para ganhar dinheiro que lhes permitirá se aposentarem e irem atrás de seus verdadeiros interesses quando chegarem aos 35? Mas, quando chegam a essa idade, eles têm grandes hipotecas para quitar, filhos para educar, casas em zonas residenciais que necessitam pelo menos de dois carros por família e uma sensação de que a vida não vale a pena sem um bom vinho e férias caras no exterior.  O que se espera que façam, voltem a arrancar raízes? Não, eles redobram seus esforços e continuam se escravizando”.

“Uma das poucas leis férreas da história é que os luxos tendem a se tornar necessidades e a gerar novas obrigações”.







(fonte da imagem: Google)






No prosseguimento da obra, Harari passa pelo relato propriamente histórico de como os sapiens desenvolveram o comércio e sua ferramenta central, o dinheiro, e como criaram impérios predadores e ambiciosos com fome de “conquistar o mundo”, e como isso tudo, no final das contas, contribuiu para a multiplicação de indivíduos da espécie, bem como para o desenvolvimento de técnicas e objetos inovadores para que o mundo viesse a ser o que é hoje. Ou seja, em outras palavras, o atual “desenvolvimento” é filho direto da ambição da nossa espécie.

“O verdadeiro avanço na história monetária aconteceu quando as pessoas passaram a confiar em um dinheiro desprovido de valor inerente, mas que era mais fácil de armazenar e transportar”.

Harari analisa com especial atenção e ênfase a história do desenvolvimento do comércio mundial, e, mais recentemente, a história das grandes navegações no século XV e a consequente “explosão” de “desenvolvimento” levada a efeito com a “descoberta” e colonização do continente americano pelos europeus. A esse respeito, investiga por que esse processo foi realizado e liderado principalmente pelos espanhóis, portugueses, holandeses e ingleses, com praticamente nenhuma participação de chineses, árabes e outras nações com grau de desenvolvimento muito semelhante ao europeu naquela época. Segundo ele, o diferencial foi a “visão imperialista” dos europeus, e, além disso, o fato destes terem sabido associar a ciência ao enfoque militar em suas expedições de exploração e conquista.

Bastante atenção é dada também ao processo de dizimação e destruição imposto pelos conquistadores europeus às culturas nativas das Américas – particularmente incas, maias e astecas -, nas primeiras décadas do século XVI, e quão rápido e sem resistência esse massacre ocorreu.

Num outro trecho da obra, o autor explica em detalhes o desenvolvimento vertiginoso do capitalismo, bem como seus motivos e consequências.

“A afirmação de Smith de que o desejo humano egoísta de aumentar o lucro privado é a base para a riqueza coletiva é uma das ideias mais revolucionárias na história humana”.

“Pouco a pouco o capitalismo se tornou muito mais do que uma doutrina econômica. Hoje engloba uma ética – um conjunto de ensinamentos sobre como as pessoas devem se comportar, educar seus filhos e até mesmo pensar. Sua doutrina fundamental é que o crescimento econômico é o bem supremo, ou pelo menos uma via para o bem supremo (...)”.

“De modo muito similar à Revolução Agrícola, o crescimento da economia moderna talvez também se revele uma fraude colossal. A espécie humana e a economia global podem muito bem continuar crescendo, mas muito mais indivíduos passam fome e privação”.







(fonte da imagem: Google)







Harari comenta também sobre a questão industrial e energética, e afirma, sobre isso, que as fontes de energia estão aumentando, e não diminuindo, como temiam certas linhas de pensamento até bem recentemente.

“A Revolução Industrial produziu uma combinação sem precedentes de energia abundante e barata com matérias primas abundantes e baratas. (...) Mas a Revolução Industrial foi, acima de tudo, a Segunda Revolução Agrícola”.

Outra questão alvo da atenção da obra é sobre o tratamento que a humanidade deu aos animais ao longo da história, e, em particular, nos dias atuais. O autor expõe a forma cruel com que, de forma geral, os sapiens sempre trataram os animais, culminando no modelo industrial que esse problema assumiu nos dias atuais.

“Tratar criaturas vivas que têm mundos emocionais complexos como se elas fossem máquinas tende a lhes causar não só desconforto físico como também grande estresse social e frustração psicológica”.

