Tiger 900 Rally Pro

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quinta-feira, 16 de setembro de 2021

"Expedição" em caiaque oceânico "comunidades caiçaras", litoral do Paraná, 4 a 7 de setembro de 2021

 




Remada "comunidades caiçaras"
92 km em quatro dias
Saindo de Paranaguá, passando por Medeiros, Guaraqueçaba e Ilha das Peças, 
e retornando a Paranaguá


*em parceria com: 
Ricardo Vicentine, 
Melissa Polo, 
Frank Vicentine, 
Leopoldo Gubert, 
Fernando Henares e 
Priscila Trindade





Vermelho: 1º dia, Paranaguá a Medeiros, 26,7 km
Azul: 2º dia, Medeiros a Guaraqueçaba, 22,7 km
Amarelo: 3º dia, Guaraqueçaba a Ilha das Peças, 22,7 km
Verde: 4º dia, Ilha das Peças a Paranaguá, 19,8 km





Fui participar dessa remada a convite do amigo Ricardo Vicentine, que montou o roteiro e fez todo o trabalho de coordenação dos nossos locais de pernoite. Juntamente com seu irmão Frank, ele vem, nos últimos tempos, realizando um belo trabalho de reconhecimento e estabelecimento de contatos em pontos estratégicos do litoral do Paraná, visando difundir a prática da canoagem e levar pessoas pra viver a experiência de remar por lugares pouco visitados do nosso litoral. 

Encontramo-nos às quatro da manhã em um posto de serviços nos arredores de Curitiba, aproveitando a oportunidade pra cantar os "parabéns pra você" para o Léo, que acabava de conhecer e que estava de aniversário nesse dia. De lá seguimos em comboio até Paranaguá, nosso ponto de partida. Arrumações finais, carros no estacionamento e às sete e pouco demos as primeiras remadas, flutuando suavemente em direção à entrada da baía.












O tempo estava meio indefinido, com sol entre nuvens, um pouco de luz e alguma nebulosidade, mas o ânimo da partida serviu pra dissipar qualquer receio com relação a isso.




Ricardo e Melissa, na saída de Paranaguá







Saímos devagar, curtindo a movimentação dos barcos entrando e saindo pela foz do Rio Itiberê, e logo estávamos ao lado do Terminal de Contêineres de Paranaguá, com sua mega estrutura de guindastes e movimentação constante de navios de carga. 













Logo após nos vimos na imensidão da entrada da Baía de Paranaguá, felizmente com uma condição bem calma do mar, em função da ausência de vento no momento. 




















Fizemos uma rápida parada na Ilha das Cobras e tocamos na sequência para a Ilha das Bananinhas, onde desembarcamos novamente para uma rápida visita. 










Ilha das Cobras

























Ilha das Bananinhas





Crâneo de um boto, encontrado nas Ilhas Bananinhas



De lá seguimos para a Ponta do Ubá, uma pequena vila de pescadores aonde o Ricardo conhecia um artesão de remos caiçaras. Fomos visita-lo e alguns de nossos companheiros de expedição aproveitaram para adquirir alguns remos recém saídos da "produção". Aproveitamos a parada também para um bem vindo almoço à base de peixe, camarão, arroz e salada, em um barzinho local. 




Ponta do Ubá









Moradora local, limpando um tipo de marisco








A essa altura o céu estava bem nublado, com jeito de chuva. De volta aos remos, seguimos na direção da comunidade de Medeiros, local previsto para o nosso pernoite. Nessa região quase não havia movimento de barcos, criando aquela agradável sensação de isolamento e silêncio. 














Chegamos ao nosso destino ali pelo meio da tarde. Havia por lá alguns barcos de turistas que, aparentemente, haviam ido almoçar as apreciadas ostras frescas que são produzidas no local, e com isso, havia também certa zoeira no ar. 

Achamos o nosso contato, morador que nos disponibilizou o quintal de sua casa (e estrutura de banheiros de uma pequena pousada) para montar nossas barracas. Acampamento montado, banho tomado, deu ainda pra aproveitar o finalzinho da tarde pra dar uma volta na vila e sentir o jeito das coisas. 




