Tiger 900 Rally Pro

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Viagem de moto a São Francisco do Sul - SC, 10 e 11 de Novembro de 2022

 




Viagenzinha de moto ao Forte Marechal Luz
2 dias, 400 km, ida em um dia, volta no outro




Nesses dois dias coloquei a motoca Tiger 900 Rally Pro na estrada pra uma viagenzinha de "descompressão" ao Forte Marechal Luz*, em São Francisco do Sul, com pernoite no camping local.

Passeiozinho rápido, mas altamente gratificante. Estrada, caminhada, contemplação, banho de mar, um pouco de solitude, um pouco de isolamento, silêncio, algumas fotos, algumas reflexões...

No primeiro dia o tempo estava aberto, com sol entre nuvens, e proporcionou um belo fim de tarde. No segundo amanheceu nublado, cinzento, com cara de chuva, e, de fato, o retorno pra casa foi debaixo d'água, acrescentando um pouco mais de emoção à pilotagem. 

Bom demais!








P.S: * O Forte Marecahl Luz é uma instalação militar do Exército, que atualmente funciona como colônia de férias para os militares e também mantém no local um museu com diversos armamentos e outras peças antigas em exposição. 


No link abaixo, um breve histórico da instalação








Primeiro dia:








































































































Segundo dia:

























































































































A Tiger 900 Rally Pro, fechando 15 mil km de pura diversão









***   ***   ***











Extra:

Remada com o caiaque Kayapó na Represa Passaúna, em Curitiba
15 de Dezembro de 2022
30 km, solo, em raro dia de sol por aqui
(sem muita pretensão fotográfica...).


Apesar de a Represa Passaúna ser um local conhecido, em que já fui remar diversas outras vezes, e que portanto já não oferece o atrativo do desconhecido e da descoberta, sempre que vou lá me impressiono com o potencial de desconexão do ambiente urbano da cidade e mesmo do tempo cronológico que nos domina constantemente. 

Definitivamente remar é uma atividade que nos possibilita esse apreciável afastamento da realidade do mundo, tanto no sentido literal, quanto no figurado. Some-se a isso esse contato com a fluidez da água, que, de alguma forma difícil de entender racionalmente, nos remete a um relaxamento e ancestralidade que devem estar nos nossos genes, com certeza. 


Bom demais!





























































































































"Era uma das primeiras noites da primavera.
O sono do inverno ainda se prolongava.
À nossa volta, sombras e o vento
prestavam atenção ao que nunca dissemos.

Dez anos se passaram desde então.
A primavera continua a voltar com a mesma intensidade.
Mas se tivéssemos que fazê-lo de novo,
recomeçá-lo-íamos da mesma maneira.

Foi uma primavera que nunca chegou.
Mas já vivemos o bastante para saber
que o que nunca tivemos, permanece.
São as coisas gozadas que se vão."

(Sara Teasdale)













Gratidão




Força Sempre









segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Peregrinação Caminho de Caravaggio (1ª parte), Rio Grande do Sul, 12 a 16 de Outubro de 2022

 




Caminho de Caravaggio 
(1ª parte)

De Canela à hospedaria Bom Pastor (Nova Petrópolis)
5 dias - 97 km

Em parceria com Mari Faccio
























O Caminho de Caravaggio é uma rota de peregrinação entre as cidades de Canela e Farroupilha, no Rio Grande do Sul - um percurso de 200 km, na sua maior parte por caminhos rurais. 

O formato é inspirado no conhecido Caminho de Santiago de Compostela, entre França e Espanha. Além de uma proposta turística, há uma temática religiosa, sendo que a rota começa e termina no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio de cada uma das cidades inicial e final. 

O percurso é todo estruturado para receber o caminhante, com boa sinalização da rota a ser seguida (que tanto pode ser no sentido Canela a Farroupilha, como no inverso), guia on line com todos os detalhes e pousadas aptas a receber os peregrinos a distâncias razoáveis de serem alcançadas ao ritmo dos passos. 






No link abaixo, o site oficial do Caminho, a quem interessar






A sugestão da organização que gerencia o caminho é que ele seja percorrido em dez etapas, com distâncias variando de 15 a 25 km por dia; mas logicamente cada um pode adaptar essa proposta às suas próprias necessidades e intenções.

Em outubro passado, a Mari e eu nos propusemos a pôr em prática a ideia de fazer essa peregrinação, com a intenção principal de dar uma desligada do ritmo do dia-a-dia e de dar uma volta por aí. Como a ideia era percorrer o caminho sem pressa e sem desgaste excessivo, optamos por seguir a orientação de fazer o percurso em dez etapas diárias.

Nos organizamos ainda pra cumprir o pretendido sem apoio externo (por nossa própria conta), levando nossas mochilas com itens pessoais e pernoitando nas pousadas recomendadas.