“A conclusão inevitável é que a primeira onda de colonização dos sapiens foi um dos maiores e mais rápidos desastres ecológicos a acometer o reino animal.” Essa é outra conclusão da visão crítica do autor: efetivamente os sapiens são extremamente predadores e destruidores do que encontram pela frente, a fim de atingirem seus supostos objetivos de desenvolvimento. Com relação à fauna, houve e continua havendo um verdadeiro massacre e domínio cruel e indiscriminado.

Harari argumenta ainda sobre outro efeito colateral da frenética industrialização e “desenvolvimento” das sociedades modernas: o colapso da família e da comunidade.

“Antes da Revolução Industrial, a vida cotidiana da maioria dos humanos seguia seu curso no interior destas três estruturas antigas: a família nuclear, a família estendida e a comunidade local. A maioria das pessoas trabalhava em negócios familiares (...). A família também era o sistema de bem-estar social, o sistema de saúde, o sistema educacional, a indústria de construção, o sindicato, o fundo de pensão, a empresa de seguros, o rádio, a televisão, o jornal, o banco e até mesmo a polícia”.

Tudo isso foi desconstruído e substituído pelo poder hegemônico e invasivo das duas grandes entidades que dominam o mundo moderno: o estado e o mercado. Hoje em dia, a família foi “substituída” por essas duas forças controladoras.

“O Estado e o mercado são a mãe e o pai do indivíduo, e o indivíduo só pode sobreviver graças a eles”.

“Em muitos casos, os indivíduos são explorados pelos mercados e os Estados empregam seus Exércitos, forças policiais e burocracias para perseguir indivíduos em vez de defendê-los”.

Essa é uma constatação praticamente irrefutável e aterradora. Pessoalmente tenho a sensação clara do exagero e do descabimento da intromissão do Estado na nossa vida particular, e da força do mercado nas nossas decisões e possibilidades na vida. Pra qualquer lado que nos movimentemos, lá estão essas duas agarras a limitar nossas ações e determinar o que podemos fazer. Hoje em dia o Estado não deixa, se quer, educarmos nossos próprios filhos da maneira que acharmos melhor. Coloca-los numa escola é imposição de lei.






(fonte da imagem: Google)






O autor se detém demoradamente também, em outros capítulos da obra, na intrigante questão da felicidade humana, e suas definições, causas e argumentações.

“Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego. (...) A ordem social foi totalmente transformada, bem como a política, a vida cotidiana e a psicologia humana. Mas somos mais felizes?”

“Voltando ainda mais no tempo, os cerca de 70 milênios desde a Revolução Cognitiva tornaram o mundo um lugar melhor pra se viver? (...) Se não, qual o sentido de desenvolver agricultura, cidades, escrita, moeda, impérios, ciência e indústria? (...) Os historiadores raramente fazem essas perguntas. (...) Mas essas são as perguntas mais importantes que podemos fazer à história.”

“Novas aptidões, comportamentos e habilidades não necessariamente contribuem para uma vida melhor. Quando os humanos aprenderam a lavrar a terra na Revolução Agrícola, sua capacidade coletiva de moldar seu ambiente aumentou, mas o destino de muitos indivíduos humanos se tornou mais cruel.”

“Nada na vida confortável da classe média urbana pode se aproximar do entusiasmo e da alegria experimentados por um bando de caçadores-coletores após a caçada bem-sucedida de um mamute.”

“(...) Nosso mundo sensorial é muito mais pobre se comparado com o de nossos ancestrais. Os antigos caçadores-coletores viviam o momento presente, e tinham plena consciência de cada som, sabor e odor. Sua sobrevivência dependia disso. Nós, ao contrário, estamos terrivelmente sem foco. Podemos ir ao supermercado e escolher comer mil pratos diferentes. Mas, qualquer que seja o prato escolhido, provavelmente o comeremos às pressas diante da TV, sem prestar atenção ao sabor (...)”.

Analisando parâmetros de felicidade, o autor afirma que “uma conclusão interessante é que, de fato, o dinheiro traz felicidade. Mas só até certo ponto, e além desse ponto tem pouca significância”.

“Família e comunidade parecem ter mais impacto na nossa felicidade do que dinheiro e saúde. Pessoas com famílias coesas que vivem em comunidades unidas que lhes dão apoio são significativamente mais felizes do que pessoas cujas famílias são disfuncionais e que nunca encontraram (ou nunca buscaram) uma comunidade da qual fazer parte.”