Comunidade de Medeiros



A pequena comunidade sobrevive basicamente da criação de ostras e da pesca, e situa-se num lugar incrivelmente isolado e sugestivo a uma eventual introspecção, só que não é bem essa vibração que vimos por lá. Desde o momento em que chegamos até altas horas da noite havia, nos bares em volta, uma cacofonia de músicas eletrônico-brega em alto volume que massacravam os ouvidos sem descanso ou piedade. A situação foi tão caótica que chegou a ser engraçada. 





Sinfonia musical...



Em compensação, a diversidade de cores e formatos das embarcações caiçaras ancoradas em todo canto foi um show à parte, à disposição para serem apreciadas.


















































Trabalhador local, limpando ostras




À noite jantamos em um bar próximo, conforme havia sido previamente acertado pelo Ricardo. Mas a música era tão alta que não deu nem pra sentir o gosto da comida [risos]! Brincadeira... Estava bem bom... Deu até pra conversar! Nesse bate-papo comentei casualmente sobre como apreciava, "de certo modo", os tais jet skis, com os quais cruzamos ao longo do dia. Sem querer, foi o gatilho para uma acalorada discussão, com muitos argumentos contra e poucos a favor do famigerado brinquedinho. Enfim, noves fora, concordamos que cada equipamento tem um perfil de usuários muito próprio e que se identificam de alguma forma, assim como nós, que estávamos ali unidos pela paixão à simplicidade e discrição dos nossos elegantes barquinhos. 














Na hora de dormir, lancei mão das minhas apuradas técnicas de uso de fones de ouvido e profundo controle mental (brincadeira... puro cansaço mesmo!) pra me desconectar da persistente bagunça em volta e embarcar num sono profundo, mas alguns colegas relataram, no dia seguinte, que a festa foi longe e a noite, curta. 

De madrugada a chuva finalmente caiu e testou a impermeabilidade das nossas pequenas barracas. De manhã cedo, refeitos (ou não) da ressaca sonora do dia anterior, acordamos sob um agradável silêncio. Nosso amigos Fernando e Priscila retornaram, conforme haviam planejado, a Paranaguá, e nós seguimos na direção geral norte, rumo a Guaraqueçaba, nosso destino do dia.












































Tudo indicava que seria um dia nublado e possivelmente chuvoso, mas contrariando a expectativa, aos poucos, o tempo foi abrindo e logo nos vimos sob um espetacular céu, perfeitamente azul de uma ponta a outra do campo de visão. Remada tranquila, conversa boa, aos poucos fomos trocando tempo por distância. 






















Paramos, algumas horas depois, em um local meio isolado em uma ponta da Ilha Rasa. Desembarcamos pra fazer um lanche e conhecer o local. Uma senhora que estava perto puxou conversa, perguntando sobre nossa viagem e contando um pouco de sua história. Convidou-nos pra conhecer sua casa, recém construída, ali do lado, sendo extremamente simpática. Nisso aparece um senhorzinho mal encarado meio que discutindo com a gente, perguntando o que estávamos fazendo ali, que não podíamos estar ali, e coisa e tal... Pensamos até que era uma brincadeira, mas o camarada estava falando sério e tivemos que tranquiliza-lo dizendo que já estávamos indo embora e tudo ficaria bem. Assim é a vida, há os amistosos e os raivosos, tudo espalhado por aí...










Ilha Rasa






























 

Por volta do meio dia chegamos a Guaraqueçaba, aonde fomos calorosamente recebidos pelo pai do nosso companheiro Léo, que nos esperava no cais. Guardamos os caiaques em uma pousada próxima e fomos, no carro do Seu Leopoldo, para a casa deles, em uma fazenda há alguns quilômetros da cidade. Lá tivemos uma recepção extremamente acolhedora por sua família. Quase que não nos adaptamos a tanto conforto, depois da noite um tanto rústica passada em Medeiros.

Em meio a muita conversa boa, aliada à efusiva cultura acadêmica do Ricardo (Engenharia Florestal) e do Léo (Agronomia) tive uma verdadeira aula a respeito do cultivo da famosa pupunha (palmito) da região, criação de búfalos, prós e contras da possível produção agropecuária em um local de acesso tão difícil como aquele, dentre outros bons temas.

