Tiger 900 Rally Pro

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domingo, 29 de abril de 2018

Trekking e acampamento no Morro Araçatuba, Tijucas do Sul-PR, 21 e 26/27 Abr 2018












No sábado, 21 de abril, fez um belo dia de sol e céu azul por aqui. A fim de curtir a energia boa dessa luminosidade intensa, resolvi fazer um passeiozinho fora da cidade. Juntei umas coisas, montei na GS e fui em busca de um lugar onde pudesse contemplar um horizonte amplo, um pouco de silêncio e, ainda, fazer um pouco de exercício físico. Um lugar perfeito pra isso, próximo de Curitiba, é o Morro Araçatuba, no município de Tijucas do Sul.

A subida da longa e íngreme encosta atendeu bem a intenção de fazer um pouco de esforço físico. Aliás, um pouco não. Do início da trilha ao cume são nada menos do que 760 metros de desnível, o que demanda certa disposição (e cerca de uma hora e meia de pulmões trabalhando a pleno vapor).





























O visual lá em cima, no entanto, compensa facilmente o preço da subida. Num dia claro como aquele, vê-se, num primeiro plano, as elevações alinhadas com o igualmente bonito Morro dos Perdidos, ali perto. Lá embaixo o traçado da BR 101, aparecendo ocasionalmente por entre a mata densa. Um pouco mais distante, a bela Serra do Mar, estendendo-se de norte a sul até onde a vista alcança. E, em seguida, toda a linha de praia e o imenso Oceano Atlântico, parecendo incrivelmente azul dessa perspectiva, fundindo-se com o céu no longínquo horizonte. Verdadeiro espetáculo, ao qual me permiti apreciar sem pressa, embalado, em alguns momentos, pelo som viajante de “The Division Bell”, do velho e sempre bom Pink Floyd.






































































No meio da tarde, após um breve lanche a título de almoço, iniciei a descida, verdadeiramente muito satisfeito com as poucas horas naquele ambiente fantástico.






































Enquanto descia, vi algumas pessoas subindo com mochilas cargueiras, levando material pra pernoite lá em cima, e pensei que era realmente uma ótima ideia poder contemplar o pôr e nascer do sol de um camarote como aquele.





***   ***   ***





Então, na quinta feira seguinte, 26 de abril, me organizei e fui novamente para o Araçatuba, dessa vez preparado pra acampar e passar a noite lá em cima, com uma vantagem em relação ao final de semana anterior: somente eu estava na montanha nessa ocasião.

O dia, entretanto, não estava tão especial quanto o da ascensão cinco dias antes. Apesar de não haver previsão de chuva, havia muitas nuvens no céu, e o azul estava com aquele tom pálido e pouco claro.












Cheguei ao topo por volta das cinco horas da tarde e o visual, infelizmente, restringia-se a poucos metros. Tudo estava envolvido em densa neblina. Mas, ainda que não houvesse a bela vista que gostaria, havia aquele clima quase místico do silêncio, da solidão e do “astral” da montanha.

Montei minha barraquinha, fiz um chá quente e fiquei em paz.













Nas horas seguintes curti essa rara e tão valiosa sensação de ficar sozinho com meus pensamentos. Buscando estar bem consciente do momento, curti divagar por diversas lembranças do passado recente e distante, pensando em planos para o futuro, em certos conceitos e valores filosóficos que vem me cativando nos últimos tempos, e, em certos momentos, curtindo muito atentamente algumas das músicas preferidas da minha “play list” (notadamente o belo e marcante álbum Passengers, uma criação um tanto diferente e ousada da banda irlandesa U2, de 1995).

Por volta das nove e pouco, dei uma saída pra dar uma olhada em volta. A visibilidade havia aberto e estava uma bela noite, sem vento, sem frio excessivo, com uma bonita lua a iluminar a escuridão e aquela miríade de estrelas universo afora. Momentos assim valem o esforço de sair de casa e da famosa zona de conforto.
