Mas qual é a graça de 'simplesmente sair andando por aí'? Bem, a graça, como sabemos, deve ser construída pelo sujeito da ação. Ela não é dada a priori, como algo que se compra numa loja de souvenir. Começa pela compreensão e distinção dos termos: andar é diferente de peregrinar, sendo que este último supõe que haja na ação um elemento um pouco mais profundo do que o simples ato físico. 

Peregrinar traz em si a ideia de se entregar ao caminho, bem como de se integrar a ele. Fazer do próprio caminho uma espécie de santuário, um mundo fora do mundo, um tempo fora do tempo. Dar-se a oportunidade de mudar de frequência de funcionamento, e por consequência, de pensamento e, quiçá, de sentimento.

Sim, a teoria é bonita, mas o mundo real, como sabemos, é sempre mais duro do que nossas melhores intenções, e nem sempre foi fácil manter esses conceitos em mente no decorrer do caminho. Mas essa é a brincadeira. 

Faz parte da proposta também uma boa dose de desapego (das manias e costumes pessoais) e de abertura ao que o caminho oferecer, sejam as flores e agrados, sejam os espinhos e adversidades (mas, como veríamos mais tarde, não tinha como estarmos preparados para a prova que o caminho nos colocaria em alguns dias). Aceitar e saber lidar com o desconforto, com o cansaço, com a incerteza, com as distâncias, com o tempo e (muito importante) com o outro. Ou seja, o caminho é como a vida, numa proporção delimitada.

E foi assim, com essas ideias em mente, que saímos de casa em direção a Canela, de carro, pra dar início à empreitada. Mas logo nesse primeiro dia de viagem fomos "surpreendidos" por um dia opressivamente chuvoso, frio e pouco auspicioso do início ao fim. Chegando ao nosso destino, fomos dar uma olhada mais detalhada na previsão do tempo e as notícias não eram nada animadoras, com previsão das mesmas condições por vários dias à frente. Consideramos até a possibilidade de transferir os planos para outra época, mas depois de muita conversa, decidimos adiar o início em apenas um dia, e a partir daí encarar o que viesse. 

Aproveitamos a folga pra descansar, dar umas voltas pela simpática cidade, acertar alguns detalhes finais do planejamento e preparar o espírito para a jornada. 

No dia 12 de outubro, uma quarta-feira, acordamos cedo, demos uma olhada pela janela, quando constatamos o mesmo céu cinzento e a mesma garoa dos dias anteriores, pegamos nossas mochilas e pusemo-nos a caminho, sob a proteção de nossos sonhos e muita vontade de colocar em prática a ideia a tanto acalentada. 

A primeira etapa, de Canela a Gramado, foi curta, de apenas 15 km, que percorremos em pouco menos de cinco horas, considerando a adaptação ao esforço requerido e as muitas paradas pra apreciar as diversas atrações desse trecho. Não chegou a chover intensamente, mas ficou aquela garoa fina e constante, que no final das contas acabou deixando tudo bem molhado. Além disso foi um trecho percorrido totalmente por vias urbanas, com muito movimento de carros e pessoas, o que também não contribuiu para uma maior introspecção, como desejávamos. 

Em Gramado instalamo-nos num hotel próximo ao prosseguimento do caminho e tiramos a tarde pra descansar e curtir a chuvinha pela janela. No final da tarde, ao ligar para minha mãe, em Brasília, como tenho o hábito de fazer, encontrei-a passando mal, com queixas de dor no peito e falta de ar. Fiz então contato com familiares que moram perto dela, solicitando que a atendessem com urgência, e passamos a acompanhar a situação. 

No dia seguinte saímos cedo para a etapa prevista, com minha mãe internada no hospital, para fazer exames e averiguações. 

O tempo foi melhorando aos poucos, bem como o caminho, adentrando para zonas mais rurais e desabitadas. Começamos a sentir aí o gostinho de apreciar a paisagem, o silêncio, o céu e a distância a ser percorrida. 

Ao final do dia, já hospedados na pousada programada para aquele pernoite, ficamos sabendo que minha mãe teria que fazer uma importante cirurgia cardíaca de emergência, ainda naquela noite. Essa era a situação para a qual não estávamos preparados pra enfrentar, mas assim é a vida. 

Ponderamos sobre encerrar nossa peregrinação naquele momento, e dedicar atenção plena à questão familiar que se fazia urgente, mas acabamos por decidir que, por enquanto, prosseguiríamos, acompanhando as notícias dos familiares. 

Mas o fato é que a partir dali o encanto de 'se desligar das preocupações do mundo' se quebrou, e o caminho não foi mais o mesmo. 

Ainda percorremos mais três etapas, seguindo o planejamento e tentando apreciar o momento, mas ao final do quinto dia decidimos abortar, voltar pra casa e dar atenção à situação da minha mãe, que seguia em recuperação, internada na UTI. 

