Ah, essa sensação de liberdade!
Viagenzinha de moto ao Forte Marechal Luz, em São Francisco do Sul, indo em um dia e voltando no outro, pernoitando em barraca no camping local.
Fiz duas belas caminhadas, uma ao cair da tarde e começo da noite do primeiro dia, e a outra na manhã do dia seguinte. Atividades simples, mas muito revigorantes.
Ultimamente tenho buscado dar um pouco de atenção às sutilezas do caminhar, tentando entender e entrar na sintonia desse movimento ancestral. Sim, tenho uma história antiga e muito salutar com a corrida, e à primeira vista podemos ter a tendência de confundir essas duas vertentes, mas o fato é que são coisas diferentes, não excludentes, cada uma com suas riquezas e nuances.
Caminhar nos coloca num ritmo diferente. A velocidade do movimento nos obriga a desacelerar a inerente ansiedade do ambiente urbano, ao mesmo tempo que nos permite e convida a observar com mais atenção os detalhes em volta.
Além do mais, tenho buscado observar cada vez mais o estado mental que permeia essas situações (não só na corrida, como também pedalando e em outras atividades semelhantes). Tentando, aos poucos, sintonizar um estado próximo da meditação ativa e natural. Apenas sair um pouco desse padrão de estar o tempo todo pensando e analisando e se preocupando com o passado e com o futuro e com tudo mais. É lógico que o ambiente em volta ajuda muito nessa intenção.
Ficar em silêncio (tanto de falar, quanto de barulhos diversos no entorno) também é, em si, um exercício que me é extremamente salutar e revigorante. Quase uma necessidade, diria.
Enfim, bom demais!
Aproveitei também pra fazer um teste de estrada um pouco mais longo - 390 km ida e volta (bem como o teste do sistema de bagagem) com meu novo equipamento motociclístico - a Triumph Tiger 900 Rally Pro (sobre a qual falo um pouco, mais abaixo).
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Não estava lá muito inspirado pra fotografar nessa viagem, tanto que nem levei a câmera principal. Interessante como a intenção de fotografar, assim como o ato em si, exige certa predisposição, certa conexão com a ideia. Estava a fim mesmo é de curtir o momento e de não me engajar no compromisso de buscar imagens e compor um relato da vivência. As fotos que fiz foram totalmente espontâneas, quase como se a imagem me pedisse pra fazer a foto. No final das contas me arrependi de não ter levado a câmera melhor e de não ter dado um pouco mais de atenção à brincadeira. Nós somos assim: sempre em dívida e em conflito com nossas próprias inclinações e objetivos [risos]. Impossível fazer tudo, da melhor forma, o tempo todo.
Aliás, essa questão de fotografar e registrar com a ideia de relatar depois tem sim um peso e uma obrigação que tem o seu preço (como tudo na vida). Outro dia estava acompanhando e observando o perfil de duas pessoas do mundo outdoor que aprecio, cada uma a seu modo. Uma delas dizia que estava iniciando um grande projeto de trekking sem preocupação com produção de imagens ou de fazer disso um produto. A outra, ao contrário, tem se dedicado exatamente e explicitamente ao oposto: criar e realizar projetos de viagens que se tornarão produtos mais tarde. Sim, tudo é válido e tudo vale a pena se a alma não é pequena, já dizia o poeta, mas cada um desses modelos tem seus prós e contras, é inegável.
Na verdade esse negócio de "criação de conteúdo" se tornou uma mania desses nossos tempos modernos, fomentada pela facilidade de compartilhamento e de acesso pelas redes sociais e diversas plataformas por aí. Guardadas as proporções, até mesmo este despretensioso blog entra nesse pacote. Fazer pra curtir pra si mesmo ou fazer pra divulgar, compartilhar, mostrar ou até mesmo vender? Acho que, com muito boa vontade e jeito, é possível conciliar as duas coisas, mas é preciso ficar atento para que as prioridades e o real motivo da ação não se percam ou se invertam.
Esse é um ótimo tema pra reflexão e pra conversa, além de muito atual e impactante no nossa maneira de nos relacionarmos com o que fazemos e com o que "consumimos" em termos de imagens e histórias.
Penso que a intenção conta muito. Em qualquer situação. Acho que se a intenção for boa, autêntica e genuína, fazendo o que for, já é um bom caminho para um bom resultado.
Na verdade, talvez a melhor produção criativa seja essa que salta aos olhos e que nos conclama à produção. No fundo, no fundo, como deveríamos saber, o verdadeiro artista e criador não é o sujeito e o "dono" da sua criação, mas apenas o meio pra ela se expressar.