À tarde ainda saímos para uma caminhada a uma linda e escondida cachoeira nas imediações, em meio a uma bela mata virgem, na encosta de uma imponente montanha.













































À noite degustamos um delicioso palmito e peixe assados na brasa, e mais conversa animada. Ao nos recolhermos aos nossos quartos, completamente antagônico à noite anterior, dessa vez vivenciamos o mais absoluto e reconfortante silêncio envolvendo-nos como um manto de paz. 

O terceiro dia da nossa empreitada amanheceu cinzento e nada auspicioso. Juntamos nossas coisas, despedimo-nos da família Gubert e nos deslocamos de volta à cidade, onde pegamos nossos barcos e nos lançamos novamente à água.





























O trecho que se seguiu foi um tanto "amarrado", por conta do vento contra, muitos baixios pelo caminho e um certo cansaço físico acumulado. 




















Paramos na comunidade do Gaupicum quase na hora do almoço. Fizemos um lanche num bar local, demos uma volta na vila, e de volta aos remos.


























No meio da tarde, depois de muito brigar com um persistente vento contra, chegamos à Ilha das Peças, ainda sob um céu bem nublado e com cara de chuva. Ali montamos acampamento no quintal da casa de um morador local, a Denise e sua família, vizinhos do Anderson e da Sissi, que são compadres do Ricardo e da Melissa, e nos receberam super bem. 

Mais um jantar especial, com peixe assado, maionese de camarão e muitos causos animados contados pelos habitantes locais.

Às quatro da madrugada a chuva, que vinha sendo prevista desde o dia anterior, chegou com força, acordando-nos com aquele típico barulhinho dos pingos no tecido das barracas. 

Levantamos às seis e fomos arrumando as coisas aos poucos, meio que desviando de uma ou outra investida da chuva que rondava em volta. 

Após um caprichado café da manhã montado pelos nossos anfitriões, carregamos os barcos de volta à praia, embarcamos e retornamos ao balanço do mar e ao movimento infinito dos remos. 










O mar estava incrivelmente liso, praticamente sem vento, e a chuva, no final das contas, deu uma breve trégua e nos poupou da adversidade. A certa altura, paramos numa prainha para um breve descanso, e nos demos conta do momento especial que estávamos vivendo: conversando sobre questões meio que existenciais, futuro e passado da humanidade, grandes desafios da nossa espécie, degustando um amendoizinho, e sem nenhuma pressa de chegar... O que mais poderíamos querer da vida naquele momento?
















Aos poucos fomos nos aproximando de volta ao Porto de Paranaguá e logo chegamos à prainha de onde havíamos partido três dias atrás, bem próximo do centro histórico da cidade. Estava finalizado o nosso pequeno passeio. 




















Fotos, vídeos ou mesmo palavras são insuficientes pra dar a real noção de uma experiência como essa. São meros fragmentos de uma realidade impossível de ser capturada. Resta-nos a resignação por essa constatação, e guardar no coração e na memória o valor de ter vivido esses momentos.

E qual é a graça do caiaque oceânico e de uma remada como essa? A graça está no conjunto de sensações e de sentimentos que envolvem esse tipo de atividade, como o balanço das águas, o barulhinho da água nos remos, o sempre amplo horizonte à frente, a brisa (ou vento!) acariciando o rosto, o silêncio em volta, etc.

Mas mais do que isso, a riqueza maior dessa viagem foi o relacionamento humano e o espírito de camaradagem que reinou no grupo, a conversa descontraída, o espírito de equipe, o companheirismo em todas as situações. Valores que não tem preço e que dispensam explicações. Simplesmente bom demais!

Meu muito obrigado a todos os amigos dessa jornada: Ricardo, Melissa, Frank, Léo, Fernando e Priscila, e a todos que nos receberam e nos auxiliaram por onde passamos. Agradecimento especial ao Ricardo Vicentine, pelo convite e confiança em me receber no grupo. Que venham outras!

Vamos juntos?




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P.S: 

1) O Ricardo e o Frank estão guiando pessoas interessadas em remar nessa região, inclusive com a disponibilização de caiaques oceânicos próprios à atividade. Interessados podem contatá-los através do instagram: @coreetuba_remooceanico


2) Os vídeos apresentados estão em baixa resolução, a fim de caber no limite de tamanho desta plataforma. 





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Roteiro de cada dia, marcado pelo GPS:


















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Gratidão



Força Sempre