Tiger 900 Rally Pro

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terça-feira, 27 de abril de 2021

Trekking ao Pico Tucum, Campina Grande do Sul - PR, 22 e 23 de Abril de 2021

 






Trekking solo ao Pico Tucum e acampamento na montanha




Qual é, afinal, o mecanismo da nossa motivação? O que nos move à ação? O que é capaz de nos fazer abandonar nossa estimada sensação de segurança e de conforto e ir em busca de algo mais? E como manter essa chama acesa com o passar do tempo? Como manter-se enamorado pelo desconhecido, pelo inesperado, pelo movimento saudável? Boas questões de reflexão, que rondam meus pensamentos frequentemente.

Pois na véspera de sair pra essa caminhada e pernoite na montanha, me vi refém dessa cilada da mente: "por que/ para que?". Ora, ora, dona mente! E por que não? Arrumei as coisas e me pus em modo de movimento.

Saí de casa por volta de meio dia da quinta-feira. Pouco antes das 14 h dei o primeiro passo na trilha que leva ao cume dos Picos Camapuã e Tucum, na região rural de Campina Grande do Sul (60 km distante de Curitiba).

A questão que sempre ronda esse tipo de atividade é a condição do tempo prevista, porque o ambiente de montanha requer certos cuidados e preparação adequada para eventuais adversidades. Para esses dois dias a previsão era boa, de sol entre nuvens, sem expectativa de chuva. Nesse começo de tarde o aspecto do tempo era animador, com o céu predominantemente azul e algumas nuvens espalhadas.

Por volta das 15:30 h estava saindo do trecho de mata e entrando na área aberta que dá acesso ao topo do Pico Camapuã. Nesse momento as condições do tempo já haviam mudado bruscamente, já não se via azul no céu, tudo estava bem fechado, frio e úmido, quase garoando.

Pouco depois atingi o cume do Camapuã, envolto em densa neblina. Nesse trecho encontrei dois rapazes que subiam juntos, também com destino ao Tucum, bem como um cara sozinho, acompanhado do seu cachorro. Logo o reconheci de alguns vídeos que havia visto meio aleatoriamente no Youtube, em algum momento recente. Perguntei e ele confirmou. Era o Lucas Glimm, do canal "Sozinho na trilha", dedicado a contar histórias de caminhadas e investidas em diversas trilhas de matas e montanhas da região sul do Brasil, sempre sozinho. Interessante esse encontro casual e essa conexão com um conteúdo compartilhado nessa plataforma gigante de vídeos. Batemos um papo rápido sobre o trabalho que ele desenvolve, parabenizei-o e segui meu caminho em direção ao destino pretendido do dia, o Pico Tucum, situado logo adiante, mas separado do Camapuã por um acentuado declive seguido de um igualmente acentuado aclive na sequência. 

A essa altura estava tudo molhado em volta, assim como minha calça, botas e meias. Lembrei-me das poucas peças de muda que trazia na mochila e comecei a achar que não seria suficiente pra fazer frente ao frio que se anunciava para a noite e madrugada à frente.

Pouco depois das 17 h cheguei ao topo do Pico Tucum (1.720 m de altitude). Além dos dois rapazes com quem havia cruzado pouco antes, havia lá um casal, em uma barraca já montada, e só. Escolhi um local que julguei adequado, montei minha barraquinha, dei uma arrumada nas coisas e saí para uma caminhada nas proximidades, pra conferir se seria possível ver o pôr do sol. 

Deu pra ver muito pouco, entre muitas nuvens e nevoeiro em todos os lados. Mesmo assim, é sempre um momento especial nesse tipo de lugar. A noite caindo, silêncio total, um ambiente um tanto hostil, com vento soprando forte, frio se intensificando e o cansaço da pernada morro acima recomendando o necessário recolhimento ao descanso. 

Instalei-me então no meu abrigo, preparei um chá quente e fiz o possível pra me aquecer e tornar o ambiente minimamente confortável. Aprecio muito esses momentos de solitude e silêncio dentro da barraca. Momentos em que nada há a fazer se não relaxar um pouco e deixar o tempo passar.