A respeito da parte do caminho que percorremos, vale comentar que é uma bela experiência, sob diversos aspectos. Caminhar nos proporciona, de fato, um ponto de vista muito especial sobre o ambiente ao redor. Na verdade, provavelmente, o melhor ponto de vista em comparação com todas as outras formas de percorrer distâncias. Caminhando pode-se observar, com uma atenção diferenciada, o balançar das folhas nas árvores, os desenhos das nuvens no céu, o barulhinho da água correndo em algum córrego próximo, o cantar dos pássaros em volta, o calor do sol, a aproximação da chuva, a direção do vento, o pulsar do próprio coração. Essas coisas podem parecer meio clichê, mas na verdade não são. Vejo nisso tudo uma riqueza e um valor que me encantam e me enchem de paz.

No entanto, cabe comentar também que não é um caminho fácil, do ponto de vista físico. Que não nos enganemos com distâncias aparentemente curtas para um dia de jornada e os atrativos sensoriais que atraem a atenção. A altimetria é bastante acentuada em alguns trechos, e somada ao acúmulo da distância, dos dias sucessivos e das adversidades do clima, exige um pouquinho de disposição do caminhante. 

Encontramos diversos peregrinos ao longo do caminho, a maioria em grupos, mas também alguns sozinhos. A maioria, curiosamente, era de mulheres (será que há alguma razão que explique isso?... Sim, pode ter sido também apenas uma observação distorcida, num universo muito limitado).

Devo ainda fazer aqui uma referência muito especial à minha companheira de jornada, Mari, que mais uma vez se mostrou corajosa, altamente adaptável e incrivelmente bem disposta sob as mais variadas e difíceis situações. Com se diz no ditado popular: "tamo junto", amore mio! Você foi demais!

No final das contas resta-nos ressaltar sobre essa jornada interrompida antes do previsto e do desejado, os velhos e bonitos versos do poeta Fernando Pessoa: "Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena." 

O Caminho (como as montanhas...) vai continuar lá. Qualquer hora voltaremos pra concluir a proposta. A vida segue.

Valeu!





1º dia
De Canela a Gramado
15,6 km/ 330 m de ascensão












Momento da saída





















Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Canela





















A dádiva de encontrar um abrigo no meio do caminho



















Catedral de pedra de Canela




























"É nóis!"


































































2º dia
De Gramado à Pousada Colina de Pedra 
19,2 km/ 690 m de ascensão








Saindo de Gramado








A Mari e as ameixinhas




































Alongar é preciso





































































































Hora do lanche! 















































































"Bolsonaro Presidente!"






















No videozinho acima, encontro casual com um senhor que estava capinando seu terreno, sob um sol quente, ali pelo começo da tarde. A Mari puxou conversa, e logo homem contava um pouco de sua vida...











Parada no Casarão Zio Pietro, com o casal que nos recebeu muito alegremente para carimbar o passaporte e bater um papinho


















































































































































































































































3º dia
Da Pousada Colina de Pedra (Gramado) à Pousada da Dona Solange (Vila Oliva)
21,4 km/ 1.325m de ascensão








Saindo da pousada Colina de Pedra, de manhã cedo
























































































Abaixo, breve histórico dessa ponte











































































E dá-lhe subida!
























Resistir, resistir! Mesmo quando tudo parece perdido!





































































































4º dia
Da Pousada Dona Solange (Vila Oliva) ao Seminário Nossa Senhora da Divina Providência (Santa Lúcia do Piaí)
16 km/ 630 m de ascensão






Saindo da pousada da Dona Solange














































































































Chegada ao seminário, nosso local de pernoite nesse dia






















O quarto espartano e muito aconchegante da hospedaria no Seminário










































































5º dia
Do Seminário (Santa Lúcia do Piaí) à hospedaria Bom Pastor (Nova Petrópolis)
25 km/ 1.015 m de ascensão


































Veja abaixo a história referente a essa escultura,
ao lado da igreja de Santa Lúcia do Piaí

























Parada em um barzinho do caminho, e a Mari de boa conversa com o proprietário











De forma geral as pessoas gostam mesmo é de conversa








































































Encontro casual com um camarada que nos ofereceu cerveja, refrigerante, peixe frito e conversa fiada, junto ao seu veículo personalizado





























































































Na garagem de um rancho no caminho










































Assista, no link abaixo, a um pequeno vídeo 
da peregrinação dessa 1ª parte do Caminho











Obs: Todas as fotos e vídeos são de arquivo pessoal.










"Um pássaro não sabe que é um pássaro,
mas nesse estado se põe inteiro, sem divisão ou incertezas.
Assim, o mundo em que vivo me ensinou coisas demais
sobre a condição humana,
e me transmitiu o costume estranho de pensar - 
de interferir na realidade com opiniões e conceitos,
temores e desejos.
A revelação dessa realidade pode transformar o pensador habitual
num indivíduo livre, num homem-pássaro."

(Luiz Carlos Lisboa)











Gratidão





Força Sempre