Preferi não preparar uma refeição quente, embora tivesse todo o material pra isso, porque não havia necessidade, e pra não ficar dispersando a atenção e o tempo com esses afazeres que sempre demandam uma série de pequenas ações. Fiz um rápido lanche, mais um chá, e fiquei quieto no meu canto.

Há alguns dias andei lendo alguma coisa sobre filosofia budista. O texto explicava que o cerne da doutrina estabelecida por Sidarta Gauthama gira em torno da questão do sofrimento humano, argumentando que a fonte de todo sofrimento é o desejo, que, quando atendido, gera uma satisfação momentânea e logo em seguida a busca por novos desejos. E quando não atendido, gera apenas frustração. A solução para evitar o sofrimento seria simplesmente eliminar o desejo... Mas calma aí. Como assim? Então devemos evitar nos dedicar a novos objetivos (desejos) com o objetivo de evitar frustração, ou pra escapar dessa dinâmica incessante da vida!?... Não me parece convincente. Ou então não entendi alguma parte da história. E se, em vez disso, aprendêssemos a lidar com a possibilidade da frustração e com o desafio de nos renovar sempre em novos projetos?

Envolto nessa e em outras questões, a noite transcorreu bem e o dia seguinte amanheceu novamente envolto em densa neblina, impossibilitando ver o nascer do sol, que daquele local deve ser extraordinário. Frustração. Mas e daí? Tudo bem, não teve nascer do sol, toca o baile, ‘vou dormir mais um pouquinho e depois vejo o que faço’...

Um pouco mais tarde, por volta das sete horas, até abriu um pouco e deu pra curtir o visual das nuvens com o sol subindo rápido por cima do horizonte. Muito bacana!





























































Às nove horas iniciei a descida. Meio dia e meia estava de volta em casa, com a sensação de estar vindo de outro planeta, a anos-luz de distância.

Bom demais!








"Muito ao contrário do que se pensa, é difícil ficar sozinho,
como é difícil permanecer em silêncio.
 A presença humana tem muitos encantos - 
principalmente quando amamos - 
mas há um momento em que é preciso 
experimentar a aventura de estar só.
É quando se percebe que o mundo teima em nos acompanhar -
com suas vozes, seus hábitos, suas banalidades e teimosias.
Estar sozinho e ficar silencioso -
isso é mais fácil por fora do que por dentro.
A luz que nos guia nessa viagem
é um interesse sempre renovado e uma atenção sempre desperta."

(Luiz Carlos Lisboa, em "Nova Era")







Gratidão!





Força Sempre!







quarta-feira, 18 de abril de 2018

Prova de Mountain Bike "Milk Race Festival", Colônia Witmarsum, Palmeira-PR, 15 Abr 2018



(Crédito da foto: equipe "Foto 7")





62 km / 940 m de altimetria / 3 h e 04 min





Estava bem motivado pra participar dessa prova em virtude de ser em uma região bem bucólica e de destacada beleza, abrangendo a região geográfica do planalto paranaense, em torno da Colônia Witmarsum – um local de colonização alemã-russa, marcado pela vocação agropecuária e turística rural.

O dia, no entanto, amanheceu no modelo padrão do tempo predominante por essas bandas: céu cinzento, friozinho e com previsão de chuva. Era o que tinha...

Havia muita gente inscrita na prova, o que, se por um lado dá um ânimo bom de festa e de euforia, por outro deixa as coisas meio tumultuadas.























Dada a largada, houve aquela debandada de ciclistas estrada afora. Pessoal meio nervoso com ultrapassagens e ritmo de prova.

Estive pensando, enquanto pedalava, nessa questão da competitividade. Percebi que o clima dos participantes era de grande ansiedade e preocupação com resultado/ classificação final. E mais uma vez tive certeza que essa não é a minha pegada. O que curto mesmo é o passeio – o visual, a paisagem, passar por lugares inéditos - , bem como o desafio de ter um bom rendimento físico e emocional (individual), de lidar bem com as adversidades do caminho, e de me divertir com tudo isso. Pouco me importa se vou chegar antes ou depois de um ou outro competidor, seja da minha faixa etária ou não. Até entendo que essa abordagem pode servir como um fator motivador para alguns, para buscar uma melhor performance, ou simplesmente até como pura diversão, mas não é o que me atrai. Como diz aquele ditado: cada um com seu cada um.






