Viagem de carro
"Expedição Sul Extremo - Praia do Cassino"
Guiado pela equipe "Serial Trippers"
7 dias, 1.400 km, 12 carros
em parceria com o amigo Felipe Amante
A ideia dessa viagem surgiu há alguns meses, em conversa com o amigo Felipe Amante, sobre viagens de carro e seus diversos modos. Conversa vai, conversa vem, mencionei com ele a respeito de um canal que eu acompanhava no Youtube sobre esse assunto. Por coincidência, descobrimos que o mentor do canal, Ricardo Pocholo, é primo da esposa do Felipe, e com isso começamos a seguir mais de perto suas postagens e, em seguida, a programação de expedições que ele organiza regularmente no Brasil e na Patagônia.
Em dezembro do ano passado o Felipe propôs participarmos dessa programação pela região sul do Brasil, terminando na mítica Praia do Cassino. Nessa época a ideia era irmos com o Troller, mas nesse ínterim entre assumirmos o compromisso com a viagem e a partida acabei vendendo o emblemático carrinho, o que nos levou para o "plano B", que era ir com o carro do Felipe, que havia adquirido uma Mitsubishi Pajero Sport ano 2021 recentemente e estava na expectativa de conhecer melhor o novo brinquedo em situações um pouco mais exigentes.
Assim, o Felipe saiu de São Paulo e me pegou em Curitiba, e de lá seguimos para Laguna, no litoral sul de Santa Catarina, ponto de encontro da turma que participaria da viagem.
A programação era percorrer (cada um no seu carro 4x4) algumas das principais rotas "fora de estrada" da região sul, passando pelos cânions da serra gaúcha, depois descendo para o ecossistema da Lagoa dos Patos e terminando com a travessia da maior praia contínua do mundo, a desolada Praia do Cassino, tudo dentro da visão de mundo "overland", de curtir a estrada, as paisagens e as histórias pelo caminho. Como hospedagem, ficamos em hotéis nas cidades onde pernoitamos.
No hotel em Laguna conhecemos os demais participantes da empreitada, distribuídos em onze carros (além de nós mesmos e do guia), sendo a maioria em casal, com algumas duplas de amigos, como o Felipe e eu.
Fomos super bem recebidos pelo Ricardo Pocholo e por sua esposa Camila (o casal Serial Trippers), que desde o primeiro momento cativaram a todos com um entusiasmo contagiante e extrema habilidade de comunicação e condução das atividades do grupo.
Confesso que, pessoalmente, ainda tinha, naquele momento, certo preconceito com relação a esse modelo de viagem, no sentido de ser guiada (quando claramente não seria necessário, no sentido estrito da proposta), mas ao longo dos dias iria compreendendo claramente que o fato de ter um guia para o caminho a ser percorrido era o menos importante na proposta. O maior valor desse modelo, ao meu ver, é mesmo a interação do grupo e a inestimável oportunidade de troca de experiências e vivências pessoais. Nesse sentido (dentre muitos outros) a expedição foi espetacular.
Nos muitos momentos de confraternização ao longo dos dias conversamos sobre diversos assuntos ligados a esse fantástico mundo das viagens por terra, carros, equipamentos e também algumas interessantes questões conceituais, como as diferenças, prós e contras de cada uma das diversas variações de forma de viajar de carro (como por exemplo, usando hospedagens convencionais, como estávamos fazendo, versus o modo acampamento, versus o modo motorhome, etc.). Além, é lógico, do interminável e divertido tema de qual seria o melhor carro pra rodar o mundo e tal. Ou seja, boas e construtivas conversas a qualquer hora em que nos reuníamos.
Pessoalmente já conhecia boa parte das paisagens por que passamos, mas sempre temos uma nova visão, novas abordagens e novas histórias em torno de cada evento. Viajar de carro tem essa magia de ver as coisas passando pelas janelas ao redor, e não apenas paisagens, como também pessoas, céus, cores e o bom e velho tempo.
Certamente o ponto alto ficou por conta da crescente integração entre as pessoas do grupo (ainda que essa não seja exatamente uma habilidade pessoal minha... Rsrs), tanto que ao final já nos sentíamos como uma pequena família. No final das contas, são mesmo as pessoas, os momentos e as lembranças que mais marcam nossas vidas.
Bom demais!
Veja a seguir algumas imagens de cada dia da viagem:
1º dia
2 de Fevereiro
De Laguna - SC a Cambará do Sul -RS
(cerca de 250 km percorridos)
Neste dia fizemos um bonito percurso fora de estrada nas imediações de Laguna e em seguida rumamos para o oeste, subindo a Serra da Rocinha em direção aos campos de altitude da Serra Gaúcha. Chegando em Cambará do Sul visitamos uma cutelaria local e em seguida nos hospedamos no belo "Cambará Eco Hotel".