A noite transcorreu tranquila. O frio permaneceu num nível aceitável para as circunstâncias. A certa altura o vento pareceu dar uma trégua, o que intensificou a sensação de silêncio. Dei uma rápida saída da barraca no meio da noite e o céu parecia um pouco mais aberto, ainda que algumas nuvens persistissem.

Acordei às 5:40, curioso pra ver como estariam as condições para o nascer do sol. Ao abrir a porta da barraca, já havia um prenúncio da aurora, com o céu tingido de um azul forte e um leve alaranjado ao leste, ainda com muitas nuvens e nevoeiro sendo levados rápido pelo forte vento. Visto de certo ângulo, dava a impressão de que a Terra estava acabando de ser formada, numa mistura mágica de cores e visual fluido. 

Dei-me conta de que havia montado a barraca na posição exata pra ver o nascer do sol por trás do Pico Paraná (de 1.877 m de altitude, montanha mais alta da região sul do Brasil), aparentemente logo ali, mas distante alguns quilômetros de onde estava. 

Apreciar esse fenômeno naquelas circunstâncias foi um verdadeiro espetáculo. Acompanhar a rápida mudança de cores do céu, o dourado do sol se anunciando na borda das nuvens e em seguida despontando por trás das montanhas no horizonte é dessas cenas que compensam todo o esforço da empreitada, e não me contive em dar um cutucão na minha própria mente e dizer-lhe: "tá vendo? É por isso!".

Cumprido o ritual do rei sol, com direito a toda a calma e reverência adequada à situação, fiz meu desjejum, desmontei acampamento e pus-me novamente em movimento montanha abaixo, com uma incrível sensação de renovação e de energia percorrendo o corpo e a alma (de verdade!).

Pouco depois do meio dia estava de volta ao ponto de início e fim da trilha, onde havia deixado o carro. De volta ao mundo, mas reforçado pela revigorante jornada nessa bela montanha.

Bom demais!





1º dia:




































2º dia:






































































































































Lucas Glimm e seu cão Montanha, do canal do Youtube "Sozinho na Trilha"













"Desfruta a terra, mas sem possuí-la.

Por falta de visão os homens estão onde estão,

comprando e vendendo, desperdiçando a vida como escravos."

(Henry David Thoreau)





Gratidão



Força Sempre
















domingo, 25 de abril de 2021

Viagenzinha de moto a São Francisco do Sul - SC, 15 e 16 de Abril de 2021





Ah, essa sensação de liberdade!

Viagenzinha de moto ao Forte Marechal Luz, em São Francisco do Sul, indo em um dia e voltando no outro, pernoitando em barraca no camping local. 

Fiz duas belas caminhadas, uma ao cair da tarde e começo da noite do primeiro dia, e a outra na manhã do dia seguinte. Atividades simples, mas muito revigorantes.

Ultimamente tenho buscado dar um pouco de atenção às sutilezas do caminhar, tentando entender e entrar na sintonia desse movimento ancestral. Sim, tenho uma história antiga e muito salutar com a corrida, e à primeira vista podemos ter a tendência de confundir essas duas vertentes, mas o fato é que são coisas diferentes, não excludentes, cada uma com suas riquezas e nuances. 

Caminhar nos coloca num ritmo diferente. A velocidade do movimento nos obriga a desacelerar a inerente ansiedade do ambiente urbano, ao mesmo tempo que nos permite e convida a observar com mais atenção os detalhes em volta. 

Além do mais, tenho buscado observar cada vez mais o estado mental que permeia essas situações (não só na corrida, como também pedalando e em outras atividades semelhantes). Tentando, aos poucos, sintonizar um estado próximo da meditação ativa e natural. Apenas sair um pouco desse padrão de estar o tempo todo pensando e analisando e se preocupando com o passado e com o futuro e com tudo mais. É lógico que o ambiente em volta ajuda muito nessa intenção. 

Ficar em silêncio (tanto de falar, quanto de barulhos diversos no entorno) também é, em si, um exercício que me é extremamente salutar e revigorante. Quase uma necessidade, diria. 