(Crédito da foto: equipe "Foto 7")





No último trecho da prova pegamos um bom pedaço de forte vento contra, o que, aliado ao terreno acidentado, às vezes em aclive, e ao cansaço já acumulado, tornou a brincadeira bem dura.

No final deu tudo certo... rsrsrs. Cheguei muito satisfeito por mais um “passeio” num ritmo um pouquinho mais forte do que o normal, tendo ainda curtido bonitas paisagens, sofrido um pouquinho (rsrsrs...) e me divertido com minha bicicletinha.

Bom demais por hoje!







(Crédito da foto: equipe "Foto 7")

















Os dados da brincadeira








Gratidão





Força Sempre










Viagem de moto a Bom Jardim da Serra-SC, 10 e 11 Abr 2018







Subindo a Serra do Rio do Rastro, e
descendo a Serra do Corvo Branco

Curitiba - Bom Jardim da Serra - Curitiba
1130 km
BMW R 1200 GS
dois dias, solo




Montei essa rápida viagem com a intenção principal de apenas dar uma volta um pouco maior de moto. Estava realmente sedento por aquela velha sensação de montar na moto de manhã e rodar até o fim do dia.

O “problema” de planejar uma viagenzinha como essa é a possibilidade de opções e ideias do que fazer e aonde ir. Pra resolver essa instigante equação, fechei o foco num roteiro enxuto, rápido e com dois belos atrativos geográficos e visuais: a famosa Serra do Rio do Rastro e a emblemática Serra do Corvo Branco, ambas em Santa Catarina.













Saí de Curitiba no começo da manhã, num belo dia de sol e céu azul, fenômeno raro por essas bandas. O tempo seco e aberto predominaria por todo o trajeto, nos dois dias da viagem, o que é sempre muito animador.












O trajeto pela BR 101 em direção ao sul não tem novidades ou dificuldades. É preciso apenas ficar com um olho na estrada e o outro nos malditos radares que infestam todos os cantos, à espreita de um deslize no controle da velocidade.

No meio da tarde cheguei à cidade de Lauro Muller, na base da Serra do Rio do Rastro. É impressionante a sensação de leveza que a mudança do ambiente em torno causa. Subir a serra é como entrar numa zona de tranquilidade, onde o tempo e o visual parecem fazer parte de um outro mundo.

























































Apreciei o belo fim de tarde no mirante no alto da serra como quem assiste a um espetáculo, e de forma muito especial, já que havia bem pouca gente em volta, por ser um dia de semana normal.






























Centro de visitantes, junto ao mirante no alto da serra
































Após os últimos raios de luz do crepúsculo, segui em direção à cidadezinha de Bom Jardim da Serra, onde me instalei numa simpática pousada que já conhecia de outra ocasião, a “Vila dos Ventos”, um conceito diferenciado de hospedagem montado em contêineres, cada um sendo uma suíte equipada e decorada com muito bom gosto e capricho.

Pouco depois saí pra jantar no centro da cidade, e, na sequência, retornei ao aconchego da hospedaria, para uma tranquila e silenciosa noite de sono.

Na manhã seguinte, no café da manhã, o proprietário da pousada, Sr Gérard, muito atencioso e solícito, puxou conversa, e acabamos engatando quase uma hora de bate papo, em que ele me contou que, antes de montar a pousada, trabalhou várias décadas com cultivo de maçã, cultura típica da região. Contou-me das dificuldades e desilusões com o formato desse difícil negócio para o agricultor, desde as eventuais perdas com as frequentes geadas no inverno, passando pela baixa valorização do preço pago ao agricultor, até os “esquemas” montados pelos grandes mercados e atravessadores para lucrar mais com o produto, em detrimento do produtor, que sempre fica com a parte menor do valor cobrado do consumidor final. Conversamos também sobre política, a respeito do que comentou sobre sua desesperança com os rumos desse tema no nosso país, citando, como exemplo, histórias ocorridas na pequena Bom Jardim – “se aqui é assim, imagina por esse país a fora...!”, me disse. E é verdade. Carecemos mesmo é de uma “revolução” cultural e de valores, muito mais do que apenas caça e punição à corrupção (que também é imprescindível, logicamente).