(fonte da imagem: Google)







“(...) Os amigos na idade da Pedra dependiam uns dos outros para sua própria sobrevivência. Os humanos viviam em comunidades solidárias e os amigos eram pessoas com quem se caçava mamutes. Juntos, sobreviviam a longas jornadas e a invernos rigorosos. Cuidavam um do outro quando em deles ficava doente e compartilhavam a última porção de comida em épocas de necessidade.”

O tema da felicidade é amplamente abordado por Harari, que apresenta os mais recentes estudos e conclusões científicas a respeito do assunto.

“(...) As descobertas demonstram que a felicidade não é o saldo positivo entre momentos agradáveis e momentos desagradáveis; antes, consiste em enxergar a própria vida em sua totalidade como algo significativo e valioso.”

“Até onde sabemos, de um ponto de vista puramente cientifico, a vida humana não tem sentido algum. Os humanos são o resultado de processos evolutivos cegos que atuam sem propósito ou objetivo. Nossas ações não são parte de um plano cósmico divino, e, se o planeta Terra explodisse amanhã, o universo provavelmente seguiria em frente como de costume.”

“Os sentidos sobrenaturais que os medievais encontravam em sua vida eram não mais ilusórios do que os sentidos humanistas, nacionalistas e capitalistas que as pessoas de hoje encontram.”

“O budismo concebe a felicidade da mesma forma que a biologia, isto é, entende que a felicidade resulta de processos que ocorrem em nosso corpo, e não de acontecimentos no mundo externo. No entanto, partindo da mesma noção elementar, o budismo chega a conclusões muito diferentes.”

“De acordo com o budismo, a raiz do sofrimento não é a sensação de dor nem de tristeza e nem mesmo de falta de sentido. Em vez disso, a raiz do sofrimento é essa incessante e inútil busca de sensações efêmeras, que nos leva a estar em um constante estado de tensão, inquietude e insatisfação. (...) As pessoas só se libertam do sofrimento não quando experimentam essa ou aquela sensação de prazer, e sim quando entendem a natureza transitória de todos os seus sentimentos e param de persegui-los.”

“Para muitas filosofias e religiões tradicionais, como o budismo, o segredo da felicidade é conhecer a verdade sobre você mesmo- entender quem, ou o que, você realmente é.”

A obra de Harari encerra a narrativa lançando um olhar para o futuro: o que será do Homo Sapiens no tempo que se aproxima? A esse respeito, aponta na direção de uma possível (na verdade, muito provável) Revolução Genética que pode mudar muito mais drasticamente nossa espécie do que todas as Revoluções anteriores juntas.

“A verdadeira pergunta a ser enfrentada não é ‘o que queremos nos tornar?’, e sim ‘o que queremos querer?’. Aqueles que não se sentem assombrados por essa pergunta provavelmente não refletiram o suficiente a respeito.”







(fonte da imagem: Google)






Epílogo – O animal que se tornou um deus: 

Há 70 mil anos, o Homo Sapiens ainda era um animal insignificante cuidando da sua própria vida em algum canto da África. Nos milênios seguintes, ele se transformou no senhor de todo o planeta e no terror do ecossistema. Hoje, está prestes a se tornar um deus, pronto para adquirir não só a juventude eterna como também as capacidades divinas de criação e destruição.

Infelizmente, até agora o regime dos sapiens sobre a Terra produziu poucas coisas das quais podemos nos orgulhar. Nós dominamos o meio à nossa volta, aumentamos a produção de alimentos, construímos cidades, fundamos impérios e criamos grandes redes de comércio. Mas diminuímos a quantidade de sofrimento no mundo? Repetidas vezes, os aumentos gigantescos na capacidade humana não necessariamente melhoraram o bem estar dos sapiens como indivíduos e geralmente causaram enorme sofrimento a outros animais.

Nas últimas décadas, pelo menos fizemos algum progresso real no que concerne à condição humana, com a redução da fome, das pragas e das guerras. Mas a situação de outros animais está se deteriorando mais rapidamente do que nunca, e a melhoria no destino da humanidade ainda é muito frágil e recente para que possamos ter certeza dela.