Enfim, bom demais!

Aproveitei também pra fazer um teste de estrada um pouco mais longo - 390 km ida e volta (bem como o teste do sistema de bagagem) com meu novo equipamento motociclístico - a Triumph Tiger 900 Rally Pro (sobre a qual falo um pouco, mais abaixo).
























































































***   ***   ***































Não estava lá muito inspirado pra fotografar nessa viagem, tanto que nem levei a câmera principal. Interessante como a intenção de fotografar, assim como o ato em si, exige certa predisposição, certa conexão com a ideia. Estava a fim mesmo é de curtir o momento e de não me engajar no compromisso de buscar imagens e compor um relato da vivência. As fotos que fiz foram totalmente espontâneas, quase como se a imagem me pedisse pra fazer a foto. No final das contas me arrependi de não ter levado a câmera melhor e de não ter dado um pouco mais de atenção à brincadeira. Nós somos assim: sempre em dívida e em conflito com nossas próprias inclinações e objetivos [risos]. Impossível fazer tudo, da melhor forma, o tempo todo. 

Aliás, essa questão de fotografar e registrar com a ideia de relatar depois tem sim um peso e uma obrigação que tem o seu preço (como tudo na vida). Outro dia estava acompanhando e observando o perfil de duas pessoas do mundo outdoor que aprecio, cada uma a seu modo. Uma delas dizia que estava iniciando um grande projeto de trekking sem preocupação com produção de imagens ou de fazer disso um produto. A outra, ao contrário, tem se dedicado exatamente e explicitamente ao oposto: criar e realizar projetos de viagens que se tornarão produtos mais tarde. Sim, tudo é válido e tudo vale a pena se a alma não é pequena, já dizia o poeta, mas cada um desses modelos tem seus prós e contras, é inegável. 

Na verdade esse negócio de "criação de conteúdo" se tornou uma mania desses nossos tempos modernos, fomentada pela facilidade de compartilhamento e de acesso pelas redes sociais e diversas plataformas por aí. Guardadas as proporções, até mesmo este despretensioso blog entra nesse pacote. Fazer pra curtir pra si mesmo ou fazer pra divulgar, compartilhar, mostrar ou até mesmo vender? Acho que, com muito boa vontade e jeito, é possível conciliar as duas coisas, mas é preciso ficar atento para que as prioridades e o real motivo da ação não se percam ou se invertam.

Esse é um ótimo tema pra reflexão e pra conversa, além de muito atual e impactante no nossa maneira de nos relacionarmos com o que fazemos e com o que "consumimos" em termos de imagens e histórias.

Penso que a intenção conta muito. Em qualquer situação. Acho que se a intenção for boa, autêntica e genuína, fazendo o que for, já é um bom caminho para um bom resultado. 

Na verdade, talvez a melhor produção criativa seja essa que salta aos olhos e que nos conclama à produção. No fundo, no fundo, como deveríamos saber, o verdadeiro artista e criador não é o sujeito e o "dono" da sua criação, mas apenas o meio pra ela se expressar. 

E você, o que acha disso?





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Sobre a troca da Ducati pela Triumph...


Há algum tempo vinha pesquisando e pensando em trocar a espetacular Ducati Multistrada 1200 Enduro (ano 2017) por uma moto um pouco menor e mais leve, mas percebi que havia entrado numa certa enrascada, no sentido de estar experimentando o que pode ser considerado meio que um ápice no mundo motociclístico das chamadas Big Trails. Como sair da arrebatadora Multistrada 1200 Enduro e encontrar prazer em outra moto qualquer?

Pode parecer exagero falar assim, mas não é. Em termos de desempenho, estética, acabamento, projeto e "requisitos operacionais desejáveis", a Multi é um show em si mesma. 

Mas em termos práticos, para o meu uso e perfil pessoal, tinha que reconhecer que estava um pouco além do que precisava e, na verdade, queria. Fiz então um anúncio em um desses sites de venda, e deixei lá. E lá ficou por meses, com um ou outro interessado entrando em contato de vez em quando, mas nada consistente. Até que um cara se mostrou realmente interessado e me colocou em cheque, e há cerca de um mês me obrigou a tomar a dura decisão [risos].