A simpática pousada "Vila dos Ventos", em Bom Jardim da Serra






Com a manhã já avançando rápido, despedi-me do meu simpático anfitrião, desejando-lhe boa sorte nos negócios com a pousada, e peguei a estrada de volta ao mirante da serra, pra visitar o Cânion da Ronda, ali perto.


































Feito o pequeno e bonito passeio nesse outro lado da serra, retornei à estrada em direção à igualmente simpática Urubici, um pouco mais ao norte. Esse trecho de estrada, que em outras ocasiões já fiz de bicicleta (sozinho e em grupo), é um deleite para os olhos e para a alma. Belas montanhas, belas curvas, casinhas bucólicas ladeando a estrada e, pra completar, pouco movimento e aquele sol bonito iluminando um enorme céu azul. Condições realmente muito inspiradoras!








Banquinha de produtos regionais, próximo de Bom Jardim,
e o bom e velho pinhão cozido.

























No caminho fiz um curto desvio pra visitar a cachoeira do Avencal, bela queda d’água que compõe um cenário cinematográfico com a geografia e a vegetação ao redor.
































Cheguei em Urubici já era quase meio dia. Fiz uma rápida parada numa padaria local, onde fiz um lanche leve, e segui destino à Serra do Corvo Branco. Essa estrada tem aspecto ainda mais dramático do que a do Rio do Rastro, por ser de terra e pedra (não pavimentada) e pelos acentuados cortes (naturais e artificiais) das rochas e morros em volta. É um visual realmente espetacular, ainda que não mais inédito para mim, já que também já estive por lá em outras viagens (de carro e também de bicicleta).
































Desci então a sinuosa e acidentada estrada de volta à normalidade da planície, apreciando, no caminho, o imenso conjunto da serra catarinense que se estende, naquele ponto, de sul a norte, visível ao alcance dos olhos até o longínquo horizonte.






















Fui desembocar na cidade de Tubarão, de volta à BR 101, já no meio da tarde. Virei então para o norte e tentei me readaptar ao ritmo acelerado da movimentada estrada, seguindo de volta a Curitiba.

A partir de Florianópolis o fluxo de veículos cresce abruptamente, e segue assim até a capital paranaense. É incrível a quantidade de caminhões nessa estrada! Em determinado trecho, na altura da serra pouco depois de Joinville, já de noite, enfrentei um longo engarrafamento aparentemente sem motivo específico algum, apenas devido ao excesso de caminhões na estrada. Meio tenso pilotar nessas condições. Quando vejo esse tipo de situação, fico pensando na falta que faz uma malha ferroviária no país, que poderia muito bem absorver grande parte dessa demanda de transporte que entope nossas estradas até o talo, em praticamente todo o país.

Por volta das 21 horas estava de volta em casa, muito satisfeito com o pequeno passeio, que, como de costume, parecia ter sido maior do que efetivamente foi. Viajar tem essa capacidade admirável de mudar nossa percepção da passagem do tempo, fazendo parecer que a vida como um todo fica mais intensa e significativa do que aparenta quando estamos metidos na rotina do dia-a-dia.

Valeu!

Bom demais!





Assista no link abaixo a um pequeno vídeo da viagem:










Obs:

  • Todas as fotos: arquivo pessoal.
  • Câmeras utilizadas: Nikon Coolpix AW 130 e DJI Mavic.








"Deixamos de fazer certas coisas não porque são difíceis,
antes parecem-nos difíceis porque não nos dispomos a fazê-las."

(Sêneca)







Gratidão




Força Sempre