E você, o que acha disso?
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Sobre a troca da Ducati pela Triumph...
Há algum tempo vinha pesquisando e pensando em trocar a espetacular Ducati Multistrada 1200 Enduro (ano 2017) por uma moto um pouco menor e mais leve, mas percebi que havia entrado numa certa enrascada, no sentido de estar experimentando o que pode ser considerado meio que um ápice no mundo motociclístico das chamadas Big Trails. Como sair da arrebatadora Multistrada 1200 Enduro e encontrar prazer em outra moto qualquer?
Pode parecer exagero falar assim, mas não é. Em termos de desempenho, estética, acabamento, projeto e "requisitos operacionais desejáveis", a Multi é um show em si mesma.
Mas em termos práticos, para o meu uso e perfil pessoal, tinha que reconhecer que estava um pouco além do que precisava e, na verdade, queria. Fiz então um anúncio em um desses sites de venda, e deixei lá. E lá ficou por meses, com um ou outro interessado entrando em contato de vez em quando, mas nada consistente. Até que um cara se mostrou realmente interessado e me colocou em cheque, e há cerca de um mês me obrigou a tomar a dura decisão [risos].
É até engraçado, mas até a véspera do dia combinado para o cara vir fechar negócio e buscar a moto, estava meio que torcendo para que ele desistisse... Cheguei a não responder algumas de suas mensagens, na esperança de que ele mudasse de ideia... Mas, no final, acabei assumindo os riscos das minhas pesquisas, reflexões e opinião pessoal e fechei o negócio.
Foram 11 meses e 6.570 km muito bem rodados. Valeu demais, dona Ducati!!
É lógico que já vinha também há tempos pesquisando que moto se encaixaria melhor às minhas pretensões motociclísticas (e orçamento, logicamente). Pesquisa um tanto cruel e nada fácil [risos]. No final das contas, fiquei entre três opções: a icônica Honda Africa Twin CRF 1000L, a imponente BMW 850 GS Adventure e a novata e bela Triumph Tiger 900. Cheguei também a pensar em adquirir uma motinha mais simples, mais antiga, mais barata (tipo uma 800 GS de cinco ou seis anos atrás ou mesmo uma Africa mais antiga), pra usar sem dó e sem receio.
(E sim, também pensei na velha e boa 1200/ 1250 GS. Modelo que não tem como não gostar e que serve muito bem a todos os requisitos, além de ser uma delícia de pilotar (apesar de não ter nem de longe a força da patada da Multistrada quando gira-se o acelerador a 170 km/h e sente-se a moto dando aquela arrancada maravilhosa). No entanto, além da questão orçamentária, avaliei que seria salutar experimentar novos ares).
Assim, depois de infinitas pesquisas e ponderações, há três semanas acabei decidindo mesmo pela recém lançada Tiger 900 Rally Pro (nesse caso, zero km), que, no final das contas (descontada a grande diferença de concepção e performance de motor) pode-se dizer que é uma espécie de "mini Multistrada 1200 Enduro".
E olha, ainda é cedo para uma avaliação mais consistente, mas após pouco mais de 1.000 km rodados com ela, posso dizer com tranquilidade que foi uma transição e uma escolha muito bem feitas. Muito satisfeito com a motinha!
Acho que esse é um daqueles típicos casos em que menos é mais. Menor tamanho, menor desempenho de velocidade final, menor cavalaria, porém melhor relação custo-benefício, melhor versatilidade, melhor dirigibilidade em situações adversas do fora de estrada, etc.
Estive pensando na comparação entre a Multistrada e a Tiger 900, e me ocorreu que, pra usar uma metáfora automobilística, a Enduro se equivaleria, no mundo dos carros esportivos, a um Chevrolet Camaro, enquanto que a Tiger seria como um Golf GTI [risos]. É lógico que não tem o "sex appeal" do musculoso e vistoso Camaro, mas em compensação continua tendo muita eficiência, prazer ao dirigir e ainda tem, de quebra, a desejável discrição e, supõe-se, maior simplicidade e menor custo de manutenção (muito embora nunca tenha dirigido nenhum dos dois carros...).
Resta ver, agora, como a promissora Tiger 900 vai se comportar em termos de resistência, durabilidade e confiabilidade mecânica.
Vamo que vamo!
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Extras:
1) Caminhada solo na região de Morretes, na estrada ao lado do Rio Nhundiaquara, 8 Abr 21:
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2) Remada solo na Represa Passaúna, 21 Abr 21:
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(Nietzsche)
Gratidão
Força Sempre
Show de imagens. Fico aqui pensando se estive com a câmera principal...rsrsrsrs
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