Tiger 900 Rally Pro

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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Remada em caiaque oceânico de Paranaguá a Guaraqueçaba e região, 15 a 17 de Outubro de 2025

 




Remada na região de Guaraqueçaba

78 km, 3 dias

em parceria com Alexandre Manzan e Newton Adriano Weber



Na semana de 13 a 19 de Outubro recebemos no Recanto Walden a ilustre visita do amigo Alexandre Manzan, de Brasília. Dentro da proposta do encontro, aproveitamos pra colocar em prática um antigo convite de dar uma remada na região de Guaraqueçaba, litoral do Paraná, utilizando a estrutura de equipamentos montada pelo amigo Newton no local.

Na quarta-feria, dia 15, acordamos cedo e descemos, de carro, pra Paranaguá, onde nos encontramos com o Newton, que nos esperava já com os caiaques (dois Kayapós e um Inuk) e demais equipamentos náuticos prontos para a empreitada. A ideia era fazer a pernada de Paranaguá a Guaraqueçaba nesse dia, e nos dois dias seguintes dar uma explorada lá pela região. 

Às 10:50 da manhã demos as primeiras remadas pelo Rio Itiberê, saindo de Paranaguá. Um pouco tarde, já que tínhamos um percurso um tanto longo a cumprir até nosso destino pretendido para aquele dia, mas dentro do previsto, considerando que a arrumação inicial para essas jornadas sempre demanda algum trabalho e tempo. 

Afortunadamente estava um lindo dia de sol, céu azul e temperatura amena, condições realmente raras de se conseguir nessa região, em particular nas últimas semanas. 

Logo encaixamos um bom ritmo de remada, passando pelo porto e logo em seguida pela entrada da Baía de Paranaguá. Pegamos condições variadas de vento e maré, ora a favor, ora contra. Em alguns trechos enfrentamos um vento de través que deixou o mar bem mexido, exigindo um pouquinho de habilidade e sangue frio na tocada dos barquinhos. 

Ao longo do dia fizemos duas paradas pra descanso e alimentação, de cerca de 30 minutos cada. No final da tarde avistamos as luzes de Guaraqueçaba, e fomos chegando devagarinho à terra firme, curtindo aquela sensação meio inebriante de cansaço físico pós uma jornada de algumas horas naquele movimento rítmico e repetitivo de remar. 

Aceitamos o convite para ficarmos hospedados na casa do Newton, que mora lá há já alguns anos. Mais tarde saímos pra jantar uma comidinha caseira e logo retornamos à base para uma boa noite de sono. 

No segundo dia saímos por volta das 09:30h. Definimos como destino o vilarejo de Tagaçaba, que fica às margens do rio de mesmo nome, no interior da região. O percurso, adentrando à baía ao redor de Guaraqueçaba, nos proporcionou belos visuais e sensações. Com as montanhas da Serra do Ibitiraquire emoldurando o horizonte, fomos contemplando manguezais intocados, um ou outro pescador no exercício de seu ofício nas belas canoas caiçaras, eventualmente uma revoada de guarás (aqueles pássaros de cor vermelho alaranjado, típico da região), a brisa suave no rosto e o balançar das águas embalando nossos pequenos barcos, tal qual uma dança suave com a natureza.

Chegamos em Tagaçaba pouco antes das 14 horas. Almoçamos um delicioso peixe assado na folha da bananeira no Restaurante do Marinho, lugar simples e aconchegante, à margem do rio. 

O Newton nos ofereceu hospedagem na casa desocupada de um amigo dele no local. Situada também à margem do rio, um pouco a jusante do vilarejo, revelou-se perfeita para o descanso do dia. Reservamos o restante da tarde para relaxar, bater papo, contar histórias e deixar o mundo girar. 

À noite ainda achamos uma casa na vizinhança que servia pizzas, e assim fechamos o dia, com muita conversa e histórias a respeito dos tempos passados do triathlon e do ciclismo, tema comum na história de vida do Manzan e do Newton. 

No terceiro e último dia do nosso passeio, saímos de Tagaçaba no meio da manhã, rumando de volta a Guaraqueçaba. Nessa pernada pegamos a maré enchendo, contrária à nossa direção, mas as demais condições de vento e temperatura seguiam favoráveis, de tal forma que foi também um percurso bem agradável. 