Além disso, apesar das coisas impressionantes de que os humanos são capazes de fazer, nós continuamos sem saber ao certo quais são nossos objetivos e, ao que parece, estamos insatisfeitos como sempre. Avançamos de canoas e galés a navios a vapor e naves espaciais – mas ninguém sabe para onde estamos indo. Somos mais poderosos do que nunca, mas temos pouca ideia do que fazer com todo esse poder. O que é ainda pior, os humanos parecem mais irresponsáveis do que nunca. Deuses por mérito próprio, contando apenas com as leis da física par anos fazer companhia, não prestamos conta a ninguém. Em consequência, estamos destruindo os outros animais e o ecossistema à nossa volta, visando a não muito mais do que nosso próprio conforto e divertimento, mas jamais encontrando satisfação.

Existe algo mais perigoso do que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que querem?






Esse breve apanhado de ideias e trechos do livro não tem a intenção de ser uma resenha nem tampouco um resumo da obra. A ideia é apenas instigar a reflexão a respeito dos temas apresentados e, eventualmente, a leitura completa da obra, que considero valer muito a pena.

Evidentemente o autor tem um enfoque estritamente científico e materialista da história da nossa espécie sobre o planeta Terra. Mas é bom lembrar que muito provavelmente a questão não se restringe ao que podemos observar com nossos olhos e analisar com nossas lentes científicas. Como dizia William Shakespeare: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar”. Eu acrescentaria: do que a vã filosofia e a vã ciência possam imaginar...

Acho que, de certa forma, temos motivos suficientes para crer (e uma certa intuição que nos diz) que não estamos sozinhos nessa jornada. Pessoalmente, gosto de pensar que há uma força maior que nos guia e vela por nosso destino, tanto como indivíduos quanto como espécie. A vida e o universo parecem incrivelmente maiores e mais complexos do que podemos imaginar a partir do nosso sempre limitado ponto de vista.

E aí, o que você pensa a respeito disso tudo?






(fonte da imagem: arquivo pessoal)











terça-feira, 8 de maio de 2018

Meia Maratona Internacional de Curitiba, 06 Mai 18




(crédito da foto: equipe Foco Radical)






Neste domingo participei de mais uma edição da Meia Maratona Internacional de Curitiba.

Estive observando outros corredores e pensando no "mecanismo" por trás da questão da velocidade na corrida. Interessante como alguns, mesmo com uma passada aparentemente curta, despretensiosa, vão rápido, leves, com uma postura elegante, ritmados. Outros, mais ofegantes, contraídos, parecem nitidamente meio que travados por si mesmos. E ainda há aqueles que vão tortos, desalinhados, mas esguios, com aquela expressão de estar se divertindo, velozes, ruas afora. 

Definitivamente há uma beleza e um mistério subjacente à arte de correr. Uma certa delicadeza por trás da aparente "brutalidade" de músculos, ossos e pulmões a pleno vapor.

Talvez uma questão de equilíbrio, de dança, de harmonia com o Universo... Talvez alguma coisa sobre estar em paz consigo mesmo, sobre se entregar ao momento, ou se integrar a ele... Talvez um acordo secreto entre as próprias células, coração, alma.

Ou talvez apenas saber respirar, sentindo o mundo e as estrelas em cada molécula de ar que entra e sai por cada poro do corpo.

Quem sabe um dia aprenda...








 (crédito da foto: equipe Foco Radical)








(crédito da foto: equipe Foco Radical)








Concentração pré prova com os amigos da Escola de Filosofia Nova Acrópole







 Dona Mari no apoio















Correr,
pedalar,
ir a algum lugar,
escrever uma poesia,
sentar e ler um livro,
cuidar do jardim,
sair e dar uma volta,
nadar,
brincar com o cachorro,
pensar na vida,
remar,
fazer planos,
meditar,
ficar quieto num canto,
caminhar por aí,
fotografar,
conversar com as pessoas,
fazer cálculos (reais e imaginários),
exercitar a atenção,
contemplar...
E, no entanto, nada é necessário,
nada é definitivo,
nada é absolutamente certo ou errado.
e cada ação tem um custo, e um benefício,
cada gesto tem consequências (algumas positivas, outras nem tanto),
cada caminho tem infinitas bifurcações, derivações, opções.
cada passo leva a outro, e a outro, e a outro.
E o tempo, ah!...
O tempo nos prova que tudo vira pó, distância, esquecimento.
E que, no final das contas,
dentro da desimportância de tudo,
valem as lembranças, as lições aprendidas, os caminhos percorridos.
Nada é para sempre,
mas que seja belo, enquanto for.
                                              
                                                         (reflexões, Maio 2018)











Os números da corrida.
Classificação na categoria 50-54 anos: 18º/ 168.









Gratidão




Força Sempre