O dia dessa corrida amanheceu daquele jeito tipicamente curitibano: chuva fina, possivelmente frio, instável. A atitude era ir lá dar uma corrida no mato... Tijucas do Sul é uma cidadezinha a cerca de 60 km de Curitiba. Saí de casa às cinco e meia da manhã, ao som suave do U2 e da chuva no pára brisa do Troller.
A largada, prevista para as oito horas, atrasou meia hora, em função de ajustes na marcação do percurso que a organização precisou fazer. A corrida se desenvolveu bem, desde o início com subidas íngremes e longas, exigindo bastante das pernas e dos pulmões (e da cabeça...).
Depois de atingido o ponto mais alto, após uma longa e quase assustadora subida pela encosta de um enorme morro, enfrentamos uma descida que me pareceu mais desgastante do que todas as subidas anteriores. Sentia nitidamente meus quadríceps gritando e ardendo como se estivessem queimando.
A certa altura, já no último quarto da prova, comecei a ter "insights" filosóficos (risos)... Pensei que a vida era mais ou menos como aquela corrida, que era preciso seguir em frente quase ignorando a realidade... E me diverti com a ideia de manter o controle emocional e uma certa indiferença à dor, ao desconforto, ao cansaço geral...
No final das contas, os 25 km previstos viraram 27, cumpridos em 3 horas e 04 minutos, à árduo média de 7 min e 33 seg por km, com 1856 m de ganho de altitude. E apesar de tudo ainda fui o 9º a chegar (dentre 70 competidores nessa distância), e o 1º (de 24) na categoria 40-49 anos.
Mas me lembrei intensa e dolorosamente dessa brincadeira pelos cinco dias seguintes, curtindo uma bela dor nas pernas. Mas é lógico que a dor passa, e as boas lembranças ficam. Aloha!
Na verdade não é sobre correr... É anímico.
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