Viagenzinha de moto a Urubici
*em parceria com o amigo Mauro Bevilaqua
3 dias, 1.160 km
Essa viagem surgiu de um convite do amigo Mauro Bevilaqua, de Piedade-SP, que alguns dias antes me ligou chamando para o passeio.
Ele saiu de casa na véspera e veio até Curitiba em viagem solo. À noite reunimos um grupo de amigos para uma animada roda de conversa e pizza, num restaurante na cidade, e no dia seguinte cedo encontramo-nos, no "modo moto", num posto de combustível local, e pegamos a estrada com destino à simpática Urubici.
Acontece que nesse dia estava um frio de lascar! E estava cinzento e com cara de chuva, ou seja, "daquele jeito"... Como o que não tem solução, solucionado está, restou-nos encarar as condições vigentes. Os admiráveis recursos de punho e banco aquecidos da Tiger e quatro camadas de roupas técnicas foram suficientes apenas pra atingir um nível aceitável de defesa contra a temperatura gelada, amplificada pelo vento constante e implacável que insistia em soprar de todos os lados.
Chegamos ao nosso destino pretendido para o dia, a pequena cidade de Urubici, por volta das 16:30h. Cruzamos a cidade e seguimos direto para o camping Terras do Sul, 25 km à frente, onde pretendíamos passar a noite. O acesso ao local do camping é por estrada de terra, um trecho curto, de uns 4 km, mas que nas condições daquele momento (molhado pela umidade de chuvas recentes) nos custou um pequeno sufoco pra equilibrar as motos na lama deslizante.
Enfim chegamos e fomos muito bem recebidos pelo casal que cuida do lugar. Boa conversa, boa energia e silêncio; ingredientes perfeitos pra dar uma relaxada depois de um longo dia de estrada.
Mais tarde fizemos nosso jantar, um belo macarrão ao pomodoro com atum, preparado com todo carinho pelo Maurão, na cozinha do camping, compartilhado com dois novos amigos argentinos que estavam por ali naquele momento, novamente com boa conversa e troca de experiências de viagens.
Cada um de nós recolhido na sua barraca, entregamo-nos ao merecido e muito bem vindo descanso. Apesar do frio intenso e úmido, até que dormimos bem, graças à qualidade dos equipamentos individuais (bons isolantes e sacos de dormir).
A manhã seguinte amanheceu ainda bem nublada e fria. Fizemos nosso desjejum, desmontamos e guardamos nossas coisas e fomos nos preparando pra retornar à estrada, batendo mais um bom papo com o Dani, proprietário do camping e conhecido de outras passagens que fiz por lá.
Enfrentamos novamente o trechinho de estrada de terra (bem escorregadia) até o asfalto e rumamos na direção de Bom Jardim da Serra. No caminho, a certa altura, o Maurão parou no acostamento com o painel da GSA acusando perda de pressão no pneu traseiro. Numa rápida inspeção descobrimos que de fato havia um parafuso encravado no banda de rodagem, motivo do vazamento do ar.
O Maurão retirou então seu kit de conserto de furo de pneu e pôs-se ao trabalho de reparo. A primeira parte, de retirar o parafuso e introduzir o tal "macarrão" até que deu certo. Já a segunda, de encher o pneu, não, porque o compressor de ar do Mauro não funcionou no plug de conexão da moto. Sorte que eu tinha um mini compressor a bateria, que deu conta do recado, devolvendo a pressão normal ao pneu atingido pelo furo.
De volta à estrada, seguimos caminho, mas poucos quilômetros à frente o pneu voltou a esvaziar. Refizemos então o procedimento do conserto, dessa vez passando um pouco de cola na tira de vedação. Felizmente o compressorzinho a bateria aguentou mais uma carga pra encher novamente o pneu.
Seguimos então até Bom Jardim da Serra, pouco quilômetros à frente. Dessa vez parecia que o conserto havia funcionado melhor, mas não perfeitamente, pois o sistema de monitoramento da pressão do ar voltou a acusar perda de ar. O Mauro achou melhor então procurarmos uma borracharia pra fazer um conserto mais profissional. Tivemos que esperar passar a hora do almoço, em que tudo fecha na cidadezinha, para finalmente sermos atendidos pelo borracheiro local, que rapidamente refez o procedimento com um novo "macarrão", cola e a sua "expertise" de ofício. Dessa vez deu certo. Problema resolvido!
Seguimos viagem e demos uma parada, pouco à frente, no mirante da Serra do Rio do Rastro, pra apreciar essa emblemática estrada. A essa altura, afortunadamente, o tempo melhorou cem por cento. Toda a nebulosidade havia se dissipado e fomos agraciados com uma bela tarde de sol e céu azul.
Na sequência descemos a Serra e tocamos em direção a Laguna, já no litoral de Santa de Catarina, onde chegamos já no finalzinho da tarde. Demos uma voltas pelas redondezas, passando junto ao conhecido farol de Santa Marta, e então recolhemo-nos ao descanso num hotelzinho local.
No terceiro dia encaramos a movimentada BR 101 sentido norte, passando pela entrada de Florianópolis, Balneário Camboriú, Joinville e, subindo a serra, de volta a Curitiba. Nesse dia o tempo esteve novamente meio nublado, mas com temperatura bem amena e sem ameaça de chuva. No dia seguinte o Mauro seguiu viagem solo de volta a Piedade, sua cidade.
Terminado nosso pequeno "voo", ficam as boas lembranças de termos curtido um pouco nossas máquinas do jeito que elas foram feitas pra serem usadas, das boas conversas, risadas e, por que não, dos pequenos perrengues e desafios inerentes à brincadeira.
Viajar de moto é um negócio meio "viciante"... Às vezes, quando estamos na estrada, pressionados pelo cansaço ou por alguma situação mais difícil, sempre surge aquela velha questão: "caramba, o que eu tô fazendo aqui?". Mas basta nos afastarmos do momento para sermos "assaltados" pela "síndrome de abstinência" daquelas sensações vertiginosas que só a velocidade, o ronco do motor e a dança da pilotagem são capazes de satisfazer.
Enfim, bom demais, né?... Rsrs...
Vamos juntos?
P.S: Meu muito obrigado ao amigo Maurão pelo convite, parceria, amizade e companheirismo nessa empreitada. Valeu demais, meu amigo! Vamos pensar nas próximas! Sempre em frente!
Curitiba a Urubici
493 km
Chegando em Urubici
Estradinha para o camping
Acampamento montado
Urubici a Laguna
248 km
Laguna a Curitiba