Pequeno percurso off road nas imediações de Laguna-SC
A Pajero Sport do Felipe, carro em que viajamos
Trecho ainda em obras na Serra da Rocinha
Local em que paramos pra almoçar, na Serra Gaúcha
Visita à cutelaria Cambará
2º dia
3 de Fevereiro
Visita aos cânions Fortaleza e Itaimbezinho, nos arredores de Cambará do Sul
(cerca de 100 km percorridos)
Neste dia visitamos o Cânion Fortaleza pela manhã, retornamos a Cambará do Sul para o almoço num restaurante local e à tarde fomos ao Cânion Itaimbezinho, onde o Felipe e eu inventamos de fazer uma trilha caminhando. Acabamos sendo pegos por uma chuva no meio da tarde, 3 km distantes do ponto inicial. Bom pra lembrar como é ficar totalmente molhado e com frio... Rsrs. No final deu tudo certo.
Retornamos para pernoite em Cambará do Sul, no mesmo hotel da noite anterior.
(Surpresa com o preço absurdo cobrado para ingresso nos parques que dão acesso à visitação dos cânions, 94 reais por pessoa (para os dois cânions). Tudo bem que é um espetáculo de paisagem, mas parece um preço meio alto, não?)
3º dia
4 de Fevereiro
De Cambará do Sul a Canela - RS
(cerca de 170 km percorridos)
Este foi o dia de cruzar alguns cursos d'água pelo caminho: Passo da Ilha e Passo do S, passagens que rendem boas emoções e belas imagens. Além disso, percorremos uma linda região rural, com campos verdes a perder de vista, casinhas simpáticas e aquele aspecto típico da autêntica cultura gaúcha.
Terminamos o dia na charmosa cidade de Canela, onde pernoitamos num hotelzinho muito aconchegante e bem ajeitado.
4º dia
5 de Fevereiro
De Cambará do Sul a São Francisco de Paula
(cerca de 70 km percorridos)
Este foi um dia meio que de descanso da estrada. O comboio saiu do hotel em Canela às 11 h da manhã, com destino a uma pousada rural - Parador Hampel - no município vizinho de São Francisco de Paula, distante apenas cerca de 60 km. Lá chegando, fomos agraciados com um agradável lugar, numa agradável tarde de sol.
Participamos de um almoço super elaborado, feito num esquema que chamam de "a ferro e fogo", em que os alimentos passam por um processo de cozimento lento, assados no fogo do carvão, dentro de "gaiolas" de ferro penduradas numa grande estrutura suspensa. O carro chefe da refeição foi diversos tipos de carnes. Combinado com o ambiente natural em volta, boa música e boa conversa, o tempo fluiu quase sem percebermos.
À tarde ficamos por lá, passeando nos jardins, apreciando a decoração do espaço e envoltos em mais conversa e deixar estar. O pernoite também foi por lá.
Banheiro com vista para a mata! Arquitetura arrojada.
Estilo "rústico-chique".
5º dia
6 de Fevereiro
De São Francisco de Paula a Mostardas
(cerca de 330 km percorridos)
Neste dia descemos da serra para a região da Lagos dos Patos, ao nível do mar. À tarde fizemos uma arrojada incursão off road pelas areias das margens da lagoa, exigindo ao limite as capacidades técnicas tanto das viaturas quanto dos pilotos.
Chegamos na cidadezinha de Tavares, para o pernoite, por volta de 19:30 h.
Visita ao farol Cristóvão Pereira
6º dia
7 de Fevereiro
De Mostardas a Rio Grande (Balneário Cassino)
(cerca de 220 km percorridos)
O ponto alto deste dia foi o almoço (churrasco) improvisado que a turma organizou e que foi montado num agradável bosque de pinheiros em um local isolado, ao lado do Rio Estreito, alguns quilômetros antes de São José do Norte. Passamos algumas agradáveis horas por lá, entre conversas, histórias e apreciação da natureza em volta.
No meio da tarde fizemos um trecho de uns 40 km pela praia até São José do Norte, onde embarcamos na balsa pra atravessar para a cidade de Rio Grande. Lá chegando, ainda houve tempo de fazer um passeio de vagoneta (carrinhos sobre trilhos de trem, movidos a vela) pelos molhes da barra da lagoa, em um belo fim de tarde.
Local onde fizemos o almoço, às margens do Rio Estreito, próximo ao mar
Na fila da balsa, em São José do Norte
Embarcados na balsa, que faz a travessia de São José do Norte pra Rio Grande
Molhes da barra, em Rio Grande
A vagoneta, carrinho sobre trilhos, movido a vela, operado por locais
7º dia
8 de Fevereiro
De Rio Grande (Balneário Cassino) a Chuí, Travessia da Praia do Cassino
(cerca de 260 km percorridos)
O último dia da expedição foi o dia de fazer a travessia dos 230 km da Praia do Cassino, um cenário surreal e fantástico, em termos de isolamento, amplitude e sensação de estar num outro planeta.