Na saída de Tagaçaba fomos acompanhados por alguns quilômetros por uns três ou quatro cachorros que se achegaram a nós na tarde anterior. Ora seguindo pela margem, ora por dentro d'água, protagonizaram uma cena que nos emocionou e sensibilizou, como se não quisessem que partíssemos. 

Remando sem pressa, chegamos de volta a Guaraqueçaba no começo da tarde, encerrando nossa investida nas águas da região. No dia seguinte embarcamos no barco de linha às 7:15 da manhã, retornando a Paranaguá em apenas 50 minutos de navegação, impulsionados por dois potentes motores de popa da embarcação. 

No final das contas ficam mais do que belas paisagens, a experiência de mais uma remada a bordo desses barquinhos fantásticos e histórias pra lembrar (e contar). Fica também a memória da parceria saudável entre três amigos, muita história contada, muitos conceitos discutidos (rsrs!), e a certeza de que essas saídas do cotidiano valem demais a pena, ainda que geralmente a gente não consiga transmitir essa sensação à altura do que efetivamente assimilamos. 

Estive pensando, no decorrer desses dias, nessa nossa noção de espaço e tempo, e como essa noção é influenciada pelo ambiente em que vivemos. De alguma forma parece que a navegação no caiaque nos possibilita relaxar um pouco a percepção desses dois conceitos. O espaço ao redor se torna, de repente, bem amplo, e as referências físicas se alteram bruscamente, bem como a velocidade com que a paisagem muda (bem lentamente). O tempo também muda de aspecto. Parece que se dilata e se desprende da constante pressa dos ponteiros do relógio. Meia hora ou uma hora parece muito mais do que apenas 30 ou 60 minutos. Tudo isso é apenas uma pequena janela de desprendimento dos parâmetros que regularmente nos perseguem no ambiente de todo dia, mas servem como uma boa lembrança de como a percepção do mundo muda quando os "pontos de apoio" ao redor mudam. E isso é um dos pontos de valor de dar uma saída do nosso quintal de vez em quando.

Deixo aqui meu muito obrigado ao amigo Newton, pelo atendimento imediato e de extrema boa vontade à proposta da remada, por ter nos proporcionado toda a logística de material, hospedagem e como guia da região, e pelas conversas divertidas e sempre bem informadas do cenário esportivo. 

Meu muito obrigado também ao amigo Manzan pela visita, pela parceria na empreitada e pelas histórias e experiência de vida compartilhadas. 

Valeu demais!

Vamos juntos?




1º dia, 15 Out, quarta-feira:
Paranaguá a Guaraqueçaba

Distância: 38,09 km
Tempo de movimentação: 6h 31min
Tempo decorrido: 7h 32min






































Primeira parada pra descanso do dia






















A beleza das embarcações caiçaras da região


























Canoa caiçara

















Segunda parada pra descanso do dia








































Chegando a Guaraqueçaba






2º dia, 16 Out, quinta-feira:
Guaraqueçaba a Tagaçaba

Distância: 20,54 km
Tempo de movimentação: 3h 02min
Tempo decorrido: 5h 43min






https://www.strava.com/activities/16162781439























































A casa em que ficamos hospedados nesse dia






3º dia, 17 Out, sexta-feira:
Tagaçaba a Guaraqueçaba

Distância: 19,56 km
Tempo de movimentação: 3h 44min
Tempo decorrido: 4h 46min




https://www.strava.com/activities/16172459938
















































































Chegada!






Vista do alto do morro do Quitumbê, em Guaraqueçaba








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Caminhada ao Morro do Canal


No dia 19, domingo, o Manzan e eu fizemos uma caminhada em trilha (na verdade quase uma "escalaminhada") ao topo do Morro do Canal, nas imediações do Recanto Walden (Piraquara-PR), de onde saímos. Bom exercício pra dar uma aquecida nas pernas, abrir um pouco os pulmões e pra curtir o visual lá de cima. Bom demais!



Distância percorrida: 6,48 km
Tempo de movimentação: 1h 52min
Ganho de elevação: 459m
































































***   ***   ***










Recentemente o Manzan lançou o seu primeiro livro, "Sonho, suor e alguns ossos quebrados", em que relata algumas de suas diversas histórias de viagens, expedições e competições esportivas no Circuito Mundial de Triathlon, em que atuou vários anos como profissional. 

Vale demais a leitura!

O livro pode ser adquirido através do seu instagram: @alexandremanzan






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"E assim foram cruzando o mar sereno

com vento sempre manso, e nunca irado."

(Camões, Os Lusíadas)





Gratidão



Força Sempre