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domingo, 3 de março de 2024

Sobre "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, Curitiba, Março de 2024

 







Transcrevo a seguir alguns excertos do clássico "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, que li recentemente. 

Vale a reflexão!



***   ***   ***



“... a ideia fixa dos doidos e dos fortes.” (pág 14)


“Vinha a corrente de ar, que vence em eficácia o cálculo humano, e lá se ia tudo. Assim corre a sorte dos homens.” (pág 14)


“Não receie perder esse andrajo que é teu orgulho.” (pág 23)


“Grande lascivo, espera-te a grandiosidade do nada.” (pág 25)


“A onça mata o novilho porque o raciocínio da onça é que ela deve viver, e se o novilho é tenro, tanto melhor: eis o estatuto universal.” (pág 26)


“Imagina tu, leitor, uma redução dos séculos, e um desfilar de todos eles, as raças todas, todas as paixões, o tumulto dos impérios, a guerra dos apetites dos ódios, a destruição recíproca dos seres e das coisas.” (pág 26)


“... a vida tinha assim uma regularidade de calendário.” (pág 28)


“... até que um dia desse o grande mergulho nas trevas.” (pág 48)


“Tudo cessa! Um dia...” (pág 57)


“... preferi dormir, que é modo interino de morrer.” (pág 70)


“O diploma era uma carta de alforria; se me dava a liberdade, dava-me a responsabilidade.” (pág 76)


“O espírito, como um pássaro, não se lhe deu da corrente dos anos, arrepiou o voo na direção da fonte original, e foi beber da água fresca e pura, ainda não mesclada do enxurro da vida.” (pág 83)


“Mas esse duelo do ser e do não ser, a morte em ação, dolorida, contraída, convulsa, sem aparelho político ou filosófico, a morte de uma pessoa amada, essa foi a primeira vez que a pude encarar.” (pág 84)


“Uma criatura tão dócil, tão meiga, tão santa, que nunca jamais fizera verter uma lágrima de desgosto, mãe carinhosa, esposa imaculada, era força que morresse assim, trateada, mordida pelo dente tenaz de uma doença sem misericórdia?” (pág 84)


“Confesso que tudo aquilo me pareceu obscuro, incongruente, insano.” (pág 85)


“Nunca até esse dia me debruçara sobre o abismo do inexplicável; faltava-me o essencial, que é o estímulo, a vertigem...” (pág 86)


“Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência.” (pág 87)


“Apertava o peito a minha dor taciturna, com uma sensação única, uma coisa a que poderia chamar volúpia do aborrecimento. Volúpia do aborrecimento: decora esta expressão.” (pág 89)


“Às vezes caçava, outras dormia, outras lia, - lia muito, - outras enfim, não fazia nada.” (pág 89)


“... deixava-me atoar de ideia em ideia, de imaginação em imaginação, como uma borboleta vadia ou faminta.” (pág 89)


“O melhor que há, quando se não resolve um enigma, é sacudi-lo pela janela fora.” (pág 113)


“Mortifica os pés, desgraçado, desmortifica-os depois, e aí tens a felicidade barata.” (pág 118)


“... deixei-me ir então ao passado e, no meio das recordações e saudades, perguntei a mim mesmo por que motivo fizera tanto desatino.” (pág 124)


“Não há, às vezes, um certo vento morno, não forte nem áspero, mas abafadiço, que nos não leva o chapéu da cabeça, nem redemoinha nas saias das mulheres, e todavia é ou parece ser pior do que se fizesse uma e outra coisa, porque abate, afrouxa, e como que dissolve os espíritos?” (pág 129)


“Dor que se dissimula dói mais.” (pág 132)


“Não se ama duas vezes a mesma mulher.” (pág 136)


“Mas eu era moço, tinha o remédio em mim mesmo.” (pág 137)


“Morreu sem lhe poder valer a ciência dos médicos, nem o nosso amor, nem os cuidados, que forma muitos, nem coisa nenhuma; tinha de morrer, morreu.” (pág 137)


“Quando ele finca os olhos na ponta do nariz, perde o sentimento das coisas externas, embeleza-se no invisível, apreende o impalpável, desvincula-se da terra, dissolve-se, eteriza-se.” (pág 149)


“O vício é muitas vezes o estrume da virtude. O que não impede que a virtude seja uma flor cheirosa e sã.” (pág 219)


“Quem escapa a um perigo ama a vida com outra intensidade.” (pág 243)


“Em verdade, as aventuras são a parte torrencial e vertiginosa da vida, isto é, a exceção.” (pág 289)


“Guarda as tuas cartas da juventude!” (pág 308)


“Quando a criança é ameaçada por um pau, antes mesmo de ter sido espancada, fecha os olhos e treme; essa predisposição é que constitui a base da ilusão humana, herdada e transmitida.” (pág 312)


“A vida celibata podia ter certas vantagens próprias, mas seriam tênues, e compradas a troco da solidão.” (pág 317)


“... e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit.” (pág 323)


“Que há entre a vida e a morte? Uma curta ponte.” (pág 327)


“Grande coisa é haver recebido do céu uma partícula da sabedoria, o dom de achar as relações das coisas, a faculdade de as comparar e o talento de concluir.” (pág 330)


“Que diacho! É preciso ser homem! Ser Forte! Lutar! Vencer! Brilhar! Influir! Dominar!” (pág 344)


“Trata de saborear a vida; e fica sabendo que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não para nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la.” (pág 344)


“Há coisas que melhor se dizem calando.” (pág 350)


“O essencial é que lutes. Vida é luta. Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal.” (pág 354)


“O homem tem uma grande vantagem sobre o resto do universo: sabe que morre, ao passo que o universo ignora-o absolutamente.” (pág 357)


“Há em cada empresa, afeição ou idade um ciclo inteiro da vida humana.” (pág 371)


“Um grãozinho de sandice, longe de fazer mal, dava certo pico à vida.” (pág 376)


“Esse seu criado tem a mania d ateniense: crê que os navios são dele; uma hora de ilusão que lhe dá a maior felicidade da Terra.” (pág 378)


“Era tudo a expressão daquele sentimento delicado e nobre – a prova cabal de que muitas vezes o homem, ainda a engraxa botas, é sublime.” (pág 380)


“A solidão pesava-me e a vida era para mim a pior.” (pág 381)


“Não tive filhos. Não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.” (pág 386)

 

 

 

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E então? O que achou?

 













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