Por volta do meio dia fizemos uma parada num lugar às margens da Lagoa Mangueira, onde uma equipe local havia preparado um churrasco em forma de piquenique sob um agradável bosque. Pra chegar lá o comboio teve que vencer mais um pequeno trecho de areia fofa e alguns trechos mais traiçoeiros, mas a essa altura, todos já estavam craques com seus 4x4.
Pouco depois fizemos uma parada no famoso Farol do Albardão, onde a Marinha do Brasil mantém uma guarnição de serviço. De acordo com agendamento prévio feito pela organização da expedição, pudemos fazer uma visita ao interior do farol, subindo até o topo, de onde tivemos a real dimensão da imensidão do lugar.
Chegamos ao extremo sul do Brasil, fronteira com o Uruguai, nos molhes do Rio Chuí, e ao final da expedição, por volta das 18:30 h.
Todos emocionados e realizados.
Naufrágio do navio Altair
Farol Sarita
Ossada de uma baleia
Às margens da Lagoa Mangueira, próximo ao local do nosso almoço nesse dia
A Lagoa Mangueira, em foto aérea, sentido sul.
À esquerda, imensa faixa de areia até a Praia do Cassino.
A Lagoa Mangueira, em foto aérea, olhando para nordeste.
À direita (e acima), a Praia do Cassino
Comboio em deslocamento,
Saindo da Lagoa Mangueira em direção à praia.
Farol do Albardão
Escada que sobe ao topo do farol
Vista de cima do farol
O farol propriamente dito, fechado com cortinas para que a luz do sol não o danifique
Pequeno atolamento...
Pocholo preparando o resgate
Viatura que encontramos a certa altura da praia,
no mais autêntico "estilo Mad Max".
O importante é que funcione...
Chegada nos molhes do Rio Chuí,
literalmente Extremo Sul do Brasil,
fronteira com o Uruguai.
Farol da Barra do Chuí
* Deixo aqui o meu muito obrigado ao amigo Felipe por mais essa parceria, pela amizade, pelo companheirismo e pela paciência. Certamente essa viagem aconteceu mais pelo esforço dele do que meu. Valeu! Vamos pensar nas próximas.
* Muito obrigado também a todos os participantes dessa bela viagem. De fato a interação do grupo é o que deu graça à nossa expedição. Obrigado pelas conversas, aprendizados e brincadeiras. Nos vemos nas estradas!
* E um agradecimento especial ao casal Ricardo Pocholo e Camila, que, como guias, foram muito mais do que isso. Exemplo de dedicação, entusiasmo e competência. É assim que se se faz. Muito sucesso pra vocês!
* Participantes da expedição:
Ricardo Pocholo e Camila (guias Serial Trippers)/ Toyota SW4
1) Rogério e Michella/ Troller
2) Taro e Daniela/ Toyota Hilux
3) Moisés e Bel/ Jeep Wrangler
4) Walter e Helena/ Toyota SW4
5) Hugo e Clóvis / Toyota SW4
6) Edson e Tati/ Mitsubishi L200 Triton
7) Carlos e José Geraldo/ Mitsubishi L200 Triton Savana
8) Andrauss e Luciana/ Land Rover Discovery
9) Marco e Karolina / Jeep Wrangler
10) Kleber e Elis / Nissan Frontier
11) Gabriel / Mitsubishi Pajero Full
12) Felipe e Assis/ Mitsubishi Pajero Sport
Ricardo Grossi e esposa/ Ford F250 (participação nos últimos dias da expedição)
* Canal do Ricardo Pocholo no Youtube: "Serial Trippers".
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Bastidores:
Conforme comentado acima, o ponto alto da viagem foi o espírito de grupo desenvolvido entre os participantes, que rapidamente se integraram como velhos conhecidos, o que proporcionou inúmeros momentos de brincadeiras sadias e conversas animadas (e não apenas nos momentos de reunião, mas também na animada rede rádio montada entre os carros, durante os deslocamentos).
Exemplo disso é que a partir de certo ponto todos foram agraciados com codinomes (apelidos) personalizados, baseados em características pessoais (ou não...).
Como ilustração dessa boa vibração do grupo, veja abaixo alguns momentos especiais dos bastidores da viagem (criteriosamente selecionados pelo Felipe):
Nosso amigo e "artista" Kleber, em sua performance preferida
Essa história do pescador que anda 30 km lagoa a dentro pra pescar
só o Ricardo Pocholo pode explicar... Rsrs
Nosso amigo Gabriel sendo reconhecido por seu codinome de peso... Rsrs
E isso é apenas uma pequena amostra. Logicamente nem tudo pode ser filmado e mostrado...
E aí, vamos juntos na próxima?
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Força Sempre
Expedição maravilhosa com pessoas extraordinárias!!! Foi um imenso prazer ter participado! Felicidades e paz a todos sempre!!!
ResponderExcluirSensacional relato Assis!! Que viagem! Que imagens !! Que amizades!!
ResponderExcluirGrande abs
Que maravilha poder relembrar e poder compartilhar momentos únicos e felizes com detalhes e visões magnificas. Obrigado Assis, muito show!
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