É até engraçado, mas até a véspera do dia combinado para o cara vir fechar negócio e buscar a moto, estava meio que torcendo para que ele desistisse... Cheguei a não responder algumas de suas mensagens, na esperança de que ele mudasse de ideia... Mas, no final, acabei assumindo os riscos das minhas pesquisas, reflexões e opinião pessoal e fechei o negócio. 

Foram 11 meses e 6.570 km muito bem rodados. Valeu demais, dona Ducati!!









É lógico que já vinha também há tempos pesquisando que moto se encaixaria melhor às minhas pretensões motociclísticas (e orçamento, logicamente). Pesquisa um tanto cruel e nada fácil [risos]. No final das contas, fiquei entre três opções: a icônica Honda Africa Twin CRF 1000L, a imponente BMW 850 GS Adventure e a novata e bela Triumph Tiger 900. Cheguei também a pensar em adquirir uma motinha mais simples, mais antiga, mais barata (tipo uma 800 GS de cinco ou seis anos atrás ou mesmo uma Africa mais antiga), pra usar sem dó e sem receio. 

(E sim, também pensei na velha e boa 1200/ 1250 GS. Modelo que não tem como não gostar e que serve muito bem a todos os requisitos, além de ser uma delícia de pilotar (apesar de não ter nem de longe a força da patada da Multistrada quando gira-se o acelerador a 170 km/h e sente-se a moto dando aquela arrancada maravilhosa). No entanto, além da questão orçamentária, avaliei que seria salutar experimentar novos ares).

Assim, depois de infinitas pesquisas e ponderações, há três semanas acabei decidindo mesmo pela recém lançada Tiger 900 Rally Pro (nesse caso, zero km), que, no final das contas (descontada a grande diferença de concepção e performance de motor) pode-se dizer que é uma espécie de "mini Multistrada 1200 Enduro".

E olha, ainda é cedo para uma avaliação mais consistente, mas após pouco mais de 1.000 km rodados com ela, posso dizer com tranquilidade que foi uma transição e uma escolha muito bem feitas. Muito satisfeito com a motinha!

Acho que esse é um daqueles típicos casos em que menos é mais. Menor tamanho, menor desempenho de velocidade final, menor cavalaria, porém melhor relação custo-benefício, melhor versatilidade, melhor dirigibilidade em situações adversas do fora de estrada, etc.








Estive pensando na comparação entre a Multistrada e a Tiger 900, e me ocorreu que, pra usar uma metáfora automobilística, a Enduro se equivaleria, no mundo dos carros esportivos, a um Chevrolet Camaro, enquanto que a Tiger seria como um Golf GTI [risos]. É lógico que não tem o "sex appeal" do musculoso e vistoso Camaro, mas em compensação continua tendo muita eficiência, prazer ao dirigir e ainda tem, de quebra, a desejável discrição e, supõe-se, maior simplicidade e menor custo de manutenção (muito embora nunca tenha dirigido nenhum dos dois carros...).

Resta ver, agora, como a promissora Tiger 900 vai se comportar em termos de resistência, durabilidade e confiabilidade mecânica. 

Vamo que vamo!




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Extras:


1) Caminhada solo na região de Morretes, na estrada ao lado do Rio Nhundiaquara, 8 Abr 21:



















































































































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2) Remada solo na Represa Passaúna, 21 Abr 21:
































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"Ensino-vos o super-homem.
O homem é algo que será ultrapassado.
Que fizestes para ultrapassá-lo?
O que é grande no homem é que ele é uma ponte e não uma meta.
O que pode ser amado no homem é que ele é uma transição e uma destruição.
Amo aqueles que não sabem viver senão perecendo,
porque estão indo além.
Amo os grandes desprezadores,
porque são os grandes adoradores,
são flechas de ânsia voando para outra praia."

(Nietzsche)







Gratidão



Força Sempre